domingo, 3 de setembro de 2023

Euromaidan




Euromaidan, literalmente Europraça - Praça da Independência em Kiev - foi onde se desencadeou a onda de manifestações na Ucrânia que ocorreu de 21 de novembro de 2013 a 23 de fevereiro de 2014, e que culminou na remoção de Yanukovych do poder. Viktor Yanukovych teve de se refugiar na Rússia. A causa próxima foi a suspensão, por parte do governo, do acordo de associação da Ucrânia com a União Europeia. Essa decisão decorria do facto de a Rússia ter pressionado o governo, em que o presidente – Viktor Yanukovych – era afeto aos interesses da Rússia. Das pressões faziam parte sanções comerciais da Rússia. Outras causas para tão grandes manifestações, e prolongadas, era a endémica corrupção do governo, e a sistemática brutalidade da polícia. Os manifestantes reivindicavam a demissão de Viktor Yanukovych e eleições antecipadas. Para além disso, entre outras reivindicações, havia o caso de a Constituição de 2004 estar suspensa. A antiga primeira-ministra Yulia Tymoshenko estava em prisão domiciliária.

Sondagens efetuadas no decurso de Euromaidan, em dezembro de 2013, mostrava que a opinião pública estava praticamente dividida a meio. Entre 45% e 50% dos ucranianos apoiavam o Euromaidan; o maior apoio para o protesto vinha de Kiev (cerca de 75%); do lado ocidental da Ucrânia, centrado em Lviv, o apoio ultrapassava os 80%.


Inicialmente conduzidos por estudantes universitários, os protestos reuniram amplos setores da população descontentes com a gestão do governo e os resultados da política económica e social. Associara-se a este movimento a oposição política, bem como as igrejas ucranianas – a Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Kiev e várias organizações sociais. A Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscovo não aderiu.

O termo "Euromaidan" foi inicialmente utilizado como um hashtag no Twitter. Uma conta no Twitter chamada Euromaidan foi criada no primeiro dia dos protestos. Rapidamente se tornou popular na imprensa internacional. O nome é composto de duas partes: "Euro" é a abreviatura para Europa e "Maidan" ("esplanada" ou "praça") refere-se à Praça da Independência – Maidan Nezalejnosti – a principal praça em Kiev, onde os protestos se centraram.

Ao fim do dia 18 de fevereiro, na sequência de um aumento da violência, a polícia tentou expulsar pela força os manifestantes da Praça da Independência. Dos confrontos foram contadas 26 mortes e mais de uma centena de feridos. No dia 20 de fevereiro, três ministros dos Negócios Estrangeiros – Polónia, França e Alemanha – haviam chegado a Kiev para conversações de entendimento com o presidente Yanukovytch. 

Ainda no dia 20, depois de goradas conversações, a trégua foi rompida e tumultos ocorreram de novo, desta vez com armas de fogo. Qualificando o clima em Kiev de "pré-guerra civil", o ministro do Interior, Vitaliy Zakharchenko ordenou à tarde a entrega de armas para os policiais. Zakharchenko chamou a missão dos agentes policiais de "operação contra terrorismo". Também na parte da tarde, fontes hospitalares da oposição aproximaram o número de mortos em centenas, enquanto as fontes oficiais mantinham em 67 mortes. Os opositores também mantinham retidos nesse momento 67 polícias. Embora a oposição afirmasse em suas declarações que a polícia atirava para matar, o governo declarou que as forças estavam agindo em legítima defesa, por causa da violência da oposição.

Na manhã do dia 21 de fevereiro, a presidência da Ucrânia anunciou que havia chegado a um acordo com a oposição após a mediação da União Europeia. O acordo incluiria a formação de um governo de coligação, eleições antecipadas e retorno da Constituição de 2004. No entanto, na manhã de 22 de fevereiro, a oposição tomou conta do país e ocupou as principais instituições do poder em Kiev. O presidente Viktor Yanukovych havia viajado para Kharkiv para um congresso de deputados e governadores – Ucrânia Oriental e Crimeia. O Parlamento, com o voto favorável de 328 dos 450 deputados depõe oficialmente o presidente por "negligência de suas funções". Ao mesmo tempo, em Kharkiv, Yanukovych denuncia que aconteceu um golpe de estado em Kiev. Turchinov, que assumiu a coordenação do governo e a presidência do parlamento, acusando Yanukovych de ter fugido para a Rússia. 

Após a remoção de Yanukovych do poder no lugar de presidente, já havia anteriormente sido destituído como primeiro-ministro, o Congresso dos Deputados e governadores regionais do Leste e do Sul da Ucrânia apelaram à resistência com o argumento de que a oposição não havia cumprido o tal acordo de paz firmado em 21 de fevereiro.

Na manhã de 24 de fevereiro, Vladimir Kurennoy, deputado da Aliança Democrática Ucraniana pela Reforma (UDAR, por sua sigla em ucraniano) afirmou que Yanukovich teria sido preso na Crimeia e estava a ser transferido para Kiev. No entanto, mais tarde naquele dia, o Ministério do Interior emitiu um mandado de prisão contra Yanukovych sob a acusação de "assassinato em massa" durante a rebelião em Kiev.


Oleksandr Turchynov

Em 26 de fevereiro o parlamento ucraniano adia para o dia seguinte a eleição do governo interino que irá controlar a situação até às eleições de 25 de maio. O presidente Oleksandr Turchynov, por decreto, assumiu o cargo de Comandante Supremo das Forças Armadas ucranianas. Mas o governo russo reiterou que não reconhecia o novo governo em Kiev, uma vez que Viktor Yanukovich  representava o único poder legítimo na Ucrânia com o argumento de que todas as decisões tomadas pelo parlamento nos últimos dias eram ilegítimas, pois na Ucrânia o presidente legítimo havia sido destituído por um golpe de Estado.



Petro Poroshenko

Na manhã de 27 de fevereiro, grupos paramilitares russófilos tomam, sem encontrar resistência, os prédios da Presidência e do Parlamento da República Autónoma da Crimeia. A bandeira russa foi hasteada em ambos os edifícios. Naquele mesmo dia, o mesmo parlamento emitiu uma moção de censura, e escolheu um novo primeiro-ministro. Também anunciou a convocação de um referendo regional sobre o futuro político da região autónoma.

Em 25 de maio de 2014 realizaram-se eleições das quais saiu vencedor Petro Poroshenko, um pró-ocidental e favorável à aproximação da Ucrânia à União Europeia. Mantinha o acordo de associação com a União Europeia que vinha já de 2004, acordo esse que visava proporcionar recursos à Ucrânia tendo em vista a realização das necessárias reformas para futuramente se habilitar à adesão à União Europeia.

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