domingo, 15 de março de 2020

Porque é que a paranoia subvaloriza a verdadeira natureza dos vírus


A propósito do artigo de António Barreto hoje no Público, que pode ser lido aqui:
https://www.publico.pt/2020/03/15/opiniao/opiniao/emergencia-razao-1907660

e que só pode ser lido como metáfora irónica do que se diz nos meios onde proliferam as teorias da conspiração, aqui fica um curto apontamento sobre a natureza paranoica da mente subjacente às teorias da conspiração e outras histerias coletivas.

Como seria de esperar, sobretudo para quem se dedica a estudar os fenómenos designados por “teorias da conspiração”, já abunda nas redes sociais todo o tipo de explicação conspirativa dos verdadeiros fautores desta última pandemia provocada por um novo coronavírus. As pessoas com perturbações da personalidade de cariz paranoico procuram por todo o lado significados ocultos. Têm uma dose de autoconfiança ilimitada ao ponto de não confiarem em ninguém.

No entanto, há uma ironia no fundo mais remoto dos paranoicos. No extremo oposto do espetro paranoico, é em situações excecionais que eles se revelam extraordinários com a sua perceção apuradíssima, captando processos e acontecimentos em que os outros nem sequer reparam. Na verdade, sem uma porção equilibrada de pensamento paranoico os próprios cientistas mal chegariam às suas conclusões. Os cientistas geniais são aqueles que a um dado momento das suas pesquisas, reconhecem um determinado contexto em que, até então, nenhuma outra pessoa havia reparado. Ou se reparou, achou que era obra do acaso. 


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