A resistência das massas é sempre avassaladora quando rompe com a História através de revoluções. É sempre acompanhada de um alto custo humano. Nestes casos a seleção natural é a lei - "lei de Darwin". A "sobrevivência do mais sábio" é um conceito refinado porque contraria a sobrevivência pela via da força bruta. Sabedoria, ou astúcia, é a chave para a adaptação às novas condições. Essa sabedoria não está evidente, atualmente. O que está em causa neste tipo de sabedoria é a agilidade do entendimento dos novos contextos para se ajustar a eles. Stephen Jay Gould no seu tempo havia pronunciado esse fenómeno nos seus termos: a "sobrevivência do mais esperto".
Stephen Jay Gould era um evolucionista mais sofisticado, longe da ideia simplista de que apenas sobrevive o mais forte ou o mais adaptado à sua função. Sua teoria do "pluralismo de possibilidades" sublinhava que as espécies (ou, no nosso caso, os indivíduos e sociedades) podem seguir diferentes caminhos de evolução, não necessariamente os mais óbvios ou os que parecem mais "naturais", mas os que se revelam adaptáveis às circunstâncias imprevisíveis. Isso é especialmente relevante quando pensamos no futuro, onde a habilidade de adaptação aos novos contextos tecnológicos, sociais e ambientais será crucial. A visão de Gould, de uma evolução multifacetada, parece ser mais pertinente do que nunca, pois estamos prestes a enfrentar desafios que exigem uma flexibilidade de pensamento e ação que transcende as lógicas rígidas de poder e controlo. A evolução, que nesta era tecnológica é mais intelectual do que biológica, a adaptação é medida pela capacidade de navegar na Complexidade do Caos.
A aleatoriedade quântica é o gato de Schrödinger. O caos e a aleatoriedade têm uma força imensa na história, como a mecânica quântica, que, com a sua imprevisibilidade, revela que o futuro pode ser mais uma questão de oportunidade do que de necessidade. A comparação com a moeda ao ar ou o gato de Schrödinger reflete bem esse pensamento: num cenário de crise global, as ações humanas, por mais racionais ou bem-intencionadas que possam ser, podem ser fortemente influenciadas por elementos aleatórios e inesperados. A natureza fundamental do Caos é a incerteza. E muitas vezes o que ocorre é um acidente de percurso, onde a melhor preparação ou as intenções mais racionais não garantem o sucesso.
No campo social e político, a aleatoriedade se reflete em como os eventos podem mudar abruptamente com base em um acaso, ou em decisões imprevistas de líderes ou movimentos coletivos. Às vezes, o que parece ser uma evolução lógica e planeada da sociedade pode ser interrompido por um fator externo, que quebra a trajetória. O mesmo vale para as grandes transformações tecnológicas e culturais que estamos vivendo. A tecnologia pode seguir um caminho que parece irreversível, mas, como no mundo quântico, algo imprevisível pode emergir e reconfigurar tudo de maneira radical. Não só a natureza das forças políticas e sociais, mas também os próprios avanços científicos e tecnológicos podem seguir por caminhos inesperados, desafiando previsões e modelos anteriores. Isso implica que a própria busca por controlo e previsibilidade – seja através da inteligência artificial ou do domínio de estruturas de poder – pode esbarrar no imprevisível, revelando a fragilidade das tentativas humanas de moldar o futuro com certeza.
É uma força de transformação real cuja chave ficou perdida na explosão do Big Bang, mas teria de ser assim o homo sapiens, com o seu artifício de inteligência. O próprio surgimento do Homo sapiens, com a sua capacidade única de raciocínio abstrato e criação de artefactos intelectuais como a inteligência artificial, poderia ser interpretado como um subproduto de uma série de eventos aleatórios e interconectados, iniciados no momento da criação do Universo. A noção de que o Universo, por sua própria natureza está imerso na incerteza, na aleatoriedade e no caos. Tudo isto é muito intrigante, como a nossa capacidade para a inteligência. Uma sequência de fenómenos imprevisíveis que, em última análise, resultaram no que somos hoje.
