Para já, a Nova Ordem Mundial, é o domínio do Caos. As imagens da queda de Cabul às mãos dos Talibans mostram-nos isso. O Afeganistão é, e sempre foi, o símbolo de um Ocidente aparvalhado. Muita gente crê que agora a brincadeira se tornou irreversível. O chamado retraimento estratégico americano já havia começado com Obama, depois daquelas escaramuças ridículas de Bush de querer exportar democracia neoconservadora para a região do Grande Médio Oriente. O que foi a fonte principal da instabilidade, do terrorismo, da insegurança internacionais. Foi logo após o 11 de Setembro e o assassínio, dois dias antes, do comandante Massoud, que uma coligação internacional venceu os talibãs e o seu regime monstruoso. Herat, Mazar-e-Sharif, Jalalabad, Bamiyan, Kandahar, foram cidades em que soprou, na época, um belo vento de otimismo e de liberdade. E as mulheres foram encorajadas a desvelarem-se daquelas prisões azuis chamadas burcas.
Claro que não há nada mais agradável para Pequim do que ver o descalabro de uma intervenção americana. Mas também não há nada mais assustador do que fanáticos islamistas junto à fronteira da região de Xinjiang e o potencial de desestabilização da região, incluindo o seu aliado Paquistão.
A Geoeconomia, em princípio baseada em relações mutuamente benéficas, calculada num jogo de soma zero, coaduna-se com o discurso oficial chinês personificado na figura da sua grande estratégia contemporânea – 'A Nova Rota da Seda'. Trata-se de um conjunto de corredores de desenvolvimento, promovidos pela China, que visam no curto prazo conectar a Ásia Central com a costa oriental chinesa, e assim garantir o fornecimento de gás, petróleo, e minérios para o país, além de abrir novos mercados e caminhos para escoar produtos chineses. Além de conectar o leste e o oeste chinês, é estratégico para a China a sua ligação à restante Ásia. Ampliando a sua presença continental, no longo prazo, o objetivo da nova rota da seda é extremamente ambicioso. É um plano que cria um amplo conjunto de infraestruturas terrestres – rodoviárias e ferroviárias de alta velocidade, de modo a chegar à Europa encurtando uns bons milhares de quilómetros, se estivermos a olhar para a atual rota marítima.
A Geoeconomia, em princípio baseada em relações mutuamente benéficas, calculada num jogo de soma zero, coaduna-se com o discurso oficial chinês personificado na figura da sua grande estratégia contemporânea – 'A Nova Rota da Seda'. Trata-se de um conjunto de corredores de desenvolvimento, promovidos pela China, que visam no curto prazo conectar a Ásia Central com a costa oriental chinesa, e assim garantir o fornecimento de gás, petróleo, e minérios para o país, além de abrir novos mercados e caminhos para escoar produtos chineses. Além de conectar o leste e o oeste chinês, é estratégico para a China a sua ligação à restante Ásia. Ampliando a sua presença continental, no longo prazo, o objetivo da nova rota da seda é extremamente ambicioso. É um plano que cria um amplo conjunto de infraestruturas terrestres – rodoviárias e ferroviárias de alta velocidade, de modo a chegar à Europa encurtando uns bons milhares de quilómetros, se estivermos a olhar para a atual rota marítima.
Com o enfraquecimento relativo das potências ocidentais, no contexto pós crise financeira de 2008, não podia existir uma melhor oportunidade para a China de expandir definitivamente o seu poder rumo a uma Nova Ordem Mundial sob a hegemonia chinesa. É o fim da hegemonia ocidental agora que os Estados Unidos, a bem dizer desde Obama, decidiram retrair-se, alimentando a perspetiva da entrada em vigor de um novo sistema internacional cuja configuração será cada vez mais próxima de uma estrutura multipolar.
A despeito de a dominância nos tabuleiros político e militar ainda ser dos Estados Unidos, ficou à vista a sua perda para a China do tabuleiro da Geoeconomia. Nesta conjuntura a China já é a segunda principal potência económica do planeta em prejuízo da Europa. Daí que a China busque empreender uma série de reformas internas com o intuito de reequilibrar as relações no sistema internacional, de modo que a Ordem Mundial espelhe o novo arranjo estrutural em curso, em consonância com a sua crescente importância.
