domingo, 29 de agosto de 2021

Turquemenistão




O Turquemenistão, um dos países mais fechados do mundo, pelo menos até ao mês de julho de 2021 ainda não havia declarado nenhum caso de infeção para a covid-19. 
O Turquemenistão, a par com a Coreia do Norte e com alguns arquipélagos isolados no Pacífico, é um dos poucos países e territórios no mundo que afirma não ter tido casos de pessoas infetadas com o novo coronavírus (SARS-Cov-2) desde o início da crise pandémica. Começou a aliviar as medidas restritivas aplicadas no âmbito da pandemia em abril passado, com a reabertura de restaurantes e mesquitas. A circulação ferroviária também voltou a funcionar, mas as viagens aéreas continuam suspensas. Em declarações ao canal de televisão Mir, com sede em Moscovo, o presidente disse que o Turquemenistão dispõe de duas vacinas contra a covid-19 desenvolvidas na Rússia, a Sputnik V e a EpiVacCorona. É conhecido por ser um dos países com pior registo no que diz respeito aos direitos humanos, amplamente denunciado por organizações internacionais, ou pelo comportamento e decisões excêntricas do seu presidente. 

O Turquemenistão, um país com 6 milhões de habitantes, faz fronteira com o Cazaquistão a noroeste, Uzbequistão a nordeste e leste, Afeganistão a sudeste, Irão ao sul e sudoeste, e o mar Cáspio a oeste. Ashgabat, uma cidade de mármore branco com cerca de 1 milhão de habitantes, perto da fronteira com o Irão, é a capital.




Gurbanguly Berdymukhamedov, na presidência desde 2006, faz questão de combinar uma imagem de homem poderoso com várias excentricidades no exercício do poder. Já foi visto, por exemplo, a cantar rap, a participar numa corrida de carros ou a exibir as suas capacidades físicas ao levantar barras (em ouro) em plenas reuniões ministeriais. O Turquemenistão é uma república presidencialista e está na lista dos quinze "piores" países contra a liberdade religiosa, de acordo com a Comissão sobre Liberdade Religiosa. Uma das excentricidades foi a inauguração de uma estátua de um cão em ouro, com seis metros de altura, na capital Ashgabat.




A estátua rende homenagem à raça Alabay, uma raça autóctone que deriva do cão pastor da Ásia Central e que faz parte do património nacional do país. Não é, de resto, a primeira vez que a raça é homenageada pelo presidente Berdymukhamedov, tendo dedicado mesmo um livro ao cão Alabay e, numa reunião ministerial, recitou um poema que escreveu sobre a raça. Berdymukhamedov também ofereceu, em 2017, um filhote de cão desta raça ao presidente russo Vladimir Putin, correndo mundo a fotografia do chefe de Estado do Turquemenistão a exibir o cachorro levantando-o pela nuca, com uma mão. Segundo a BBC a estátua está localizada numa área residencial projetada para funcionários públicos e tem, na parte de baixo, uma tela LED onde passam vídeos sobre aquela raça canina. Berdymukhamedov também costuma exibir a sua paixão pelos cavalos locais, tendo mesmo inaugurado, em 2015, uma estátua sua a cavalo, com 21 metros de altura e, claro, toda ela em ouro também.




Imagens de Berdymukhamedov a andar a cavalo nas ruas de Ashgabat são relativamente comuns. Em 2013, foi noticiado que o governante caiu numa corrida a cavalo, mas os media estatais terão sido proibidos de passar imagens do ocorrido. Apesar da ostentação das excentricidades do seu presidente, grande parte da população do Turquemenistão vive em condições de muita pobreza, e o país é classificado como um dos menos livres do mundo pela organização de liberdade de imprensa RSF, apenas um lugar acima da Coreia do Norte. Berdymukhamedov, que foi dentista antes de ser nomeado como ministro da saúde do ex-presidente do país, Saparmurat Niyazov, está no poder desde 2006 e nas últimas presidenciais, em 2017, foi eleito para um terceiro mandato, com 98% dos votos, em eleições que voltaram a merecer reservas por parte da comunidade internacional.

O atual Turquemenistão encontra-se em territórios que já foram caminhos usados por civilizações por séculos. Na Idade Média a atual Mary era uma das grandes cidades do mundo islâmico, e um importante entreposto da Rota da Seda. Em 1881 foi anexado ao Império Russo, e chegou a ter um papel proeminente no movimento anti bolchevique na Ásia Central. Em 1924, o Turquemenistão tornou-se uma república constituinte da União Soviética até 1991, quando se tornou independente.

Possui a quarta maior reserva de gás natural do mundo. Apesar de ser rico em recursos naturais em algumas áreas, a maior parte do país é coberta pelo Deserto de Caracum. A partir de 1993, os turquemenos receberam eletricidade, água e gás natural do governo gratuitamente, auxílio planeado inicialmente para durar 10 anos, posteriormente estendido até 2030. Mas devido à queda do preço do petróleo, em 2017, o presidente suspendeu a benesse. 
Um campo de gás natural do país, conhecido como a Porta do Infernoé um grande ponto de atração.

As áreas montanhosas localizam-se no leste e no sul. Os rios ausentes na maior parte do território, sulcam as regiões de fronteiras, como o rio Amu Dária, que faz fronteira parcial com o Uzbequistão. E o Murgab, que nasce no Afeganistão. O Turquemenistão está localizado em um dos desertos mais secos do mundo e, por isso, alguns lugares tem uma precipitação média anual de apenas 12mm. A temperatura mais alta registrada em Asgabat foi de 48 °C, e em Kerki, no interior do país nas margens do rio Amu Dária, 51,7 °C. As maiores densidades demográficas ocorrem na costa do mar Cáspio, ao longo dos rios e dos oásis. O deserto é despovoado.



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