Há muitas inscrições na Península Ibérica já bem identificadas nas suas línguas de origem, tal como: grega, ibérica ou celtibérica, fenícia. No entanto, encontram-se umas inscrições no Baixo Alentejo e Algarve, e também em Espanha (Extremadura e Andaluzia), mais de 90, quase todas em estelas ou lápides, cujos signos difíceis de interpretar representam uma língua ou línguas até agora desconhecidas. Os autores não são consensuais quanto à sua origem. A maior parte dos autores canónicos inclinam-se para a origem fenícia ou tartéssica. Mas há um autor – Augusto Ferreira do Amaral – que depois de um longo estudo e exaustivo chegou à conclusão que seria mais provável ser de origem neo-hitita.
A Escrita do Sudoeste tem sido um dos temas da Proto-história de Portugal, não só por ser considerada a primeira escrita a aparecer na Península Ibérica, mas ao mesmo tempo pela sua dificuldade na atribuição dos seus autores. Segundo Varela Gomes, a Escrita do Sudoeste, pode ser das mais antigas entre as existentes na Península Ibérica. Elas datam fundamentalmente da 1ª Idade do Ferro (século VII ou VIII a.C.). Mais antigas só as inscrições do 2º milénio a.C. provenientes da ilha de Creta em escritas linear A e linear B, em alguns lugares do Mediterrâneo.
Contra a hipótese de a Escrita do Sudoeste (SW) ser de origem fenícia, joga a escassa presença de topónimos e de inscrições fenícias na Península Ibérica. Os Fenícios não tiveram grande influência na orientalização do sul da Península Ibérica, ao contrário da que lhe tem sido atribuída.
E quanto à origem Tartéssica? Esta tem sido a hipótese com mais adeptos. No entanto A.F.A. vê diferenças consideráveis na língua representada nas inscrições espanholas do SW, em relação às das portuguesas. Além do que o Baixo Alentejo e o Algarve estavam longe de ser o centro mais representativo da cultura tartéssica, aparecendo preferivelmente como região periférica em relação a esta. Para além de achar pouco adequada uma qualificação desta escrita como tartéssica, quando o que se tem construído sobre Tartessos ser mais do foro mítico.
A documentação existente consta de estelas ou fragmentos de estelas epigrafadas e alguns raros grafitos. São fundamentalmente associadas à chamada 1ª Idade do Ferro do sul de Portugal, se bem que também apareçam inscrições datáveis da 2ª Idade do Ferro. Admite-se que quase todas tivessem conexão com necrópoles ou sepulturas.
As línguas hitita e luvita, que são línguas indo-europeias, entre 1400-1200 a.C. tinham uma escrita cuneiforme. A língua fenícia, que é uma língua semita, entre 1050-850 a.C. tinha uma escrita alfabética. A língua do SW (Alentejo e Algarve), entre 800-400 a.C., e provavelmente a língua tartéssica de 700 a.C. eram línguas de raiz indo-europeia, mas a escrita era mista (alfabético-silabária). A língua dos Iberos, entre 600-300 a.C., não era uma língua indo-europeia, mas a escrita era também mista (alfabético-silabária). Daí ser plausível que a escrita do SW não seja de origem tartéssica, e tenha, sim, sido importada com o povo sul-anatólico que ao Algarve terá chegado em finais do século VIII a.C.
Na Península Ibérica, sabe-se bem que o 1º milénio a.C. antes da invasão romana, era um mosaico muito diversificado de línguas. E sabe-se que Portugal começou a ser ocupado por indo-europeus em várias levas ainda durante o 2º milénio a.C. E no 1º milénio a.C. a Península Ibérica terá tido imigrações de Ligures, Trácios, Indo-arianos, Celtas e Anatólicos. Em Espanha há ainda que levar em conta nessas épocas mais etnias além dessas, entre as quais Bascos, Fenícios, Líbio-fenícios (Cartagineses) e Iberos.
Assim, recentes estudos da língua falada e de topónimos da faixa sul da Península Ibérica de Tartéssios, Túrdulos, Cónios e Cilbicenos, devem levar a uma substancial revisão de antigos conceitos simplistas.
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