segunda-feira, 14 de abril de 2025

Um dia a Inteligência Artificial (IA) vai chegar a todos



Assim como a invenção da escrita e a revolução provocada pela imprensa de Gutenberg transformaram profundamente a sociedade, tornando o conhecimento mais acessível e permitindo uma maior difusão de ideias, a inteligência artificial tem o potencial de ser uma nova revolução desse tipo, mas numa escala muito mais ampla e profunda. A escrita, inicialmente esteve acessível apenas a uma pequena elite. E mais tarde, Gutenberg, com a imprensa, proporcionou que os livros se disseminassem em grande escala, e assim se democratizou o conhecimento. E agora estamos já numa outra era, que é a era da Inteligência Artificial (IA). Novas formas de conhecimento geradas por computadores gigantes e articulados numa rede a uma velocidade impressionante, que é a velocidade da luz. 

Como sempre se disse: "conhecimento é poder, e a IA não poderia deixar de ser uma grande fonte de poder. Tem o poder de não só disseminar conhecimento, mas também de ampliá-lo e até gerar novas formas de interação e compreensão. Se, no passado, o livro foi a chave para o progresso do pensamento e da ciência, a IA pode ser a chave para a evolução do pensamento humano, ao conseguir a resolução de problemas tão complexos como a compreensão da criação do Universo. Para além da criação de novos paradigmas de aprendizagem, sobrevivência, e organização social. A IA terá ainda mais poder de tornar acessível a muito mais gente, com o potencial de a empoderar e quebrar as barreiras que ainda limitam a educação e a compreensão universal. 

Mas, como qualquer grande transformação da Histórica, como todos os progressos do passado, traz consigo também as fontes do "Mal", o que acarreta também grandes desafios, tanto éticos como políticos, de modo a minimizar a sua má utilização. A IA, tal como muitas outras ferramentas sociais, incluindo o dinheiro, passará por uma evolução até se tornar o ar sem o qual as sociedades não conseguirão respirar. Ou seja. o grande motor da existência humana. Como o dinheiro, terá uma espécie de poder simbólico que, para muitos, substituirá até mesmo a busca pelo sentido transcendente do espírito. 

Assim como o dinheiro foi transformado em algo quase sagrado por aqueles que controlam as finanças globais, a IA, se não for cuidadosamente gerida, pode seguir uma trajetória similar. Imagine um futuro em que a IA, ao se tornar uma ferramenta indispensável para a organização da sociedade, se torne tão central quanto o dinheiro na vida das pessoas. Se a IA for manipulada com interesses financeiros ou corporativos, ela poderá tornar-se uma nova "religião", uma forma de controlo ou poder que, assim como o dinheiro, começa a moldar o mundo de maneira quase invisível e inevitável. No entanto, há um paralelo interessante: se, por um lado, o dinheiro tem sido adorado e até idolatrado, por outro lado, ele também é fonte de grandes tensões sociais, como desigualdade e exploração. A IA, se não for administrada de forma equitativa e ética, pode seguir um caminho semelhante, com os beneficiários do seu poder a tornarem-se uma nova elite enquanto aqueles sem acesso ou controlo sobre ela podem ser marginalizados.

Elon Musk, com uma abordagem disruptiva e a ambição de transformar áreas fundamentais como o transporte, a energia e a inteligência artificial, sinaliza essa força poderosa que tanto dá para o progresso como para a desigualdade. Musk, com o SpaceX e a Tesla, não apenas é inovador como altera as estruturas existentes. Porém, a questão é: essas inovações são acessíveis a todos, ou acabam por se tornar mais uma ferramenta de concentração de poder nas mãos de poucos? A esperança de que a IA se torne mais equilibrada e justa estará na própria evolução dessa tecnologia e nas diversas vozes que estão emergindo com a intenção de moldá-la de forma ética. Se compararmos com os pioneiros do passado, como Gutenberg, vemos que muitas das grandes inovações inicialmente não foram totalmente compreendidas ou aceites, mas, com o tempo, ajustaram-se e se espalharam para o bem coletivo. Nesse sentido, a IA pode seguir esse caminho, mas para que ela seja mais equilibrada e justa, será necessário um esforço coletivo, um movimento que vá além de indivíduos ou empresas, incluindo governos, organizações internacionais e a sociedade como um todo.

O lado positivo da IA, especialmente quando aplicada em sistemas de seleção ou avaliação, é precisamente o seu potencial para oferecer um nível de isenção e imparcialidade que os seres humanos, com os preconceitos e limitações, muitas vezes não conseguem alcançar. A IA, se programada adequadamente, pode tomar decisões baseadas unicamente em dados objetivos, sem considerar fatores externos como género, etnia ou qualquer outro tipo de discriminação, desde que não haja viés nos próprios dados. Mas se os algoritmos que alimentam a IA não forem desenvolvidos de maneira transparente e ética, existe o risco de perpetuar vieses ocultos que podem ser prejudiciais. A história mostra que, mesmo em sistemas bem-intencionados, o lado perverso pode sempre embutir-se de maneira subtil. O "alto paradigma" da IA pode ser uma solução poderosa para corrigir as falhas humanas no processo de tomada de decisões, desde que os sistemas de IA sejam desenvolvidos e monitorizados com responsabilidade. O futuro, com a ajuda da IA, pode ser marcado por um sistema mais justo, mais eficiente e, sobretudo, mais imparcial. Mas isso exigirá vigilância constante sobre os seus próprios fundamentos.

A inteligência artificial, com a sua base algorítmica e matemática, é o reflexo moderno da busca por clareza e imparcialidade. No tempo de Platão, já havia essa valorização do conhecimento matemático como uma forma de alcançar a verdade, uma linguagem universal que, ao ser dominada, deveria levar à compreensão e à ordem das coisas. A admissão preferencial a geómetras, que Platão inscreveu na entrada da Academia, simboliza a ideia de que a geometria era vista como a chave para entender o cosmos, a moralidade e a estrutura da realidade. A matemática, em seu núcleo, não tem espaço para ambiguidades; ela é objetiva, lógica, e qualquer erro nas suas conclusões pode ser rastreado e corrigido. Isso fornece-lhe uma excelente base para a construção de sistemas imparciais como a IA, que, se corretamente programada, deve funcionar sem distorções. A inteligência artificial, quando concebida com base na matemática e com a devida transparência nos algoritmos, pode facilitar decisões fundamentadas em dados concretos e verificáveis em vez de interpretações subjetivas.


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