Patriotas pela Europa é uma grupo político populista, formado como o terceiro maior grupo parlamentar à frente da X Legislatura do Parlamento Europeu. Em termos políticos, esse conceito de "Patriotas", que é mais "Nacionalista", costuma estar associado a correntes conservadoras, populistas e anti-imigração. Daí que defendam a primazia da cultura e dos valores nacionais. Rejeitam o cosmopolitismo, e também a globalização. Argumentam que grandes fluxos migratórios ameaçam a coesão social e cultural de cada país.
Apesar de estarem representados no Parlamento Europeu, uma instituição da União Europeia, tendem a ser contra a União Europeia (eurocéticos), com o argumento de que enfraquece a soberania nacional. Criticam o multiculturalismo – considerando que a mistura cultural enfraquece a identidade nacional em vez de enriquecê-la. Preferem proteger a economia nacional contra a influência de empresas estrangeiras e acordos de livre comércio. Buscam preservar costumes, língua e símbolos nacionais. Na Europa, Partidos como o Rassemblement National (França), Fratelli d’Italia (Itália) e a AfD (Alemanha) adotam discursos patriotas nativistas. E nos EUA é o movimento “America First” (MAGA) de Donald Trump. Por conseguinte, o patriotismo nativista é identificado com os populistas de extrema-direita, mas também pode ter variantes mais moderadas, e até partidos identificados com a extrema-esquerda, dependendo do contexto histórico e cultural.
Os critérios classificativos políticos na Europa e na América do Norte não são plenamente coincidentes, pois refletem tradições históricas, culturais e institucionais distintas. Embora conceitos: esquerda e direita, liberalismo e conservadorismo - existam em ambos os contextos, o significado desses termos pode variar bastante. Na Europa, o "Liberal" pode ser colocado numa posição no centro-direita do espectro político associado ao livre mercado, ao Estado mínimo, como FDP alemão ou Partido Liberal britânico. Ao passo que nos EUA é quase sinónimo de progressista, associado ao Partido Democrata e a causas como direitos civis, ambientalismo e regulação económica.
Nos EUA o "Socialismo" é um termo quase desconhecido. Mesmo entre os progressistas, é usado para o ataque político dos conservadores a uma certa margem identificada com a esquerda do Partido Democrata, como Bernie Sanders. Em alguns países, o nacionalismo é visto com desconfiança devido aos precedentes na Europa do fascismo e nazismo que levaram à Segunda Guerra Mundial.
A clássica divisão "esquerda/direita" já não faz tanto sentido como no passado, especialmente porque os eixos políticos se tornaram mais complexos e multifacetados. Hoje, muitas questões políticas já não se enquadram perfeitamente nesse binarismo, e novas clivagens surgiram, como globalismo vs. nacionalismo, progressismo vs. tradicionalismo ou centralismo vs. populismo. O populismo não se encaixa rigidamente na esquerda ou na direita. Na Europa, partidos como o Rassemblement National (França) ou o Chega (Portugal) combinam políticas sociais estatistas (próprias da esquerda) com forte nacionalismo. Nos EUA, Trump adotou um discurso anti-elite e protecionista, tradicionalmente associado à esquerda, mas mantendo uma retórica conservadora. Portanto, há novos eixos de conflito.
Hoje, um operário pode votar num partido de direita populista porque se sente ameaçado pela imigração, enquanto um empresário pode apoiar um partido de esquerda por causa da responsabilidade ambiental. O "voto de classe" já não é tão previsível como no século XX. Dessa forma, a política atual é melhor compreendida em múltiplos eixos, e não apenas no velho espectro esquerda/direita. Essa mudança gera confusão, mas também reflete um realinhamento no debate político ao longo de novas dinâmicas sociais e económicas.
O populismo não é uma doutrina política no sentido clássico, como o liberalismo, o socialismo ou o conservadorismo. Em vez disso, o populismo é mais um estilo de fazer política ou uma estratégia de mobilização, que pode ser adotada tanto por políticos de esquerda como de direita. Uma das características do populismo é a divisão entre "o povo" e "a elite". O populista apresenta-se como o verdadeiro representante do povo contra uma elite (alegadamente conotada com a corrupção, globalização e offshores). Tende a reduzir problemas complexos a soluções fáceis, normalmente personificadas num líder carismático. Desconfiança das instituições tradicionais, podendo atacar os órgãos de comunicação social mainstream. Muitos populistas usam símbolos nacionais, históricos ou religiosos para reforçar o seu vínculo com o eleitorado. E flexibilidade ideológica, que pode combinar propostas tradicionalmente de esquerda (proteção social, rejeição do neoliberalismo) com elementos de direita (nacionalismo, conservadorismo moral).
Enquanto o populismo de extrema-direita se foca no nacionalismo, ao mesmo tempo tem de atacar a imigração. Donald Trump, Viktor Órban ou Marine Le Pen, são exemplos paradigmáticos. Entre os exemplos de populistas de esquerda a atacar as elites económicas, bancos e corporações multinacionais, avultam Nicolás Maduro da Venezuela, ou membros do Bloco de Esquerda em Portugal. Diferente do liberalismo, o populismo de extrema-direita não tem um conjunto fixo de princípios ou objetivos de longo prazo. Adapta-se às circunstâncias e pode assumir diferentes formas, dependendo do contexto nacional. Ao passo que o socialista, enquanto esquerdista, que não se reclama do socialismo democrático (social-democrata) segue uma linha socialista ideologicamente clara identificada com o trotskismo do Bloco de Esquerda Português, ou o bolchevismo do passado marxista-leninista do Partido Comunista Português.
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