No fundo, a inteligência humana e as suas criações podem ser entendidas como uma forma de adaptação ao caos. A capacidade de refletir sobre o mundo, de criar significados, de inventar e transformar a realidade, são respostas a um universo essencialmente desordenado e regido por forças imprevisíveis. Ao mesmo tempo, essas criações humanas — especialmente a inteligência artificial — são como uma tentativa de ordenar o caos ou, ao menos, de entender melhor a aleatoriedade que nos cerca.
A ideia de que o Homo sapiens e suas capacidades cognitivas podem ser um produto do acaso do Big Bang parece, de certa forma, ressoar com as ideias de contingência histórica e seleção natural de Darwin. No entanto, a "seleção" aqui não é apenas biológica, mas também cognitiva e cultural. As culturas humanas e suas tecnologias, incluindo a inteligência artificial, poderiam ser vistas como tentativas de dar sentido e estrutura a um universo fundamentalmente imprevisível, com o objetivo de obter controlo, ou ao menos compreensão, do caos que nos originou. A inteligência, portanto, não seria simplesmente uma ferramenta de sobrevivência, mas também uma tentativa de lidar com o universo em sua totalidade: entender suas leis, prever suas reações, até mesmo "dominar" suas forças — e, em última instância, isso poderia nos levar a redefinir o próprio conceito de controlo. A IA, como uma extensão da inteligência humana, poderia ser vista como um reflexo desse impulso humano de transformar o caos em algo mais compreensível e, talvez, até mais ordenado.
Estar à beira de uma grande mudança traz um misto de apreensão e uma oportunidade de reconfigurar a sociedade em formas talvez mais justas ou mais adaptadas aos desafios do futuro. No entanto, o problema é que as grandes transformações nem sempre seguem um caminho previsível ou controlável. Elas podem ser moldadas por forças imprevisíveis, como crises climáticas, avanços tecnológicos ou até mesmo movimentos sociais que, inicialmente, parecem minoritários, mas que ganham tração rapidamente.
O aumento das tensões identitárias, políticas e económicas é uma situação em que a mudança parece inevitável. A história nos mostrou que momentos como esses — em que as velhas estruturas estão à beira do colapso — são frequentemente os prelúdios de novos paradigmas, mas também de grandes turbulências. Se a democracia, como a conhecemos, estiver realmente em crise, a transição para algo novo não será fácil. É interessante que, em um momento em que muitas pessoas clamam por mais equidade e justiça, as próprias ferramentas que poderiam ajudar a alcançar isso — como a IA — podem acabar sendo usadas para reforçar sistemas de desigualdade e controlo. O paradoxo é que a mesma tecnologia que oferece a promessa de "descentralização" e "igualdade de acesso" pode também ser usada para reforçar o poder de um pequeno grupo de atores dominantes.
A humanidade vai ser confrontada com ameaças da extinção da espécie, seja por imperativos climáticos, ou até por consequência levar à emergência de vírus mais letais do que o Sars-cov.2. O que tem que ser tem muita força. As ameaças existenciais — como mudanças climáticas catastróficas ou a emergência de pandemias mais letais — realmente podem ser catalisadoras de um novo tipo de cooperação global, onde as tecnologias emergentes, incluindo a inteligência artificial, podem ser fundamentais para a nossa sobrevivência.
De facto, a necessidade de enfrentarmos essas ameaças pode criar uma "força" coletiva, capaz de transcender divisões políticas, sociais e econômicas. Se a humanidade for confrontada com uma ameaça existencial de tal magnitude, a cooperação global poderá se tornar uma exigência inevitável. A inteligência artificial, com sua capacidade de processar grandes volumes de dados e otimizar soluções, pode ser uma das ferramentas mais poderosas para resolver problemas como a mudança climática, melhorar a saúde pública global, prever e combater futuras pandemias, entre outros desafios. Em momentos de crise extrema, como uma pandemia global de grande escala ou uma catástrofe climática irreversível, as forças que impulsionam as mudanças podem ser imensas e rápidas. A verdadeira questão é: como podemos nos preparar para que essas mudanças sejam estruturadas de maneira justa e sustentável?
