O termo “nações celtas” refere-se a territórios (nações na maioria das vezes sem o seu próprio estado) que na Europa Ocidental suscitou no início do século XX um maior aprofundamento, quer no que diz respeito à língua, quer no que diz respeito a características culturais. Nesse contexto, o termo "nações" ganhou significado ao entender-se como um grupo étnico de pessoas historicamente associadas a um território-raiz compartilhando uma identidade própria através de uma língua, uma cultura e uma mentalidade comum. Assim, para além da Irlanda, País de Gales, Escócia, Cornualha e Ilha de Man, cuja reivindicação de nação celta já era proclamada nos finais do século XIX, no século XX a Galiza também se juntou a esse grupo. No entanto, os esforços despendidos pelos Galegos no sentido de aproximação e criação de pontes com as outras nações celtas, foram sabotadas pela ditadura fascista que, entretanto, se instalou na Espanha. No entanto, a Galiza está incluída em numerosos atos de expressão e reivindicação da cultura celta, bem como as Astúrias.
Houve tempos em
que uma tradição transmitida de geração em geração, apenas era reconhecida como
um corpus identitário de uma civilização desde que fosse acompanhada de documentos
escritos. Na história da humanidade sempre se privilegiou a escrita, por esta
ser o meio mais seguro e mais fiel da preservação da memória do passado. Os
gregos não tiveram o problema dos celtas, porque as obras literárias que
deixaram desde o século VIII a.C. permitiu-lhes a entrada no rol dos povos
civilizados.
Mas hoje podemos
recuar ainda mais no tempo graças à introdução de novas tecnologias na área da
arqueologia e da antropologia das religiões. Já ninguém duvida, por exemplo,
que os construtores megalíticos que viveram do V ao II milénio a.n.e. foram
extraordinários artesãos de uma civilização brilhante que ocupou uma grande
faixa desta Finisterra à beira do Atlântico. E, no entanto, não nos deixaram
literatura. Deles ficaram as pedras monumentais e os misteriosos símbolos nelas
gravados a que chamamos civilização megalítica. Ora, é neste contexto que
os autodidatas também embrulham os celtas. Há uma realidade incontestável: os
celtas não escreveram nada antes de serem cristianizados. Foram monges eruditos
que pacientemente recolheram em manuscritos preciosos os testemunhos que ainda
circulavam oralmente. Mas ainda assim, sabemos muito pouco sobre eles.
Os celtas, segundo
os autores gregos, aparecem na História por volta do ano 500 a.n.e. Segundo a
historiografia oficial, o povo indo-europeu original terá surgido no sul da
Rússia, de onde se expandiu em direção à Ásia, dando origem, por exemplo às
culturas hindu e iraniana; e em direção à Europa, originando uma grande
diversidade de culturas e civilizações. Estes povos, tendo cada um deles
características muito próprias, têm uma base cultural comum que se torna
evidente ao estudar-se a evolução do seu pensamento mítico-religioso.
Mas é a Arqueologia
que põe em evidência o aparecimento de uma nova forma de civilização na qual o
ferro desempenha um papel fundamental. Chamou-se a este período Primeira Idade
do Ferro, ou Civilização de Hallstatt, nome de uma estação arqueológica
austríaca. E foi a partir desta região que os denominados povos celtas começaram
as suas migrações, dirigindo-se sobretudo para ocidente, em vagas sucessivas. Se
quisermos ir mais fundo na nossa história para compreendermos melhor as nossas
tradições que remontam à matriz Celta e Indo-europeia do Norte de Portugal, e a
natureza do nosso inconsciente coletivo, não podemos parar na história de D.
Afonso Henriques, mas temos de ir mais dois milénios atrás. É uma longa
tradição que mergulha raízes em civilizações de vários povos pré-romanos. Desde
épocas muito longínquas que o extremo ocidental da Ibéria foi habitado por
muitos povos. Mas a população da maior parte da Península Ibérica era
essencialmente Indo-europeia. Do primitivo tronco comum Indo-europeu
diferenciaram-se diversos ramos numa multiplicidade de povos, em que o tempo se
encarregou de os amalgamar na designação de povo celta.
