Robert M. Sapolsky, um dos grandes pensadores contemporâneos sobre a biologia humana, comportamento, e a nossa (limitada) capacidade de livre-arbítrio, tem uma posição muito empática e biologicamente fundamentada. Ele é conhecido por ser progressista em muitas causas sociais, mas também muito rigoroso em respeitar os limites do que a ciência pode ou não afirmar.
Sobre a questão do "à vontade do freguês" decidir arbitrariamente a sua identidade de género tão propalada pelo movimento woke de forma irrestrita, Sapolsky, por um lado, reconhece que a biologia do sexo e do género é mais fluida do que o senso comum tradicional admite. Já defendeu, em vários momentos, que fenómenos como o intersexo, a variação hormonal pré-natal, e a plasticidade cerebral tornam natural haver pessoas que não se encaixam perfeitamente no binarismo homem/mulher. Mas por outro lado, ele não ignora que há uma base biológica objetiva para o sexo (XX, XY) e que nem tudo pode ser simplesmente reduzido a uma questão de "sentimento" subjetivo. Ele não seria favorável à ideia de que a identidade de género possa ser totalmente arbitrária e independente de qualquer substrato físico ou histórico do desenvolvimento da pessoa.
Robert Sapolsky tem abordado a identidade de género com base em evidências neurobiológicas, destacando que o cérebro desempenha um papel crucial na formação da identidade de género. Ele argumenta que, mesmo em casos onde características físicas indicam um sexo específico, o cérebro pode apresentar características associadas a outro género, o que pode levar a sentimentos de dissonância e desconforto. Sapolsky enfatiza que a identidade de género não é determinada apenas por fatores genéticos ou hormonais, mas também por elementos como receptores e neurotransmissores no cérebro. Além disso, Sapolsky destaca que a identidade de género pode emergir desde a infância, com indivíduos transgénero frequentemente sentindo uma desconexão entre o seu género atribuído ao nascimento e a sua identidade de género real. Ele observa que essa dissonância pode causar angústia significativa, reforçando a importância de reconhecer e respeitar as identidades de género das pessoas. Mas também critica abordagens que ignoram as complexidades biológicas da identidade de género, defendendo políticas informadas por evidências científicas para proteger os direitos das pessoas transgénero. Ele argumenta que a compreensão científica da neurobiologia da identidade de género deve informar as políticas públicas, promovendo empatia e respeito pelas experiências individuais.
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