quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Alterações climáticas. Isto vai mudar?




Se isto vai mudar? Vai! Mas não vai ser à custa do nosso livre-arbítrio. Vai ser à custa da drástica diminuição do número de seres da espécie humana. Como? As vias são múltiplas, uma delas é a diminuição da natalidade. Em Portugal, 69% (dados de 2018) das mães trabalham, em 1995 eram 59%. 56% das crianças que nascem são de pais não casados, e 19% os pais não vivem juntos; em 1960 apenas 9% eram filhos de pais não casados, e em 1990 15%. A idade média da mãe, no primeiro filho, é de 30,4 anos; em 1960 era 25 anos, em 1990 24,7 anos. Em 1960 cada mãe tinha, em média, 3,2 filhos, em 1990 1,6 filhos; hoje 1,4.

Virá um aumento da mortalidade por via de novas doenças infeciosas, catástrofes naturais e artificiais, guerras? Só os absolutamente radicais têm solução: são vegans, não tomam vacinas nem medicamentos, só viajam a pé ou de bicicleta e mais uma série de coisas (claro que se todo o mundo adotasse isto, os níveis de emissões, poluição, etc. diminuiriam drasticamente, assim como subiria em flecha a taxa de mortalidade). Não responde aos anseios do mundo.




O sexto relatório do IPCC, cuja primeira de quatro partes foi publicada ontem, causa um efeito paradoxal. O contraste não pode ser maior, entre a produção de relatórios científicos e o estrondoso fracasso no plano prático da ação concreta que seria necessária para combater as alterações climáticas. Fracasso prático, pois apesar de todos os alertas, a verdade é que desde 1988 a humanidade emitiu mais gases de efeito estufa para a atmosfera do que desde que o Homo é sapiens até aí.

Este relatório confirma-nos tudo aquilo que há anos ainda poderia suscitar dúvidas. O que está em curso já é inevitável e não é reversível. Contudo, a ação coletiva não pode baixar os braços. Há que mitigar e adaptar o que pode ser adaptável. Os últimos 70 anos foram de uma irresponsável aceleração consumista. Agora só nos resta mudar para um estilo de vida onde a resiliência se conjuga com dignidade. Continuar a ignorar todos os alertas é obsceno. O futuro reserva caos e miséria, o que vai comprometer ainda mais a sobrevivência humana em largas regiões da Terra. Muitas das medidas em curso falham redondamente o teste do futuro.

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