Mas estas
migrações devem ter começado muito antes, ou seja, desde o fim da Idade do
Bronze na Europa, que aponta para 800 a.C. E há quem acredite que foram estes
primeiros falantes de língua indo-europeia que invadiram o noroeste da
Península Ibérica em direção ao Fim do Mundo (Finisterra), e onde já aí
habitavam outros povos: os da Civilização Megalítica. De uns e outros pouco se
sabe.
Portanto, houve um
primeiro fluxo migratório – que precedeu outros nomeadamente aquele relatado
pelos gregos – cronologicamente situado na charneira das Idades do Bronze e do
Ferro. O segundo fluxo migratório ocorreu depois do ano 500 a.C., que inclui,
além dos gauleses e dos belgas, os antigos bretões insulares cujos atuais
descendentes se encontram no País de Gales, na Cornualha e na Bretanha
Armoricana.
Aqui chegados ao
Noroeste Peninsular, os primeiros invasores de língua celta, tiveram que se
esforçar para dominar as populações autóctones e as aculturar, isto é,
ensinando-lhes a língua e a religião (o druidismo que era comum ao conjunto dos
povos celtas), transmitindo-lhes os costumes e as técnicas, estruturas sociais
e modo de pensar. Muitos dos monumentos megalíticos terão sido reativados pela
civilização Celta. E temos os lígures que também cultuavam o deus Lug. Era para
todos os efeitos um símbolo religioso aglutinador. E é também o caso de Lugo,
na Galiza, que cultuava o deus Lug, e que possivelmente deve também estar
relacionada com a etimologia das palavras lugar e local.
Mas não pararam
por aqui, porque acabaram por descobrir que a ocidente ainda havia mais Terra,
a Irlanda ou Ilha Verde. Os quintos conquistadores da Ilha Verde são chamados,
nas narrativas, “Os filhos de Milé”, ou os “milesianos, que vieram do oriente e
passaram pela Ibéria ou Hispânia. Correspondem precisamente aos Gaélicos, os
representantes da sociedade irlandesa tradicional, tal como foi encontrada
pelos primeiros missionários cristãos, e tal como ela era ainda quando aí
chegaram os Anglo-Normandos de Henrique II Plantageneta.
Nas tais
narrativas épicas, as invasões encontram-se sempre datadas à volta do 1º de
maio; e as guerras, no decurso das quais morre um rei, ocorrem à volta do 1º de
novembro. Nas narrativas épicas aparecem também mulheres mágicas, e
frequentemente feiticeiras. Na perspetiva celta, as mulheres são dotadas de
poderes ignorados pelos homens. É preciso não esquecer que a origem da história
trágica de amor de Tristão e Isolda, tão célebre no mundo ocidental e chegando
a ser considerada o símbolo do amor humano, está claramente inscrita na epopeia
celta da Irlanda. A característica mais saliente destas heroínas femininas
épicas é apresentarem múltiplas aparências, múltiplos rostos, múltiplos
semblantes, geralmente três, tendo em consideração o número simbólico sagrado
dos Celtas, vejam-se as formas de tríades ou de trísceles (a tripla
espiral que, girando à volta de um ponto central, simboliza por excelência o
universo em expansão).
Neste momento da
História, a Irlanda é o sítio que conserva ainda as tradições mais arcaicas, o
que já não se vê em mais nenhum lado. Segundo tudo leva a crer, a epopeia
irlandesa, que conservou uma grande parte de arcaísmos, testemunha, mais do que
qualquer outra tradição europeia, a existência de uma epopeia primitiva
indo-europeia, ou indo-ariana, pois a comparação que se pode fazer com as
narrativas dos Ossetas, povos do norte do Cáucaso que descendem dos Citas e dos
Sármatas, é particularmente esclarecedora. Em ambas as tradições se encontram,
apesar da distância a que se encontram, quer no espaço, quer no tempo, os
mesmos episódios e os mesmos personagens, embora evidentemente com outros
nomes.
