quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Thomas Starzl - tempos de transplantes




Thomas Starzl [1926-2017] nascido no Iowa, realizou o primeiro transplante de fígado humano, com sucesso, em 1967, e estabeleceu a importância da ciclosporina como imunossupressor de eleição para evitar a rejeição do órgão transplantado. Ingressou no programa de formação cirúrgica no Johns Hopkins University Hospital e em seguida foi trabalhar no Jackson Memorial Hospital, em Miami, onde desenvolveu uma técnica para remover o fígado que constituiu uma etapa essencial do transplante hepático.

No ano de 1963, Starzl havia realizado um transplante de fígado num rapaz de 3 anos de idade, com um fígado incompleto. A operação não correu bem, devido a uma hemorragia não controlada. Apesar de ter sido amplamente criticado, não esmoreceu. O seguinte transplante foi num homem com cancro no fígado. A operação correu bem, mas morreu três dias depois. Desta vez, foi o excesso de coagulante, para evitar hemorragias, o problema do primeiro transplante, que foi fatal.

Continuando a estudar, foi então ao terceiro transplante de fígado, em 1967, que o doente sobreviveu. Foi no mesmo ano que Christian Barnard, na cidade do Cabo, África do Sul, realizou o primeiro transplante do coração com sucesso. Em 1970, os transplantes de fígado estavam de tal modo aperfeiçoados que a taxa de sobrevivência subiu para 40 por cento. 

O primeiro transplante de pulmão realizou-se em 1963, por James Hardy, da Universidade do Mississippi, mas o doente morreu ao fim de poucos dias. A transplantação de órgãos entronca hoje num programa de saúde mais vasto que dá pelo nome de medicina regenerativa. Os primórdios das transplantações de órgãos remontam a 1954 com os transplantes de rins entre dadores e recetores com laços familiares. Foi Joseph Murray, do Brigham Hospital, em Boston, que lhe valeu o Prémio Nobel da Medicina em 1990. Transplantes em que dadores e recetores não tinham qualquer grau de parentesco só se começaram a fazer em 1962. Nos últimos anos muitas outras partes do corpo têm sido transplantadas pela primeira vez, como por exemplo o rosto. Os resultados são muito variáveis.

É claro que os transplantes não teriam sucesso se não tivessem sido acompanhados de muita investigação na área do sistema imunitário. Foi na década de 1940 que se descobriu que os fatores imunitários na rejeição dos transplantes tinham um papel determinante. Foi demonstrado pelo cientista britânico, Peter Medawar, em embriões humanos expostos a tecidos estranhos. Neste caso não havia rejeição. Entretanto, Frank McFarlane Burnet, da Universidade de Melbourne, sugeriu que as células imunitárias aprendem a reconhecer os tecidos que estão presentes como parte integrante do corpo, mas rejeitam qualquer material novo. Os dois receberam o Prémio Nobel da Medicina em 1960.

A ciclosporina, substância derivada de um fungo que se encontra no solo, foi introduzida na década de 1980. E em 1990 foi introduzido o tacrolimo, relacionado com a ciclosporina, mas cem vezes mais potente. Entretanto as técnicas cirúrgicas foram aperfeiçoadas de tal maneira que hoje já se fazem transplantes de dadores vivos com toda a tranquilidade. Apesar de se ter alargado a corte dos potenciais dadores, a realidade é nua e crua: os dadores não chegam para as encomendas.

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