sábado, 14 de agosto de 2021

Afeganistão: As mulheres temem o regresso dos talibans





A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) estima que cerca de 250.000 afegãos fugiram das suas casas desde o final de maio, com receio de que os talibans reimponham a sua interpretação estrita e impiedosa do Islão, sobretudo que eliminem os direitos das mulheres. 80% destes deslocados são mulheres e crianças. Apesar de a sociedade ser ainda muito conservadora e dominada pelos homens, muito mudou para as mulheres nas últimas duas décadas. As raparigas estão nas escolas e as mulheres, no parlamento, no governo ou nas empresas. As coisas voltarão a ser como eram, com a tomada do poder de novo pelos Talibãs? Há que pense que não. Podem voltar para trás das paredes e não conseguirem sair tanto. Mas há coisas que são irreversíveis, como poderem educar os seus próprios filhos de uma forma que não podia acontecer há 25 anos.

O Afeganistão é um dos países mais pobres do mundo, encontrando-se em 169º da lista de 189 países do Índice de Desenvolvimento Humano, publicada pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. A esperança média de vida é de 64 anos e o rendimento nacional bruto per capita é de 1.970 euros.

Os talibans intensificaram a reconquista do território do Afeganistão nas últimas semanas, desde que os militares norte-americanos iniciaram a retirada. O Mullah Abdul Ghani Baradar é o líder político da equipa de negociação que está sedeada em Doha, que visa alcançar um acordo que possa conduzir ao cessar-fogo. Mas o processo não tem visto avanços significativos nos últimos meses. Considerado um dos comandantes de maior confiança de Mullah Omar, Baradar foi capturado pelas forças de segurança na cidade de Karachi, no sul do Paquistão, em 2010 e libertado em 2018.




Recordemos que os talibans, com raízes no movimento mujahidin, são um grupo que, com o apoio dos Estados Unidos, afastou as forças soviéticas do Afeganistão nos anos 80. E são um dos grupos que lutou na guerra civil em 1994. Dois anos mais tarde, controlavam a maior parte do país, onde impuseram a lei islâmica, a sharia. O movimento fundado e liderado no início pelo Mullah Mohammad Omar foi derrubado pelas forças afegãs apoiadas pelos americanos, na sequência dos ataques de 11 de setembro de 2001. Os talibans voltam agora a controlar militarmente o Afeganistão, dominando, a cada dia que passa, mais províncias do país, atualmente dois terços d território. Não tardará, chegarão a Cabul. Todo o mundo está apreensivo e suspenso do que irá acontecer.

De acordo com especialistas contactados pela Reuters, os Haqqanis foram os introdutores do ataque suicida no Afeganistão e considerados culpados por vários atentados de elevada visibilidade no Afeganistão. Entre os alvos do grupo encontra-se o antigo presidente Hamid Karzai, o hotel mais importante de Cabul e a Embaixada da Índia. Deverá ter cerca de 50 anos e o seu paradeiro é desconhecido. Sirajuddin Haqqani é filho do fundador da rede Haqqani, Jalaluddin Haqqani. Lidera a rede estabelecida pelo pai na década de 1970, um grupo que opera na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão e supervisiona os recursos financeiros e militares naquela região. Sher Mohammad Abbas Stanikzai era um ministro taliban até o grupo ser afastado do poder. Viveu em Doha durante 10 anos e dirigiu o gabinete político dos talibans em 2015. Também participou nas negociações com o governo afegão, e representou os radicais em viagens diplomáticas por diferentes países.

Abdul Hakim Haqqani é o líder da equipa negocial dos talibans. Antigo presidente do supremo tribunal do movimento, lidera um influente conselho de teólogos e um dos líderes em quem Akhunzada mais confia. Haibatullah Akhunzada é o líder supremo, aquele tem a palavra final no que respeita a questões políticas, militares e religiosas. Sucedeu a Akhtar Mansour, morto num ataque de drone em 2016, perto da fronteira com o Paquistão. Conhecido como o "líder dos fiéis", Akhunzada ensinou e pregou durante 15 anos numa mesquita de Kuchlak, no sudoeste do país, quando subitamente desapareceu em maio de 2016. Estima-se que tenha cerca de 60 anos e o seu paradeiro é desconhecido.

Mullah Mohammad Yaqoob é filho do fundador Mullah Omar. Atualmente é responsável pelas operações militares do grupo e dado como residente no Afeganistão. Foi proposto como líder supremo em vários momentos de sucessão, mas, dada a sua idade, cerca de 30 anos, e alegada falta de experiência em batalha, terá tomado a iniciativa de patrocinar Akhunzada.

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