quarta-feira, 11 de outubro de 2023

O Monte do Templo, ou Esplanada das Mesquitas




O Monte do Templo, ou Esplanada das Mesquitas, é um lugar sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos. Aqui se encontram a Mesquita de Al-Aqsa, também conhecida por Al-Haram al-Sharif; e o Domo da Rocha. Localizada no setor palestiniano da Cidade Velha de Jerusalém, cobre 14 hectares com vista para a cidade. 




É sagrado para os judeus uma vez que corresponde ao Monte Moriá da Bíblia, onde Abraão obedeceu ao seu Deus para um sacrifício em Isaac. Aqui foi erigido o Primeiro Templo ou Templo de Salomão que depois foi destruído por Nabucodonosor em 587 a.C. Anos depois foi construído o Segundo Templo que em 70 d.C. voltou a ser destruído pelos romanos. Restou o muro ocidental, conhecido como Muro das Lamentações, agora o lugar de peregrinação mais importante para os judeus. Segundo a tradição judaica, é o sítio onde deverá construir-se o terceiro e último templo nos tempos do Messias. E é o terceiro lugar mais sagrado para os muçulmanos, de onde Maomé partiu rumo ao paraíso.

O Califa Omar ordenou a construção de uma mesquita a sudeste, a Mesquita Al-Aqsa, dirigida para Meca. O Domo da Rocha, um monumento octogonal com uma cúpula dourada, foi construído sobre as rochas em 636. Após o local ter sido conquistado pelos Cruzados em 1099, os Templários estabeleceram-se na Mesquita de Al-Aqsa. Saladino reconquistou Jerusalém em 1187. Após a captura de Jerusalém, Saladino convidou os judeus a voltarem à cidade, que tinham sido expulsos pelos cristãos. Os judeus de Ascalão, uma grande população judaica, aceitaram este convite e voltaram a viver em Jerusalém.

Na história recente, a Esplanada das Mesquitas volta e meia é notícia, mas não pelas melhores razões. O acesso aos templos é com frequência bloqueado por questões de segurança. O que é muito contestado pelos muçulmanos. Porém, em determinadas ocasiões do ano, o acesso é libertado pela segurança israelita aos fiéis oriundos da Cisjordânia.



Mesquita de Al-Aqsa, extremo sul da Esplanada



A entrada para a Mesquita de Al-Aqsa



Desde a ocupação de Jerusalém oriental por Israel, em 1967, que o local tem suscitado imensos conflitos. Remetendo apenas para as ocorrências e incidentes mais recentes – Em 2021, manifestações noturnas em Jerusalém oriental e confrontos na Esplanada das Mesquitas transformaram-se em 11 dias de guerra entre o movimento islâmico palestiniano Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e Israel. Na primavera de 2022, os confrontos eclodiram em várias ocasiões, causando centenas de feridos na Esplanada e zona envolvente. E em 3 de janeiro de 2023 o ministro ultranacionalista da Segurança Nacional de Israel, Itamar Bem Gvir, provocou uma onda de contestação depois de fazer uma breve visita à Esplanada.

Os muçulmanos podem visitar a Esplanada a qualquer hora e os que não são muçulmanos devem entrar apenas em determinados horários, sem rezar no local. Nos últimos anos, aumentou o número de judeus que visitam a esplanada e os judeus ultranacionalistas por vezes rezam no local, disfarçadamente. Assim, a tensão tem-se intensificado, com os muçulmanos a temer que o Estado de Israel esteja a tentar mudar as regras de acesso à Esplanada das Mesquitas. Sob administração da Jordânia, o acesso à Esplanada é controlado pelas forças israelitas.



As portas da capela tribal da Mesquita Al-Aqsa

O salão de oração tribal ou a mesquita tribal faz parte da Mesquita de Al-Aqsa, coberto por uma cúpula de chumbo. É o principal salão de oração onde os fiéis muçulmanos se reúnem atrás do imã para as orações de sexta-feira. Muitos acreditam que a Mesquita de Al-Aqsa é apenas a mesquita construída ao sul do Domo da Rocha, a chamada capela tribal, que é onde as cinco orações são realizadas. Mas Mesquita de Al-Aqsa para muitos é tudo o que está dentro da Esplanada - inclui as praças largas, a mesquita tribal, o Domo da Rocha, a capela Marwani, arcadas, cúpulas, terraços, fontes de água, jardins, sob e acima do solo e outros marcos. Desde 1967 que o Monte do Templo e Jerusalém Oriental, ficou sob o controlo do Reino da Jordânia. O rei Abdullah I da Jordânia foi assassinado enquanto visitava e rezava na mesquita em  20 de julho de 1951. O assassino foi Mustafa Shakry, um palestino que pertencia à família Husseini.

