quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Como se combate a criminalidade urbana?


Enquanto a polícia tenta combater a criminalidade dos bairros problemáticos capturados pelas máfias da droga, a esquerda "woke" tende a culpar a polícia pelo difícil estado de coisas a que estes bairros chegaram. O combate à criminalidade em bairros problemáticos controlados por máfias da droga é uma questão complexa que envolve múltiplas camadas de intervenção social, política e de segurança. Quando movimentos ou ideologias, como a esquerda "woke", focalizam excessivamente as ações policiais e negligenciam o contexto criminoso, surgem certos desafios. A polícia precisa de legitimidade junto das comunidades que serve. A moderação das práticas abusivas podem reduzir as tensões. Isso deve ser combinado com uma presença ativa da polícia para combater o crime, de modo a garantir a segurança sem gerar uma reação hostil da comunidade. Nunca se devem perder de vista as políticas que só têm efeitos a longo prazo, como seja a integração social e a erradicação das bolsas de pobreza. Um combate que cujo horizonte de longo prazo nunca chega ao fim. A intervenção estatal deve ir além do policiamento, criando ambientes onde as máfias da droga não consigam exercer domínio, pois já não haveria tanto terreno fértil para o recrutamento.

Os "criminosos ricos" agem de forma muito mais invisível e protegida, como a corrupção, fraude e lavagem de dinheiro que causam danos enormes à sociedade, mas que raramente levam à mesma exposição ou punição severa. A disparidade na visibilidade e nas consequências entre os crimes dos pobres e dos ricos é uma realidade que alimenta a sensação de injustiça social. A violência visível nas camadas mais pobres é obviamente foco das atenções públicas e das políticas de segurança, enquanto os crimes silenciosos dos mais ricos podem continuar sem grandes repercussões. 

Devia ser mais natural as pessoas acreditarem nas instituições, do que em proselitismos demagógicos que mascaram agendas políticas das oposições aos governos. Mas ao se colocar em causa a proporcionalidade da força, por parte da polícia, está-se a abrir caminho ao enfraquecimento dos pilares do Estado de Direito Democrático. A polícia precisa de autonomia e confiança pública para exercer o seu papel: manter a ordem e proteger os cidadãos. Se houver uma tendência contínua de questionar as suas ações, sem considerar o contexto ou as circunstâncias que exigem o uso da força, corre-se o risco de enfraquecer a capacidade do Estado de garantir a segurança e a estabilidade. Isso não significa que o uso da força não deva ser sempre avaliado para que se evitem abusos. Mas deslegitimar a autoridade policial de forma generalizada pode enfraquecer a confiança nas instituições e criar um clima de insegurança. 

A desigualdade social e económica é um dos principais fatores que contribuem para os tumultos em massa. A desigualdade crescente em muitas sociedades ocidentais é um fator chave. Segmentos da população que se sentem marginalizados, economicamente excluídos ou socialmente negligenciados podem ver nos tumultos uma forma de expressar a raiva e a frustração. O capitalismo global, com ênfase na acumulação de riqueza, frequentemente acentua essa desigualdade, levando a um sentimento de injustiça entre aqueles que não têm acesso ao elevador social. É um estado de coisas que leva as pessoas a não acreditarem nas instituições.

As pessoas, especialmente as gerações mais jovens, podem sentir que o sistema não está respondendo às suas necessidades. Quando as instituições são percebidas como ineficazes ou corruptas, os tumultos podem tornar-se numa uma forma desesperada de resistência, em que a destruição de propriedade e confrontos com a autoridade são vistos como uma maneira de chamar atenção para causas maiores. No contexto dos tumultos, as identidades coletivas contam. Em situações de grande tensão, o comportamento de massa tende a suprimir a racionalidade individual. O instinto maniqueísta de "nós contra eles" emerge, levando a mais violência. 
Muitas vezes, esses tumultos começam com eventos específicos, como a violência policial. Muitas vezes as pessoas que participam nesses tumultos criam uma sensação de impunidade, especialmente em momentos em que as forças da ordem não conseguem responder adequadamente. A destruição, em certo sentido, pode também oferecer uma catarse, uma descarga de frustração reprimida que se acumula ao longo do tempo. Esse comportamento inato aglutina-se numa entidade que atua como um organismo coletivo sem regras nem princípios morais.

Em conclusão: esses episódios de violência em massa, principalmente nas democracias ocidentais, são um sintoma que reflete uma crise social mais ampla. O contraste entre os ideais de uma sociedade democrática, que supostamente oferece liberdade, igualdade e justiça gera um ressentimento que explode periodicamente. Embora pareçam irracionais pelo grau de destruição e caos que geram, esses tumultos indiciam profundas falhas do sistema político que organiza as sociedades modernas. A violência que emerge é, em muitos casos, uma expressão de um sistema que não está conseguindo responder adequadamente às necessidades de grande parte da população. No entanto, a destruição e os danos causados podem também alienar outros setores da sociedade, criando um círculo vicioso de divisão e desconfiança mútua.

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