domingo, 27 de abril de 2025

Uma posição empática e biologicamente fundamentada

 
Robert M. Sapolsky, um dos grandes pensadores contemporâneos sobre a biologia humana, comportamento, e a nossa (limitada) capacidade de livre-arbítrio, tem uma posição muito empática e biologicamente fundamentada. Ele é conhecido por ser progressista em muitas causas sociais, mas também muito rigoroso em respeitar os limites do que a ciência pode ou não afirmar.

Sobre a questão do "à vontade do freguês" decidir arbitrariamente a sua identidade de género tão propalada pelo movimento woke de forma irrestrita, Sapolsky, por um lado, reconhece que a biologia do sexo e do género é mais fluida do que o senso comum tradicional admite. Já defendeu, em vários momentos, que fenómenos como o intersexo, a variação hormonal pré-natal, e a plasticidade cerebral tornam natural haver pessoas que não se encaixam perfeitamente no binarismo homem/mulher. Mas por outro lado, ele não ignora que há uma base biológica objetiva para o sexo (XX, XY) e que nem tudo pode ser simplesmente reduzido a uma questão de "sentimento" subjetivo. Ele não seria favorável à ideia de que a identidade de género possa ser totalmente arbitrária e independente de qualquer substrato físico ou histórico do desenvolvimento da pessoa.


Sapolsky é alguém que odeia imposições dogmáticas (sejam de direita ou de esquerda), e que valoriza a compaixão, mas sem sacrificar a lucidez científica. Ele provavelmente sofre um pouco com o radicalismo woke que exige aceitação cega de qualquer autodeterminação de género, sem espaço para debate ou nuances biológicas. Ele respeita profundamente o sofrimento das pessoas trans e não-binárias, apoia a sua dignidade, mas sente desconforto com a banalização completa de se ultrapassar os limites biológicos, porque isso trai a própria busca, a que ele tanto se tem dedicado, pela verdade sobre o ser humano.

Robert Sapolsky tem abordado a identidade de género com base em evidências neurobiológicas, destacando que o cérebro desempenha um papel crucial na formação da identidade de género. Ele argumenta que, mesmo em casos onde características físicas indicam um sexo específico, o cérebro pode apresentar características associadas a outro género, o que pode levar a sentimentos de dissonância e desconforto. Sapolsky enfatiza que a identidade de género não é determinada apenas por fatores genéticos ou hormonais, mas também por elementos como receptores e neurotransmissores no cérebro. ​Além disso, Sapolsky destaca que a identidade de género pode emergir desde a infância, com indivíduos transgénero frequentemente sentindo uma desconexão entre o seu género atribuído ao nascimento e a sua identidade de género real. Ele observa que essa dissonância pode causar angústia significativa, reforçando a importância de reconhecer e respeitar as identidades de género das pessoas. ​Mas também critica abordagens que ignoram as complexidades biológicas da identidade de género, defendendo políticas informadas por evidências científicas para proteger os direitos das pessoas transgénero. Ele argumenta que a compreensão científica da neurobiologia da identidade de género deve informar as políticas públicas, promovendo empatia e respeito pelas experiências individuais.

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