quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Theodor Herzl





Theodor Herzl [1860-1904] – um jornalista e crítico literário austro-húngaro de Viena, de família judaica, advogado formado na Universidade de Viena – foi um dos fundadores do sionismo político.

Os pogroms russos de 1881 haviam-no chocado profundamente. Quando, em 1895, Viena elegeu o agitador antissemita Karl Lueger como presidente de Viena, Herzl escreveu: “O estado de espírito entre os judeus é de desespero”. Nesse mesmo ano, ele esteve em Paris cobrindo o Caso Dreyfus, no qual um judeu oficial do exército, inocente, foi enquadrado como espião alemão. Herzl pôde ver turbas parisienses uivando "Mort aux Juifs" no país que havia emancipado os judeus. Isso serviu para reforçar a sua convicção de que a assimilação não só tinha fracassado como também estava provocando mais antissemitismo. Chegou a prenunciar que um dia o antissemitismo seria legalizado na Alemanha.

Herzl concluiu que os judeus jamais estariam a salvo sem a sua própria pátria. A princípio, esse sujeito metade pragmático, metade utópico sonhava com uma república aristocrática germânica, uma Veneza judia regida por um senado, com um Rothschild como doge principesco e ele próprio como chanceler. Era uma visão secular: seus modernos cidadãos judeus jogariam críquete numa Jerusalém moderna. Os Rothschild, inicialmente céticos em relação a qualquer Estado Judaico, rejeitaram as tentativas de aproximação de Herzl, mas essas primeiras notas logo amadureceram para se transformar em algo mais prático. “A Palestina é o nosso histórico e sempre memorável lar”, proclamava ele em "O Estado Judaico", em fevereiro de 1896.

Não havia nada de novo quanto ao sionismo — até mesmo a palavra já fora cunhada em 1890 —, mas Herzl deu organização e expressão política a um sentimento muito antigo. Os judeus encaravam sua própria existência pautados na relação com Jerusalém desde o rei David e, em particular, desde o Exílio Babilónico. Os judeus oravam em direção a Jerusalém, iam para lá em peregrinação, queriam ser ali enterrados e, sempre que possível, rezavam em volta dos muros à volta do Monte do Templo.

Os pioneiros sionistas foram rabinos ortodoxos que viam o Retorno à luz da expectativa messiânica. Em 1836, um rabino asquenaze da Prússia, Zvi Hirsch Kalischer, havia abordado um Rothschild e os Montefiore para fundar uma nação judaica. Mais tarde, Kalischer escreveu o livro 'Buscando Sião'. Em 1862, Moses Hess, um camarada de Karl Marx, prenunciou que o nacionalismo levaria a um antissemitismo racial. Em seu livro 'Roma e Jerusalém': "a última questão nacional propunha uma sociedade judaica socialista na Palestina". Todavia, os pogroms russos foram o fator decisivo.

Leo Pinsker, médico de Odessa, em seu livro 'Autoemancipação', inspirou um novo movimento de judeus russos — “Os amantes de Sião” — a desenvolver assentamentos agrícolas na Palestina. Numa altura em que Chaim Weizmann ainda era um jovem crente, os Rothschild, na pessoa do barão francês Edmond, começaram a financiar vilas agrícolas para imigrantes russos. Edmond ainda tentou comprar o Muro das Lamentações, em 1887. Inicialmente, o mufti Mustafa al-Husseini tinha dado a entender a sua concordância. Quando Edmond Rothschild tentou ultimar o negócio em 1897, o xeque Husseini al-Haram bloqueou a iniciativa.

Em 1883, 25 mil judeus começaram a chegar à Palestina, a Aliyah, na primeira leva de imigração. A maioria (mas não todos) vinha da Rússia. Jerusalém já tinha atraído iranianos nos anos 1870. E iemenitas na década de 1880. Era para todos os efeitos uma convivência comunitária. Mas os judeus oriundos de Bucara estabeleceram o seu próprio bairro com grandiosas mansões — em geral neogóticas e neorrenascentistas ou às vezes mouriscas — projetadas para se assemelharem àquelas das cidades da Ásia Central. Em agosto de 1897, Theodor Herzl presidiu o primeiro Congresso Sionista em Basileia. A fotografia tirada nessa altura à varanda do hotel serviu para o selo do centenário do seu nascimento comemorado em Israel.

Herzl acreditava em um sionismo não construído de baixo para cima por colonizadores, mas concedido por imperadores e financiado por plutocratas. Os primeiros Congressos Sionistas idealizados e desenhados por Francis Montefiore, foram financiados pelos Rothschild. No entanto, Herzl precisava de uma figura política de alta envergadura com poder de influência junto do sultão. Então tentou seduzir o Kaiser alemão Guilherme II com a ideia de um Estado judeu à semelhança do alemão, incluindo o alemão como língua oficial. Essa ideia afigurava-se oportuna tanto mais que Guilherme II há algum tempo que estava a planear uma viagem pelo Médio Oriente e encontrar-se com o sultão. A ambição de Guilherme II era oferecer ajuda alemã ao Império Otomano com o fito de neutralizar a influência que existia por parte de Inglaterra. 

Mas em 3 de julho de 1904, após uma pneumonia e subsequentes complicações cardíacas, Herzl morre na Áustria. Apesar de o seu túmulo estar preservado em Viena, após a fundação do Estado de Israel os restos mortais foram trasladados e estão no memorial no Monte Herzl, em Jerusalém, local onde também estão sepultados apenas os grandes líderes do sionismo e de Israel. Na entrada do Monte Herzl existe um museu dedicado à vida e realizações de Theodor Herzl.

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