O ensinamento da
religião e outras tradições administrada pelos druidas consistia em transmitir
aos jovens, durante cerca de vinte anos até ficarem prontos, que tinham de
memorizar milhares de versos que resumiam de forma mnemotécnica o conjunto da
tradição celta. A classe dos druidas subdividia-se em três categorias: os
padres que eram juristas e mestres do pensamento; os bardos que eram poetas
responsáveis pela preservação e ensino da memória coletiva; e as bruxas e
bruxos ou adivinhos, que praticavam as formas mais populares da religião e se
ocupavam da medicina. Ainda no tempo do Império Romano os druidas foram
proibidos de ensinar, isto é, condenados ao silêncio. Sempre assim tem sido ao
longo da História e da história das religiões. Os romanos em Roma também
atiravam cristãos às feras na arena por não se submeterem à ordem estabelecida.
Os cristãos
chamaram-lhes pagãos. Mas, de facto, os pagani começaram por ser pagãos
face à religião romana antes de o serem face ao cristianismo. Mas havia outros
cultos como o mitraísmo e os cultos de mistérios. O mitraísmo invadiu o império
romano, e num dado momento chegou a rivalizar-se com o cristianismo. E com a
invasão dos denominados “bárbaros” pelos romanos (que significava serem
estranhos à cultura greco-romana) adaptaram-se melhor ao cristianismo do que à
religião do império, mais racionalista e historicista. Os godos de início
converteram-se ao arianismo, considerada uma heresia reprovada oficialmente
pelos bispos. Em suma, a Igreja romana não podia tolerar a existência de
comunidades célticas independentes e, de certa forma, autogeridas. E como a
partir de certa altura o poder temporal e espiritual da Igreja passou a
sobrepor-se a confundir-se, a luta empreendida pelo papado romano contra as
cristandades célticas tomou um cariz político, e assim de uma ferocidade
inaudita.
Mas em 476, data oficial do fim do império romano, o Ocidente europeu estava ainda muito longe de ser cristianizado. Mas a Irlanda manteve-se a salvo das investidas do imperialismo romano, e isso fez toda a diferença quanto ao processo de cristianização, que por estar livre, tornou-se mais fácil aos monges começar por ali na sua tarefa de conversão dos pagãos.Paulo Orósio (385-420), historiador, teólogo, sacerdote cristão de Bracara Augusta, então cabeça da província da Galécia, fala de uma cidade na Galiza, a que chama Brigantia, onde havia monges que tinham relações com os monges da Irlanda e da Bretanha. Havia um Mosteiro perto de Mondonhedo, na Galiza, com o nome de Santa Maria da Bretanha. E havia um abade com o nome de Mailoc. É um nome celta, mas tanto podia ser gaélico como britónico armoricano. É provável que os monges tenham passado primeiro pela Galiza antes de se afoitarem para a Irlanda.
É sabido que uns séculos mais tarde, no continente europeu, mas não na Irlanda, surge o monaquismo beneditino, cuja regra oficial, se bem que com divergências com os celtas da Irlanda cujas origens do monaquismo céltico provinha diretamente do eremitismo oriental, acabou por se impor como regra quase universal. Outro aspeto importante para a divergência tinha a ver com a ausência de cidades na Irlanda. Os celtas possuíam apenas fortalezas-refúgios e mercados. De resto era uma vida pastoril com lenta evolução para a vida agrícola. Os monges não se contentavam em habitar as suas cabanas. Trabalhavam a terra, guardavam os rebanhos, ocupavam-se da alimentação e da bebida para o conjunto da comunidade. Acessoriamente combatiam na guerra. Formavam um clã, uma autêntica tribo, e envolviam-se deste modo na vida política, social, económica e cultural que girava à volta deles.
Por conseguinte, o sistema predominante era o da Abadia, nada semelhante ao sistema de igrejas no continente. Mas, seja como for, o monaquismo céltico tem características que ultrapassa as influências do eremitismo oriental. Com efeito, muito mais do que um solitário, o monge celta apresenta-se acima de tudo como um mestre espiritual à volta do qual acorrem numerosos discípulos desejosos de com ele levar uma existência comunitária. Por conseguinte, é muito possível que certos mosteiros celtas tenham pura e simplesmente substituído colégios de druidas. Vemo-lo no caso dos Cavaleiros da Távola Redonda, com as suas buscas e peregrinações.
