sábado, 17 de agosto de 2019

Por foros do mundo celta no noroeste de Portugal

Onde hoje estou – Braga – já há mais de dois mil anos se haviam instalado primeiro os celtas e depois os romanos. Os Celtas eram conhecidos por ‘Bracaros ou Bracari’. Parece que foram eles que deram o nome a Braga (Bracara). E é no reinado de Augusto (27 a.C. – 14 d.C.) que a cidade ‘Bracara Augusta’ é fundada sobre o povoado celta que restava no local, pois os Romanos quando aqui chegaram destruíram muita coisa. 



A Citânia de Briteiros, pela riqueza dos restos arqueológicos da Idade do Ferro, deve ter desempenhado um papel político importante na região dos ‘Callaeci’, que evoluiu para Galiza. O Balneário, a avaliar pela decoração da estela principal com o arco semicircular em baixo, é muito interessante pela forma pentagonal e pelo símbolo gravado no vértice superior, uma suástica celta (neste caso de três braços, também designada por trísceles). 

O símbolo “trísceles”, como uma estrela de três pontas curvas, confere ao símbolo a ideia de movimento. Também pode ser definido como um conjunto de três espirais concêntricas. É um dos elementos mais presentes na arte celta, e a sua origem no ocidente europeu é atribuída à cultura do povo indo-europeu ainda na época neolítica. Na Sociedade Martins Sarmento, em Guimarães, podem observar-se esculpidas em pedra de granito vários tipos destas suásticas celtas – tetrásceles (quatro braços); suásticas flamejantes, uma de nove braços e outra de doze) – que continuaram a marcar uma forte presença tanto na decoração popular como na arte românica e gótica, e até manuelina, podendo ver-se no Mosteiro dos Jerónimos uma suástica flamejante com cinco braços. Bem, na Sociedade Martins Sarmento há um manancial destes símbolos gravados nas pedras, não passando despercebida a cruz orbicular inscrita no círculo, e a estrela de cinco pontas. 


A cruz orbicular – também conhecida por cruz templária – é a cruz inscrita no círculo em movimento, sendo o centro o motor imóvel, a quinta essência, contendo desta forma as duas suásticas. Sendo o círculo a expressão geométrica da Divindade, os dois traços em cruz é a expressão da “substância primordial” e do pensamento divino. A partir dos séculos XI/XII, começa a aparecer em praticamente todos os templos românicos em Portugal. Estes templos são fortalezas de pedra, com janelas diminutas, claramente viradas para o recolhimento em segurança física e também votadas à meditação e introspeção. Todos os reis portugueses, até Sancho II, usaram esta cruz no respetivo selo. Os Templários portugueses usaram-na como símbolo místico. Com D. Dinis, e com a extinção da Ordem do Templo pelo Papa, a cruz estiliza-se na Cruz da Ordem de Cristo, que passou a aparecer a partir daí nas velas das caravelas portuguesas. Este símbolo terá sido trazido por cristãos orientais, ainda no período pré-nacional, que chegaram cá pelas rotas fenícias. 


Apesar de ser a cruz que os Templários Portugueses adotaram, esta cruz é um símbolo encontrado em muitos lados da Antiguidade. Na foto acima vê-se a mesma cruz de um baixo relevo no peito do rei assírio Assurnasirpal II, que governou a Assíria entre 884-859 a.C. A sua origem insere-se na tradição antiquíssima da cruz inscrita no círculo. A cruz de quatro braços iguais, apontando para os quatro pontos cardeais, é o símbolo da totalidade do Cosmos, inspirando os próprios mandalas

Suástica – do sânscrito – significa cruz. A origem, e o seu significado, perdem-se na Antiguidade, nada que ver com a cruz onde Cristo foi crucificado. É muito anterior. Foi encontrada uma do século XV a.C. em Cnossos (Creta), e várias na Assíria do século IX a.C. Aliás, a cruz no Cristianismo só começou a ser usada a partir do séc. V d.C. Até aí, o símbolo dos cristãos era o peixe (Icthus)


A suástica com os braços virados para esquerda, portanto rodando para a direita, no sentido dos ponteiros do relógio – conhecida como a suástica de Vishnu – representa o movimento da construção, da ordem e da harmonia. Ao passo que a suástica com os braços virados para a direita, rodando em sentido contrário ao dos ponteiros do relógio – conhecida como a suástica de Shiva – simboliza o movimento de destruição. A cruz orbicular inclui geometricamente os dois movimentos. 

Sem comentários:

Enviar um comentário