sexta-feira, 9 de agosto de 2019

O que dá sentido à frase é o verbo




Este “bilhetinho”, como Agostinho da Siva gostava de lhes chamar, são uma espécie de “podcasts” de um tempo em que ainda não havia internet, mas que Agostinho profetizava que a física estava desembocando num enigma: “em física a energia é um ente vivo. Nós somos uma fração dessa energia. Não há coisa nenhuma no mundo que não seja energia, a não ser uma coisa grave que os físicos ainda não puseram a claro, que é o intervalo entre os grãos de energia.” 
O que dá sentido à frase é o verbo. O homem chegou e… o outro. Que é que ele fez? Matou, beijou, que é que ele fez? Não se percebe nada. Então o verbo é aquilo que dá significado à frase. O Evangelho de São João diz exatamente que ao princípio era o verbo. Podia ser a palavra. Mas João vai ao grego buscar a palavra que é logos, donde vem a palavra lógica. Então podia traduzir-se do Evangelho de João: ‘ao princípio era a lógica’ – a coerência. Quer dizer: o fundamental do universo é que ele é coerente, é que ele é lógico. 
Então o logos grego, o verbo do São João, seria aquilo que dá significado ao mundo. A ciência é aquilo que conduz logicamente à porta do mistério. Agora como é, a ciência é capaz de penetrar o mistério ou não? O mais longe que se pode chegar é à matemática. Então eu digo: o mundo é uma matemática. E pergunto logo: sem o matemático? Nunca teve arquiteto?



Nesta foto vê-se o local do suicídio de Antero de Quental juto ao Convento de Nossa Senhora da Esperança, em Ponta Delgada – ilha de São Miguel nos Açores. Em 1890, devido à reação nacional contra o ultimato inglês, de 11 de janeiro, aceitou presidir à Liga Patriótica do Norte, mas a existência da Liga foi efémera. Quando regressou a Lisboa, em maio de 1891, instalou-se em casa da irmã, Ana de Quental. Nesse momento o seu estado de depressão era permanente. Parece que Antero era um bipolar.Então em junho regressa a Ponta Delgada. E em setembro, no dia 11, comete suicídio com dois tiros, num banco de jardim junto ao Convento de Nossa Senhora da Esperança, onde está na parede a palavra "Esperança". Diz Agostinho da Silva: 
O Antero em certas alturas da sua vida, queria o nada, como se fosse um budista puro. Ligar-se ao nada. Nesse momento o nada é alguma coisa. É a dificuldade do budismo. Bom, querer nada é um engano. Quer-se sempre alguma coisa. Por exemplo: ‘quero viver’. Para mim basta esta resposta, porque há pessoas que não querem viver. Por que razão é que a pessoa quer morrer? A pessoa em geral apresenta várias razões. Se diz que quer viver, excelente! Mas é preciso querer. Inútil perguntar a uma pessoa o que quer se ela não está na disposição de querer seja o que for (rizos…) 

Sem comentários:

Enviar um comentário