As contradições de um homem cujo talento tanto o projetou para o estrelato, como o afundou em tragédia.
Por agora fico por aqui, embalado pela Ode ao futebol do Tossan:
Retângulo verde, meio de sombra meio de sol / Vinte e dois em cuecas a jogar futebol
Correndo, saltando, ziguezagueando ao som dum apito
Um homem magrito, também em cuecas / E mais dois carecas com uma bandeira
De cá para lá, de lá para cá / Bola ao centro, bola fora. / Fora o árbitro!
E a multidão, lá do peão / Gritava, berrava, gesticulava
E a bola coitada, rolava no verde / Rolava no pé, de cabeça em cabeça
A bola não perde, um minuto sequer / Zumbindo no ar como um besoiro,
Toda redonda, toda bonita / Vestida de coiro.
O árbitro corre, o árbitro apita / O público grita / Gooooolllllooooo! / Bola nas redes
E nas bancadas / Dropes, pirolitos, laranjadas
Asneiras, palavrões / Damas frenéticas, gordas esqueléticas / Esganiçadas aos gritos.
Todos à uma, todos ao um / Ao árbitro roubam o apito / Entra a guarda, entra a polícia
Os cavalos a correr, os senhores a esconder / Uma cabeça aqui, um pé acolá
Ancas, coxas, pernas, pé, / Cabeças no chão, cabeças de cavalo,
Cavalos sem cabeça, com os pés no ar / Fez-se em montão multidão.
E uma dama excitada, que era casada / Com um marinheiro distraído,
No meio da bancada que estava à cunha, / Tirou-lhe um olho, com a própria unha!
À unha, à unha!
Ânimos ao alto! / E no fim, / perdeu-se o campeonato!
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