Os colunelos e as respetivas arquivoltas do pórtico formam um conjunto absolutamente notável em termos artísticos, e não menos surpreendente nas suas conotações esotéricas de influência orientalizante.
Rates – Póvoa de Varzim, Igreja Românica de São Pedro de Rates
Igreja Românica de Rates, constitui um dos mais importantes monumentos românicos medievais no então emergente reino de Portugal, dada a relevância das formas arquitetónicas e escultóricas, e um dos mais importantes mosteiros beneditinos clunicenses.
O edifício atual é resultado da refundação clunicense do século XIII, graças à doação do Mosteiro de Rates ao Priorado ligado à Ordem de Cluny, feita pelo Conde Dom Henrique de Borgonha, para que ali fosse implantada a Regra Beneditina.
Até 1552, a igreja guardava o Corpo de São Pedro de Rates antes de este ter sido transferido para a Sé de Braga. São Pedro de Rates seria um bispo ordenado por Santiago Mata-Mouros e decapitado quando celebrava uma missa. Um eremita chamado Félix deu sepultura ao corpo mutilado e decomposto do bispo.
O acesso ao templo faz-se pelo imponente portal axial de cinco arquivoltas e arcos de volta perfeita, inserido na fachada ligeiramente assimétrica e contrafortada.
Rio Mau – Vila do Conde, Igreja de São Cristóvão
Esta descrição é de José Saramago: "Realmente um templo muito simples com a força estética que de súbito sufoca e oprime o viajante. No tímpano do pórtico, vê-se ao centro a figura do báculo, que se diz ser Santo Agostinho; mais duas outras menores e uma ainda mais pequena que parece uma criança enfaixada segurando a Lua com os braços levantados; e a ave e o Sol por cima da cabeça."
Lembrando-me que na Idade Média Rio Mau e Rates estavam alinhados pelo Caminho de Santiago, voltámos a Rio Mau. A representação do ‘Agnus Dei’, que se vê na foto a seguir, com a cruz orbicular a sair da perna esquerda levantada do cordeiro, é estranha! E ainda mais a cabeça do cordeiro que mais parece a de uma serpente. Esta figura vê-se melhor quando se sai do templo e se olha para o tímpano pelo lado de dentro.
Na realidade a figuração da capela-mor é riquíssima, com uma variedade impressionante e desconcertante de símbolos. Por exemplo: numa coluna à direita temos um personagem com um escudo e uma espada em forma de ‘tau’. Noutro lado encontramos quatro figuras, uma delas tem a mão sobre o coração e não tem barba nem cabelo. E ao lado outra parecendo estar a tocar viola medieval. Noutro capitel uma ave está ladeada por duas figuras canídeas em posições inverosímeis, cujo simbolismo desafia a nossa mente racional.
Tudo isto deve estar relacionado com cultos esotéricos em plena Idade Média de tradições muito anteriores à entrada do cristianismo romano na Península. É preciso lembrar que de início a maior parte do cristianismo no ocidente peninsular era um cristianismo herético. Um deles era o priscilianismo, pregada por Prisciliano e derivado de doutrinas gnóstico/maniqueístas ensinadas por Marcus, um egípcio de Mênfis. Prisciliano, (340-385), oriundo da Galiza, teve grande influência aqui. Acabou por ser condenado pela Igreja oficial, romana, por heresia e a prática de rituais mágicos. Em 385 é decapitado em Tréveris após confissão sob tortura.
O edifício atual é resultado da refundação clunicense do século XIII, graças à doação do Mosteiro de Rates ao Priorado ligado à Ordem de Cluny, feita pelo Conde Dom Henrique de Borgonha, para que ali fosse implantada a Regra Beneditina.
Até 1552, a igreja guardava o Corpo de São Pedro de Rates antes de este ter sido transferido para a Sé de Braga. São Pedro de Rates seria um bispo ordenado por Santiago Mata-Mouros e decapitado quando celebrava uma missa. Um eremita chamado Félix deu sepultura ao corpo mutilado e decomposto do bispo.
O acesso ao templo faz-se pelo imponente portal axial de cinco arquivoltas e arcos de volta perfeita, inserido na fachada ligeiramente assimétrica e contrafortada.
Rio Mau – Vila do Conde, Igreja de São Cristóvão
Esta descrição é de José Saramago: "Realmente um templo muito simples com a força estética que de súbito sufoca e oprime o viajante. No tímpano do pórtico, vê-se ao centro a figura do báculo, que se diz ser Santo Agostinho; mais duas outras menores e uma ainda mais pequena que parece uma criança enfaixada segurando a Lua com os braços levantados; e a ave e o Sol por cima da cabeça."
Lembrando-me que na Idade Média Rio Mau e Rates estavam alinhados pelo Caminho de Santiago, voltámos a Rio Mau. A representação do ‘Agnus Dei’, que se vê na foto a seguir, com a cruz orbicular a sair da perna esquerda levantada do cordeiro, é estranha! E ainda mais a cabeça do cordeiro que mais parece a de uma serpente. Esta figura vê-se melhor quando se sai do templo e se olha para o tímpano pelo lado de dentro.
Na realidade a figuração da capela-mor é riquíssima, com uma variedade impressionante e desconcertante de símbolos. Por exemplo: numa coluna à direita temos um personagem com um escudo e uma espada em forma de ‘tau’. Noutro lado encontramos quatro figuras, uma delas tem a mão sobre o coração e não tem barba nem cabelo. E ao lado outra parecendo estar a tocar viola medieval. Noutro capitel uma ave está ladeada por duas figuras canídeas em posições inverosímeis, cujo simbolismo desafia a nossa mente racional.
Tudo isto deve estar relacionado com cultos esotéricos em plena Idade Média de tradições muito anteriores à entrada do cristianismo romano na Península. É preciso lembrar que de início a maior parte do cristianismo no ocidente peninsular era um cristianismo herético. Um deles era o priscilianismo, pregada por Prisciliano e derivado de doutrinas gnóstico/maniqueístas ensinadas por Marcus, um egípcio de Mênfis. Prisciliano, (340-385), oriundo da Galiza, teve grande influência aqui. Acabou por ser condenado pela Igreja oficial, romana, por heresia e a prática de rituais mágicos. Em 385 é decapitado em Tréveris após confissão sob tortura.
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