Em 21 de agosto de 1969 a mesquita foi incendiada por um jovem australiano, doente mental, que pertencia a uma igreja cristã evangélica chamada Igreja de Deus, que admitiu que pretendia incendiar a mesquita para apressar a vinda do Messias, construindo o Templo Judaico no Monte do Templo. Foi preso, internado em um hospital psiquiátrico e deportado de Israel. Este incêndio queimou o minbar da mesquita de Al-Aqsa (plataforma do pregador), que foi doado à mesquita por Saladino. E foi considerado por séculos um dos símbolos da mesquita. Durante muitos anos, o trabalho de restauração e preservação ocorreu na mesquita, com doações de centenas de milhões de dólares que chegaram à mesquita após o incêndio. O trabalho restaurou a maior parte das obras de arte na mesquita, exceto o magnífico palco do pregador, no qual um palco simples foi erguido em seu lugar.





O Domo da Rocha, também chamado de "Cúpula Dourada", é uma estrutura muçulmana construída em 691 d.C. em cima da pedra potável, daí seu nome. É a primeira estrutura monumental construída no início da formação e consolidação do islão. O Domo da Rocha faz parte do complexo da Esplanada das Mesquitas. Com o passar dos anos, tornou-se costume chamar à estrutura do Domo da Rocha da Mesquita de Omar, mas não deve ser confundida com a Mesquita de Omar localizada perto da Igreja do Santo Sepulcro no Bairro Cristão.

É uma grande rocha que se projeta do chão cercada por uma estrutura de ferro. De acordo com a Mishná, a pedra potável estava no Santo dos Santos no Templo, embora sua localização exata seja contestada, e depende da identificação da localização do Templo Judaico no Monte do Templo, ou Esplanada das Mesquitas. Sob a pedra há uma caverna natural que foi expandida durante o período das Cruzadas e ficou conhecida como o Poço dos Ventos. No Primeiro Templo teria sido colocada nesta pedra a Arca da Aliança. No Segundo Templo, depois que a Arca da Aliança já tinha sido roubada, o Sumo Sacerdote colocava o incenso nesta pedra no Yom Kipur, e também derramava o sangue dos sacrifícios diante da pedra. Está recheada de lendas e mitos que passaram do judaísmo ao islamismo.




De acordo com a tradição islâmica, al-Sakhra é o lugar de onde Maomé subiu ao céu, e nesta subida a própria pedra tentou se juntar a ele e foi parada pelo anjo Gabriel. Acredita-se que algumas marcas no lado oeste da pedra sejam impressões digitais de Gabriel. Os vários ensinamentos criacionistas no antigo Egito se referiam à "Pedra do Filho" da qual o mundo é baseado. As tradições gregas referiam-se a certas pedras como o umbigo da terra ou ônfalo. Alguns argumentam que a construção do Domo da Rocha destinava-se a preservar e proteger a pedra potável e facilitar a chegada dos peregrinos. Alguns argumentam que o Domo da Rocha era uma espécie de estrutura conjunta do templo para muçulmanos e judeus, construída na época da formação do Islão.

A cúpula desabou em 1016 provocada por um terramoto e foi reconstruída cinco anos depois. Após a conquista de Jerusalém pelos Cruzados em 1099, e o estabelecimento do Reino de Jerusalém, o crescente no topo da cúpula foi substituído por uma cruz, e um altar de pedra foi erguido dentro do edifício. O nome do edifício foi mudado para Templo do Senhor e foi transferido para a responsabilidade da Ordem dos Templários. Os muitos peregrinos que visitaram o local, alguns dos quais levaram pedaços da rocha como lembrança, motivaram as autoridades cristãs a erguer uma grade para proteger a rocha.

Em 1187 Saladino conquistou Jerusalém, removeu a cruz e outras adições cristãs e transformou o Domo da Rocha num lugar sagrado para os muçulmanos. Ele embelezou o edifício com a adição de chapeamento de ouro nos arcos da cúpula, revestimento de mármore nas paredes e mosaico na cúpula. E durante os séculos que se sucederam foi várias vezes objeto de intervenções no revestimento de modo a embelezar o edifício.



A Rocha ou Pedra de Beber

Durante o Mandato Britânico o Monte do Templo começou a adquirir importância para os palestinos, uma resposta às tentativas sionistas de estabelecer uma base judaica na praça do Muro das Lamentações, em vez de no Monte em si. O ponto alto do projeto de renovação foi quando a estrutura do Domo da Rocha foi banhada a ouro. Em 1928, na cerimónia de inauguração da Cúpula Dourada Mufti Hajamin al-Husseini recebeu massas de convidados de todo o mundo muçulmano.

Já no tempo do rei Hussein da Jordânia, 1994, a cúpula foi recuperada e revestida com uma camada de ouro, usando um processo eletroquímico especial, durante o qual as placas de alumínio banhadas a ouro foram substituídas por cerca de 5.000 novas placas de ouro. O recobrimento da cúpula exigiu cerca de 80 kg de ouro.





Muro das Lamentações



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