O que o futuro reserva à China, aos Estados Unidos, e já agora ao resto do mundo, permanece uma incógnita. Num horizonte de curto e médio prazo, não significa que os Estados Unidos tenham desistido da sua posição internacional de primeira potência, incluindo a área económica. Mas a realidade é o que é, e está à vista o declínio relativo dos Estados Unidos face à ascensão da China. É difícil precisar se é mais um enfraquecimento do poder do próprio EUA, ou a ascensão do resto no sistema internacional em termos de aquisição de maior grau de importância. É visível, porém, o direcionamento do eixo dinâmico mundial em direção à Ásia ou Eurásia. Surge a necessidade de pensar o mundo para além de uma perspetiva meramente Ocidental. Ao fim e ao cabo a perspetiva histórica e cultural alternativa, como é o caso da chinesa, não é de somenos, se tivermos em conta a sua história imperial milenar. E na realidade, uma noção bem distinta daquela amplamente difundida, em pouco mais de um século, pela megalomania eurocêntrica.
A China diz que as prisões em massa, violações e esterilizações forçadas em Xinjiang são “mentiras absurdas”. No entanto, nesta província todos têm um amigo ou familiar desaparecido. As novas regras são claras, os homens não podem usar barba, nem as mulheres lenços na cabeça. O jejum durante o Ramadão é proibido tal como a saudação islâmica “As-salaamu ‘Alaikum”, ou seja, “A paz esteja convosco”. Pouco depois de Xi chegar ao poder, em 2012, nova rebelião violenta eclodiu em Xinjiang, e a chamada “política étnica de segunda geração” passou a prioritária. O líder mais forte da China desde Mao Tsé-Tung acreditava que só uma subjugação impiedosa poderia impedir a China de se balcanizar etnicamente, como sucedera à URSS.
Em toda a China as línguas minoritárias são expurgadas de escolas, locais de trabalho e meios de comunicação, enquanto a educação em mandarim é universalizada. O controlo da natalidade e o encorajamento dos casamentos interétnicos diluem o peso das minorias, deportadas para províncias distantes, supostamente por razões de trabalho e educação, ao mesmo tempo que colonos han substituem antigos residentes. Os defensores dos direitos humanos receiam que o projeto de assimilação forçada de Xinjiang seja um teste para aplicação posterior noutras regiões. A proliferação de campos de concentração em Xinjiang no início do século XXI horrorizou o mundo escondendo uma campanha insidiosa em curso no país mais populoso do mundo. É a fase final de uma cruzada secreta cujo objetivo é transformar as pessoas de regiões periféricas, vistas como “retrógradas e dissidentes”, em “leais, patrióticas e civilizadas”. O que se passa em Xinjiang é a ponta do icebergue, o problema estende-se por toda a China”, diz James Leibold, especialista em etnia e identidade chinesas, da Universidade de La Trobe, na Austrália.
A avenida que passa no topo norte do estádio – uma reta com quatro faixas em cada sentido – liga a segunda à terceira circular. Caminhando para ocidente, ao fim de 10/15 minutos encontra-se o Da Dong, santuário da nouvelle cuisine local, que revolucionou o «pato lacado à Pequim». À mesma distância, mas para o lado oposto, fica o village de Sanlitun, uma área cosmopolita, contígua a uma zona de embaixadas, e com dezenas de lojas, bares, cafés, restaurantes, boutiques de luxo, algumas galerias de arte, oito salas de cinema… e mais um McDonald’s. De táxi o percurso custa apenas o preço da bandeirada: 10 yuans. Até à Praça Tiananmen, o espaço urbano mais sensível da China, no centro físico e político de Pequim, também é simples: desce-se a segunda circular até à Jianguomenwai, vira-se à esquerda e a seguir é sempre em frente, por uma avenida com 12 faixas chamada Chang’an (Eterna paz). No total são cerca de oito quilómetros.
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