A clássica divisão entre esquerda e direita já não faz tanto sentido como no passado, especialmente porque os eixos políticos se tornaram mais complexos e multifacetados. Hoje, muitas questões políticas já não se enquadram perfeitamente nesse binarismo, e novas clivagens surgiram, como globalismo//nacionalismo, progressismo//tradicionalismo ou centralismo//populismo. O populismo não se encaixa rigidamente na direita porque há populismo de esquerda. Na Europa, partidos como o Rassemblement National (França) ou o Chega (Portugal) combinam políticas sociais próprias da esquerda com forte nacionalismo que é de direita. Nos EUA, Trump adotou um discurso contra as elites tradicionalmente associadas à esquerda, mas mantendo uma retórica conservadora. Portanto, há novos eixos de conflito. Hoje, um operário pode votar num partido de direita populista porque se sente ameaçado pela imigração, enquanto um empresário pode apoiar um partido de esquerda por causa da responsabilidade ambiental. O "voto de classe" já não é tão previsível como no século XX. Dessa forma, a política atual é melhor compreendida em múltiplos eixos, e não apenas no velho espectro esquerda//direita. Essa mudança gera confusão, mas também reflete um realinhamento no debate político ao longo de novas dinâmicas sociais e económicas.
O populismo não é uma doutrina política no sentido clássico, como o liberalismo, o socialismo ou o conservadorismo. Em vez disso, o populismo é mais um método de fazer política ou uma estratégia de mobilização, que pode ser adotada tanto por políticos de esquerda como de direita. Divide o povo da elite. O populista apresenta-se como o verdadeiro representante do povo contra uma elite cujo epíteto é conotado com a corrução. Tende a reduzir problemas complexos a soluções fáceis, normalmente personificadas no líder carismático. Ataca as instituições. Por conseguinte, pode misturar propostas tradicionalmente de esquerda (proteção social, rejeição do neoliberalismo) com elementos de direita (nacionalismo e conservadorismo moral). ElePaíses que oficialmente se dizem comunistas já são poucos. É o caso da China e de Cuba. A China é governada pelo Partido Comunista Chinês (PCC). Mistura capitalismo de Estado com um regime autoritário. Xi Jinping reforçou o controlo do Partido sobre a economia e a sociedade, mas mantém um forte setor privado. Cuba é governada pelo Partido Comunista de Cuba (PCC). Ainda tem uma economia fortemente estatal, mas abriu algumas áreas ao setor privado nos últimos anos. Após a era Fidel e Raúl Castro, Miguel Díaz-Canel mantém o regime sob dificuldades económicas.
O termo "socialismo" é muito mais amplo e flexível do que "comunismo", o que permite que muitos governos e partidos ainda se identifiquem como socialistas sem necessariamente seguirem um modelo económico estatizante ou autoritário. Existem países onde o partido no poder se declara socialista, mas sem rejeitar totalmente o capitalismo. Eles costumam adotar modelos de economia mista e Estado de bem-estar social. Na Venezuela, o governo chavista se declara "socialista do século XXI", combinando controlo estatal de setores estratégicos com clientelismo político. Na Nicarágua – O governo de Daniel Ortega, da Frente Sandinista, mantém um discurso socialista, mas opera como um regime autoritário.
A maior parte dos países europeus tem partidos socialistas ou social-democratas que já governaram ou ainda governam. Eles não rejeitam o capitalismo, mas defendem um forte Estado de bem-estar social. Exemplos incluem:
- Partido Socialista Francês
- Partido Socialista Português
- Partido Social-Democrata Alemão (SPD)
- Partido Trabalhista do Reino Unido (embora tenha oscilado entre social-democracia e centro-esquerda moderada)
- Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE)
Embora a divisão entre esquerda e direita ainda seja relevante para entender as diferentes abordagens políticas dentro de uma democracia, a divisão entre democracias e autocracias tornou-se uma questão ainda mais premente no cenário global. Democracias liberais enfrentam desafios internos de polarização e desconfiança nas instituições, enquanto as autocracias têm-se consolidado em várias partes do mundo, com regimes que controlam as eleições, suprimem a oposição e limitam as liberdades civis. Portanto, a divisão entre democracias e autocracias continua a ser uma das questões centrais da política global, com implicações profundas nas relações internacionais, nas políticas internas e no futuro das liberdades civis no mundo.
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