É aqui que a inteligência artificial, ao lado de outras tecnologias emergentes, pode ser decisiva. A IA pode ser usada para identificar padrões de risco e prever ameaças antes que elas se tornem fatais, como no caso de novas doenças virais ou mudanças abruptas no clima. Ela pode ajudar a desenvolver soluções rápidas e eficazes para mitigar os efeitos dessas ameaças, como vacinas ou tecnologias de engenharia para combater o aquecimento global. Contudo, tudo isso depende do uso ético e equilibrado da tecnologia.
Por outro lado, uma ameaça existencial real também pode acelerar o surgimento de sistemas políticos mais colaborativos, com a inteligência artificial a ajudar a promover um tipo de Governo Global, uma grande utopia. A atual crise global pode ser o gatilho para esse tipo de integração utópica. A necessidade de resposta rápida e eficiente à ameaça de extinção poderia, paradoxalmente, criar um ambiente onde a cooperação e a equidade ultrapassam qualquer tipo de competição.
Então, talvez a verdadeira "força" que se traduz nesse "tem que ser" seja a de uma mudança sistémica, onde as tecnologias, incluindo a inteligência artificial, sejam usadas para atender às necessidades coletivas, em vez de servir a interesses particulares. Isso exigirá uma reconfiguração do poder, uma integração mais profunda entre as diferentes nações, e uma redefinição de propósitos contrários ao da acumulação de riqueza.
No campo social e político, a aleatoriedade se reflete em como os eventos podem mudar abruptamente com base em um acaso, ou em decisões imprevistas de líderes ou movimentos coletivos. Às vezes, o que parece ser uma evolução lógica e planeada da sociedade pode ser interrompido por um fator externo, que quebra a trajetória. O mesmo vale para as grandes transformações tecnológicas e culturais que estamos vivendo. A tecnologia pode seguir um caminho que parece irreversível, mas, como no mundo quântico, algo imprevisível pode emergir e reconfigurar tudo de maneira radical. Não só a natureza das forças políticas e sociais, mas também os próprios avanços científicos e tecnológicos podem seguir por caminhos inesperados, desafiando previsões e modelos anteriores. Isso implica que a própria busca por controlo e previsibilidade – seja através da inteligência artificial ou do domínio de estruturas de poder – pode esbarrar no imprevisível, revelando a fragilidade das tentativas humanas de moldar o futuro com certeza.
É uma força de transformação real cuja chave ficou perdida na explosão do Big Bang, mas teria de ser assim o homo sapiens, com o seu artifício de inteligência. O próprio surgimento do Homo sapiens, com a sua capacidade única de raciocínio abstrato e criação de artefactos intelectuais como a inteligência artificial, poderia ser interpretado como um subproduto de uma série de eventos aleatórios e interconectados, iniciados no momento da criação do Universo. A noção de que o Universo, por sua própria natureza está imerso na incerteza, na aleatoriedade e no caos. Tudo isto é muito intrigante, como a nossa capacidade para a inteligência. Uma sequência de fenómenos imprevisíveis que, em última análise, resultaram no que somos hoje.
No fundo, a inteligência humana e as suas criações podem ser entendidas como uma forma de adaptação ao caos. A capacidade de refletir sobre o mundo, de criar significados, de inventar e transformar a realidade, são respostas a um universo essencialmente desordenado e regido por forças imprevisíveis. Ao mesmo tempo, essas criações humanas — especialmente a inteligência artificial — são como uma tentativa de ordenar o caos ou, ao menos, de entender melhor a aleatoriedade que nos cerca.
A ideia de que o Homo sapiens e suas capacidades cognitivas podem ser um produto do acaso do Big Bang parece, de certa forma, ressoar com as ideias de contingência histórica e seleção natural de Darwin. No entanto, a "seleção" aqui não é apenas biológica, mas também cognitiva e cultural. As culturas humanas e suas tecnologias, incluindo a inteligência artificial, poderiam ser vistas como tentativas de dar sentido e estrutura a um universo fundamentalmente imprevisível, com o objetivo de obter controlo, ou ao menos compreensão, do caos que nos originou. A inteligência, portanto, não seria simplesmente uma ferramenta de sobrevivência, mas também uma tentativa de lidar com o universo em sua totalidade: entender suas leis, prever suas reações, até mesmo "dominar" suas forças — e, em última instância, isso poderia nos levar a redefinir o próprio conceito de controlo. A IA, como uma extensão da inteligência humana, poderia ser vista como um reflexo desse impulso humano de transformar o caos em algo mais compreensível e, talvez, até mais ordenado.