Aconteceu que os monges celtas eram pelagianos na sua austeridade, ainda que não professassem as ideias de Pelágio. As práticas das comunidades conduziam à aquisição duma força espiritual e corporal que ultrapassava tudo. Por vezes, diz-se, que se sujeitavam voluntariamente às tentações da carne para exercitarem a força de vontade pela resistência. E também dizem que é daqui que surge a mística da demanda do Graal. Os cavaleiros que procuravam o Graal deviam ser perfeitos, não à partida, mas à chegada. Por conseguinte, o pelagianismo de um lado, e o cristianismo céltico do outro, representam um mesmo estado de espírito, um mesmo sistema de pensamento em uma data de questões, como é o cas da “visão do Outro Mundo”. Este sincretismo estranho justificava-se na medida em que se tratava de perpetuar a ideia de busca: a errância dos cavaleiros em aventuras extraordinárias à procura do Graal. Daqui derivaram os Trovadores que nas suas aventuras extraordinárias acabavam por se encontrar com seres femininos mágicos, um arquétipo todo semelhante à imagem da busca de Deus empreendida por qualquer ser humano.
Assim, no pensamento dos antigos celtas, que se veio a encontrar no pensamento de Pelágio, Deus está ao mesmo tempo presente e ausente. É, por assim dizer, a imagem do rei Artur que não faz nada por si mesmo, mas faz falta porque é o eixo à volta do qual gravita a sociedade ideal. O rei celta, perfeitamente inútil no terreno, deve estar presente para que os guerreiros obtenham a vitória.
Até ao século XVI os textos tinham valor quase apostólico, já que Dionísio fora o primeiro discípulo de Paulo de Tarso. Nessa época surgiram as primeiras controvérsias a respeito da sua autenticidade. Argumentava-se que os textos continham marcada influência de Proclo, da escola neoplatónica de Atenas, e, portanto, não poderiam ser anteriores ao século V. Mas somente a partir do século XIX essa tese foi aceita e o autor desconhecido passou e ser chamado Pseudo-Dionísio.
Esta teologia, considerada como negativa, devedora do neoplatonismo e sistemas filosóficos orientais, foi seguida por Escoto Erígena, acrescentando-lhe noções provavelmente oriundas do passado céltico. A unidade fundamental e paradoxal entre a Luz e as Trevas, posta em evidência pelo Pseudo-Dionísio, está em consonância com o pensamento druídico, o que não podia deixar de satisfazer Escoto Erígena e de encorajá-lo a ir ainda mais longe.
Era assim o Outro Mundo dos druidas, no qual os cristãos celtas e os seus descendentes que já não se intitulavam como celtas, se lançaram na demanda do Graal, evitando procurar Deus, pois sabiam muito bem que não o encontrariam. Contentavam-se apenas em procurar o Graal. Se o encontraram ou não, isso faz parte do mito, não se pode saber. De facto, a mundividência céltica não tem nada a ver com a mundividência romana, duas conceções opostas da Divindade.
A permanência e sobrevivência de crenças no nosso povo interiorizadas e exteriorizadas de muitas formas e feitios, mas que no essencial respeitam um tronco comum que remonta ao mais diáfano manto dos tempos, já não nos surpreende assim tanto depois de termos feito esta incursão, que já vai longa, aos nossos antepassados celtas. E também não nos chocamos com o fosso que sempre existiu entre a religião oficial dos clérigos intelectuais, e as práticas religiosas efetivas do nosso povo, que continua a visitar os lugares e a realizar cerimónias de algum modo intimista junto a antas e menhires. A raparigas vêm dançar à volta dum menhir na noite de festa do santo protetor de um lugar sacralizado pelos mortos que habitam num Outro Mundo.
