quinta-feira, 26 de outubro de 2023

A mãe de todos os conflitos



Na Palestina, depois da Primeira Guerra e do mandato britânico em 1922, O conflito entre nacionalistas palestinos e vários tipos de pan-arabistas continuou. Os britânicos nomearam para Mufti de Jerusalém o nacionalista palestino Mohammad Amin al-Husayni. E nomearam outro líder: o xeique Izz ad-Din al-Qassam. Mas este foi assassinado em 1935 pelos britânicos. E foi a partir daqui e até 1939 que se inicou a revolta árabe na Palestina. Desencadeou-se uma greve geral em Jaffa e as instalações britânicas e judaicas em Nablus foram atacadas. O Comité Superior Árabe exigia o fim da imigração judaica e a proibição da venda de terras aos judeus.

No final de 1936, o movimento tornou-se uma revolta nacional, e a resistência cresceu durante 1937 e 1938. Em resposta, os britânicos declararam lei marcial, dissolveram o Alto Comitê Árabe e prenderam funcionários do Conselho Supremo Muçulmano que estavam por trás da revolta. Em 1939, 5.000 árabes foram mortos nas tentativas britânicas de reprimir a revolta; mais de 15 mil ficaram feridos.

A Assembleia Geral das Nações Unidas, no Plano de Partilha de 1947, aprovou, por dois terços, o mapa das áreas atribuídas a um Estado Judeu, e a área atribuída a um Estado Palestino. E ainda definiu o “Corpus Separatum” – Jerusalém, sob a alçada de um governo internacional que acolhia um condomínio muçulmano+judeu+cristão.

Infelizmente a resolução não vingou, os árabes palestinos rejeitaram o plano e atacaram áreas civis judaicas e alvos paramilitares. Após a Declaração de Independência de Israel, em maio de 1948, Líbano, Egito, Síria, Iraque e Transjordânia vieram em auxílio dos Árabes Palestinos contra o recém-fundado Estado de Israel. Os Árabes sofreram uma forte derrota, catástrofe para os palestinianos que ainda hoje se referem a ele com o termo: Nakba. Abd al-Qadir al-Husayni [1907-abril 1948], que era o líder do Jaysh al-Jihād al-Muqaddas (Exército da Guerra Santa), provavelmente foi morto em combate.

Israel assumiu o controlo de grande parte do território que teria sido alocado ao Estado Árabe se os Árabes tivessem aceitado o plano de partilha da ONU. Juntamente com uma derrota militar, centenas de milhares de palestinos fugiram ou foram expulsos do que se tornou o Estado de Israel. Israel não permitiu que os refugiados palestinos da guerra retornassem a Israel.


Após a guerra, houve um hiato na atividade política palestina. Mais de 400 cidades e aldeias foram despovoadas, e criaram-se centenas de milhares de refugiados. Foram arrasadas 418 aldeias, 46.367 edifícios, 123 escolas, 1.233 mesquitas, 8 igrejas e 68 santuários sagrados, pelas forças israelitas. Muitos com uma longa história, os palestinos perderam muitos hectares de terra, cerca de 150.000 casas urbanas e rurais e 23.000 estruturas comerciais, como lojas e escritórios.

As partes da Palestina Britânica que não se tornaram parte do recém-declarado Estado de Israel, foram ocupadas pelo Egito ou anexadas pela Jordânia. E os palestinos ficaram perdidos por aqueles países à volta de Israel, e naturalmente Israel. Na Conferência de Jericó em 1 de dezembro de 1948, 2.000 delegados palestinos apoiaram uma resolução pedindo "a unificação da Palestina e da Transjordânia como um passo em direção à plena unidade árabe".

Nos anos 1960 formou-se um novo movimento, uma nova geração de palestinos nacionalistas, sobretudo estudantes formados em universidades do Cairo, Beirute e Damasco. Quando se dá a Guerra dos Seis Dias, os palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza vivem sob ocupação militar. Entretanto, havia sido formada no cairo, em 1964, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que incluía a Fatah e a Frente Popular para a Libertação da Palestina.

Em 1974, a OLP foi reconhecida como a única representante legítima do povo palestino pelos Estados Árabes e recebeu o estatuto de observador como movimento de libertação nacional pelas Nações Unidas no mesmo ano. Israel rejeitou a resolução, chamando-a de "vergonhosa".

Entre 1987 e 1993 estabeleceu-se a primeira revolta popular contra a ocupação de Israel. Após a Guerra do Golfo de 1991, as autoridades do Kuwait pressionaram à força quase 200.000 palestinos a deixar o Kuwait pelo facto de a OLP (Yasser Arafat) estado do lado de Sadam Hussein. E seguiu-se, pouco depois, o Acordo de Oslo. Terminado o prazo do acordo (a retirada da Faixa de Gaza em 1999), e Israel não ter cumprido o acordo, emerge em 2000 a Segunda Intifada. O Tribunal Internacional de Justiça observou que, desde que o governo de Israel decidiu reconhecer a OLP como representante do povo palestino, a sua existência deixou de ser um problema. O tribunal observou que o Acordo Provisório israelo-palestiniano sobre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, de 28 de setembro de 1995, também se referiu várias vezes ao povo palestiniano e aos seus direitos legítimos: Estado independente soberano, direito de autodeterminação do povo palestino, um direito inalienável de determinar livremente o seu estatuto político. E, enquanto tal, Israel estava obrigado a reconhecer os palestinos como um povo separado, e respeitar esse direito em conformidade com a Carta das Nações Unidas.

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