Estar à beira de uma grande mudança traz um misto de apreensão e uma oportunidade de reconfigurar a sociedade em formas talvez mais justas ou mais adaptadas aos desafios do futuro. No entanto, o problema é que as grandes transformações nem sempre seguem um caminho previsível ou controlável. Elas podem ser moldadas por forças imprevisíveis, como crises climáticas, avanços tecnológicos ou até mesmo movimentos sociais que, inicialmente, parecem minoritários, mas que ganham tração rapidamente.
O aumento das tensões identitárias, políticas e económicas é uma situação em que a mudança parece inevitável. A história nos mostrou que momentos como esses — em que as velhas estruturas estão à beira do colapso — são frequentemente os prelúdios de novos paradigmas, mas também de grandes turbulências. Se a democracia, como a conhecemos, estiver realmente em crise, a transição para algo novo não será fácil. É interessante que, em um momento em que muitas pessoas clamam por mais equidade e justiça, as próprias ferramentas que poderiam ajudar a alcançar isso — como a IA — podem acabar sendo usadas para reforçar sistemas de desigualdade e controlo. O paradoxo é que a mesma tecnologia que oferece a promessa de "descentralização" e "igualdade de acesso" pode também ser usada para reforçar o poder de um pequeno grupo de atores dominantes.
A humanidade vai ser confrontada com ameaças da extinção da espécie, seja por imperativos climáticos, ou até por consequência levar à emergência de vírus mais letais do que o Sars-cov.2. O que tem que ser tem muita força. As ameaças existenciais — como mudanças climáticas catastróficas ou a emergência de pandemias mais letais — realmente podem ser catalisadoras de um novo tipo de cooperação global, onde as tecnologias emergentes, incluindo a inteligência artificial, podem ser fundamentais para a nossa sobrevivência.
De facto, a necessidade de enfrentarmos essas ameaças pode criar uma "força" coletiva, capaz de transcender divisões políticas, sociais e econômicas. Se a humanidade for confrontada com uma ameaça existencial de tal magnitude, a cooperação global poderá se tornar uma exigência inevitável. A inteligência artificial, com sua capacidade de processar grandes volumes de dados e otimizar soluções, pode ser uma das ferramentas mais poderosas para resolver problemas como a mudança climática, melhorar a saúde pública global, prever e combater futuras pandemias, entre outros desafios. Em momentos de crise extrema, como uma pandemia global de grande escala ou uma catástrofe climática irreversível, as forças que impulsionam as mudanças podem ser imensas e rápidas. A verdadeira questão é: como podemos nos preparar para que essas mudanças sejam estruturadas de maneira justa e sustentável?
É aqui que a inteligência artificial, ao lado de outras tecnologias emergentes, pode ser decisiva. A IA pode ser usada para identificar padrões de risco e prever ameaças antes que elas se tornem fatais, como no caso de novas doenças virais ou mudanças abruptas no clima. Ela pode ajudar a desenvolver soluções rápidas e eficazes para mitigar os efeitos dessas ameaças, como vacinas ou tecnologias de engenharia para combater o aquecimento global. Contudo, tudo isso depende do uso ético e equilibrado da tecnologia.
Por outro lado, uma ameaça existencial real também pode acelerar o surgimento de sistemas políticos mais colaborativos, com a inteligência artificial a ajudar a promover um tipo de Governo Global, uma grande utopia. A atual crise global pode ser o gatilho para esse tipo de integração utópica. A necessidade de resposta rápida e eficiente à ameaça de extinção poderia, paradoxalmente, criar um ambiente onde a cooperação e a equidade ultrapassam qualquer tipo de competição.
Então, talvez a verdadeira "força" que se traduz nesse "tem que ser" seja a de uma mudança sistémica, onde as tecnologias, incluindo a inteligência artificial, sejam usadas para atender às necessidades coletivas, em vez de servir a interesses particulares. Isso exigirá uma reconfiguração do poder, uma integração mais profunda entre as diferentes nações, e uma redefinição de propósitos contrários ao da acumulação de riqueza.
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