Há uma semana milhares de hondurenhos atravessaram a fronteira da Guatemala com o objetivo de chegar aos Estados Unidos. Eles partiram a pé de San Pedro Sula, uma cidade no norte das Honduras, levando o pouco que podiam, e começaram uma longa viagem a pé. Abandonam um país saturado pelo desemprego, pela violência, pela pandemia e pelos graves danos causados pelos dois furacões que atingiram a América Central. Inicialmente a polícia guatemalteca recebeu ordens para deixar passar os migrantes, devido à presença de famílias com crianças, mas há oito dias no departamento de Chiquimula, a 200 Km da Cidade da Guatemala, agentes tentaram bloquear o fluxo de cerca de 6.000 pessoas. Muitos migrantes acabaram por voltar para trás, enquanto outros fugiram para as montanhas e tencionam forçar a passagem noutra altura. De acordo com a Reuters, mais de duas mil pessoas passaram a noite de domingo para segunda-feira na estrada, ao relento.
“Não temos trabalho, nem comida, por isso decidi ir para os Estados Unidos”. O Presidente eleito dos EUA, Joe Biden, já anunciou que vai reverter muitas das políticas de Trump, nomeadamente a imigração. No entanto, membros da Administração Biden aconselharam os migrantes da América Central a não fazerem a viagem rumo aos Estados Unidos, alertando que a sua entrada no país não será imediata e que as alterações na política de imigração levam tempo.
“Os migrantes e requerentes de asilo não devem acreditar nas pessoas da região que vendem a ideia de que a fronteira será aberta de repente para todos no primeiro dia. Não será”, disse Susan Rice, nomeada como conselheira de política interna de Biden.
Honduras é o segundo país mais pobre da América central e um dos mais pobres do Ocidente, e sofre de uma elevada taxa de desemprego. A agricultura é o mais importante na sua economia, empregando quase dois terços de sua mão de obra. Os principais produtos das suas exportações são o café, banana e camarão. É um país fortemente dependente dos Estados Unidos, para onde vão 70% das suas exportações e de onde se originam mais de 50% das suas importações.
O presidente, Juan Orlando Hernández Alvarado, cujo mandato começou em 27 de janeiro de 2014 e terminou em 27 de janeiro de 2018, foi reeleito para um novo mandato até 27 de janeiro de 2022, após uma votação considerada fraudulenta pela oposição e pelos observadores internacionais. O governo declarou o estado de emergência. Cerca de 30 manifestantes foram mortos e mais de 800 presos. Segundo as Nações Unidas e a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos, "muitos deles foram transferidos para instalações militares, onde foram brutalmente torturados”.
Há muitos anos que os hondurenhos não têm tido sossego, apesar ou por causa, de serem o amigo mais fiel dos Estados Unidos na região. No início da década de 80 do século XX, o país estava bem guarnecido de militares e equipamentos americanos que lhe chamavam USS Honduras. Foi o tempo dos Contras apoiados pelos americanos contra os Sandinistas. Pelas mãos da CIA e do general Alvarez, pelo menos 10.000 pessoas foram assassinadas ou desapareceram. Falava-se, na altura, de um “esquadrão da morte”, criado pelos americanos para a Nicarágua e Honduras, o Batalhão 316.
Quando a CIA e o governo dos Estados Unidos começaram a treinar torturadores nas Honduras e a sabotar a vontade democrática do povo da Nicarágua, em nome da luta contra o comunismo, não era de admirar, dado os precedentes que já havia da intervenção dos Estados Unidos na América Latina. A primeira vítima tinha sido a Guatemala, onde o presidente democraticamente eleito, Jacobo Arbenz, concedeu, em 1952, estatuto legal ao Partido do Trabalho, comunista. Comunistas ocuparam cargos importantes no seu governo, pondo as grandes empresas americanas furiosas. Assim, prepararam Anastasio Somoza, no sentido de derrubar Arbenz e instalar uma ditadura de direita, de modo a favorecer amigavelmente os interesses das empresas americanas no seu próprio país.
“Os migrantes e requerentes de asilo não devem acreditar nas pessoas da região que vendem a ideia de que a fronteira será aberta de repente para todos no primeiro dia. Não será”, disse Susan Rice, nomeada como conselheira de política interna de Biden.
Honduras é o segundo país mais pobre da América central e um dos mais pobres do Ocidente, e sofre de uma elevada taxa de desemprego. A agricultura é o mais importante na sua economia, empregando quase dois terços de sua mão de obra. Os principais produtos das suas exportações são o café, banana e camarão. É um país fortemente dependente dos Estados Unidos, para onde vão 70% das suas exportações e de onde se originam mais de 50% das suas importações.
O presidente, Juan Orlando Hernández Alvarado, cujo mandato começou em 27 de janeiro de 2014 e terminou em 27 de janeiro de 2018, foi reeleito para um novo mandato até 27 de janeiro de 2022, após uma votação considerada fraudulenta pela oposição e pelos observadores internacionais. O governo declarou o estado de emergência. Cerca de 30 manifestantes foram mortos e mais de 800 presos. Segundo as Nações Unidas e a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos, "muitos deles foram transferidos para instalações militares, onde foram brutalmente torturados”.
Há muitos anos que os hondurenhos não têm tido sossego, apesar ou por causa, de serem o amigo mais fiel dos Estados Unidos na região. No início da década de 80 do século XX, o país estava bem guarnecido de militares e equipamentos americanos que lhe chamavam USS Honduras. Foi o tempo dos Contras apoiados pelos americanos contra os Sandinistas. Pelas mãos da CIA e do general Alvarez, pelo menos 10.000 pessoas foram assassinadas ou desapareceram. Falava-se, na altura, de um “esquadrão da morte”, criado pelos americanos para a Nicarágua e Honduras, o Batalhão 316.
Quando a CIA e o governo dos Estados Unidos começaram a treinar torturadores nas Honduras e a sabotar a vontade democrática do povo da Nicarágua, em nome da luta contra o comunismo, não era de admirar, dado os precedentes que já havia da intervenção dos Estados Unidos na América Latina. A primeira vítima tinha sido a Guatemala, onde o presidente democraticamente eleito, Jacobo Arbenz, concedeu, em 1952, estatuto legal ao Partido do Trabalho, comunista. Comunistas ocuparam cargos importantes no seu governo, pondo as grandes empresas americanas furiosas. Assim, prepararam Anastasio Somoza, no sentido de derrubar Arbenz e instalar uma ditadura de direita, de modo a favorecer amigavelmente os interesses das empresas americanas no seu próprio país.
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