Os Santuários raramente se deslocam dos lugares que o Sagrado eternizou. E as novas religiões recuperam antigos lugares para aí construírem novos edifícios. Às vezes chega a acontecer que um mesmo edifício serve para o culto novo. Sabe-se, por exemplo, que os dólmens e outros monumentos megalíticos, erigidos entre 4000 e 2000 anos a.n.e. foram por vezes utilizados por pessoas da idade do Bronze entre 200 e 900 a.C.; depois pelos Celtas; e depois por Nós. Isto obedece primeiro ao facto de que um lugar sagrado é para sempre sagrado, mesmo que mude a religião. Se por qualquer razão, a personagem que era cultuada num lugar consagrado se tornou incómoda, faz-se dela um demónio e devota-se esse lugar a poderes maléficos. Mas tem de haver sempre continuidade. Daí alguns estudiosos destas matérias do Sagrado acreditarem que a escolha dos lugares sagrados nunca é feita ao acaso. Seja em relação a fenómenos telúricos; sejam em relação a fenómenos solares, terá sido encontrada sempre uma justificação. E a justificação mantém-se sempre, apesar da mudança.
Um ritual não se inventa. É o resultado de uma lenta maturação, de uma síntese entre diferentes elementos preexistentes. É sempre herdeiro de uma longa tradição que encarna num certo contexto sociocultural. É nos costumes paralitúrgicos que mais frequentemente se manifestam as observâncias mais características, porque estes costumes são acima de tudo populares e testemunham assim uma memória ancestral transmitida de geração em geração, num nível essencialmente oral. É no folclore que sobrevivem os antigos ritos.
Um outro aspeto que já temos vindo a aflorar, e que também atravessa toda a história dos celtas, é o culto à Deusa-Mãe. Hoje, no mundo cristão, esse culto encontra-se em inúmeros santuários dedicados à Virgem Maria. De uma visita em tempos feita à Catedral de Chartres, procuramos depois aprofundar por leitura o significado do poço que se encontra na cripta da Catedral de Chartres, e que posteriormente demos conta de um poço do mesmo tipo existente na Quinta da Regaleira com o seu Palácio em Sintra. Chartres, segundo Júlio César, outrora era uma região com uma imensa floresta onde existia um centro religioso druídica. A catedral de Chartres foi construída sobre uma gruta onde funcionava uma capela subterrânea. Em suma, é o tema das grutas dedicadas à Santa Maria espalhadas um pouco por todo o território português.
De resto, ainda que a confusão se tenha apoderado dos espíritos em consequência da mistura de tradições diversas, certos lugares sagrados continuam a suscitar o mesmo fervor. Os múltiplos santuários dedicados a Maria Madalena não são todos de importação judaico-cristã. A imagem daquela que ousou amar Jesus com um amor ambíguo acabou por se adaptar a personagens femininas mais heréticas, especialmente aquelas que são conhecidas por: Ishtar, Afrodite, Vénus ou Morgane. Provavelmente a origem da lenda das Três Marias.
É claro que falta falar do fenómeno oportunista do falsário. Nem todos os santuários da Europa ocidental são forçosamente herdeiros dos antepassados que tenho vindo a referir. Montségur não tem nada que ver com os celtas, ainda que existam fábulas em torno deste lugar a propósito do Graal. Assim como Rennes-le-Château é uma igreja como as outras, não passando de manipulações da opinião com fins especulativos e teorias da conspiração. O mistério tem o seu encanto. O desconhecido excita a imaginação. Montségur é o reino do confucionismo. A estranha história de Otto Rahn e as tentativas inspiradas pelos nazis para encontrar o Graal nesta fortaleza cátara, não serviram para compor as coisas. O catarismo é um dualismo de origem oriental. Não pode haver confusões com o druidismo, um monismo de origem norte-europeia. Foi a versão alemã do Graal, o Parsifal de Wolfram von Eschenbach – e o que Wagner fez na sua obra – que é responsável por esta confusão. Com efeito Wolfram mistura com a lenda celta primitiva, elementos germânicos e elementos orientais que dão ao seu Graal um significado completamente diferente. O espírito celta não tem nada que ver com isso, nem tão pouco o cristianismo celta.
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