sexta-feira, 23 de agosto de 2019

São Bartolomeu


Podemos ir a Ponte da Barca ou Esposende às festas do São Bartolomeu. São Bartolomeu é alvo de especial veneração em muitas terras de Portugal. A 24 de agosto desacorrenta o Diabo para andar em liberdade. O Diabo anda à solta.

A tradição de São Bartolomeu do Mar, em Esposende, é muito sui generis. São Bartolomeu do Mar foi sede de uma freguesia extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, para, em conjunto com Belinho, formar uma nova freguesia denominadaUnião das Freguesias de Belinho e Mar com a sede em Belinho.

No dia 24 de agosto realiza-se a famosa romaria a São Bartolomeu do Mar santo padroeiro da freguesia. A tradição remonta ao século XVI e consiste em dar voltas à Igreja com um pinto (os locais dizem pito) preto ao colo, passar por baixo do andor (a barca de São Bartolomeu) e, de seguida, recebem o toque do santo na testa. Depois há que ir à praia "furar" ondas em número ímpar, ou seja, três, cinco, sete ou nove. Tudo isto para que as crianças ficassem afastadas de efeitos demoníacos.
O galo é um símbolo solar por excelência. Sendo preto, representa o sol oculto, a força necessária para ultrapassar a fase negra das forças caóticas mais arcaicas as águas profundas simbolizadas na passagem por baixo da barca. Ainda há quem cumpra a tradição, que consiste trazer de casa um galo preto cozinhado (de preferência arroz de frango caseiro), e comido no areal da praia.

Chegam a ser milhares as pessoas que cumprem o rito profilático de tirar o medo às crianças. Na praia, veem-se pessoas sentadas no areal e outras tantas a tomar o banho purificador. Como o Diabo anda à solta, a água do mar tem nesse dia um poder especial, mais devotado às crianças, livrando-as da epilepsia, da gaguez, enfim, dos males do Demo. No fim há a procissão que segue da igreja até à praia e depois regressa. Nela alinham vários andores e ainda em maior número os amortalhados.


Na foto acima vê-se o Menir de São Bartolomeu do Mar, com 2m de altura. Este monólito de granito parece ostentar uma figura antropomórfica, muito incipiente. Datado do Neolítico-Idade do Bronze (III-II milénio a.C.), teria uma vocação devocional com o culto de fertilidade. Há ainda tradições locais sobre o menir, dizendo-se que não pode ser retirado dali pois grandes males poderão assim chegar ao local, tais como o a invasão do mar a cobrir os terrenos férteis, acarretando na esterilização dos campos.

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