A sabedoria introduz-nos no mistério mais impenetrável que é o da condição humana. O que hoje podemos saber com a simples ligação de um televisor, outrora era imaginado pelo ouvir dizer, que se exprimia por mitos e lendas. Assim, a sabedoria deste tempo é posta à prova nesta experiência de viver os acontecimentos do sofrimento e da morte coletiva, como se estivéssemos a ver Auschwitz em direto.
É a revelação dos limites da natureza humana, em que o amor é mais forte do que a morte. É o mistério da Humanidade feita à imagem de um Deus Big Brother que persiste em não mostrar a sua imagem. É o mistério da Humanidade que se destrói a si própria na ânsia de experimentar o poder que tem.
Numa conferência de imprensa, o médico responsável do INEM explicou ter tomado aquela decisão para evitar o desperdício iminente de vacinas que, de outro modo, iriam para o lixo. No dia 8 de janeiro, uma sexta-feira, e o último dia de administração da primeira dose da vacina foi informado, já depois do almoço, de que havia 11 vacinas, já preparadas em seringas, que não tinham destinatário, já que todos os profissionais identificados como prioritários pela delegação já tinham sido vacinados. Então, depois de ponderação, acabaram por ser vacinadas 11 profissionais de uma pastelaria ao lado das instalações do INEM. Porquê essas pessoas? “Foi apenas circunstancial. Por motivos de proximidade e de segurança, já que estando aqui ao lado isso facilitava a monitorização de eventuais efeitos secundários”A norma da Direcção-Geral da Saúde que determina como se deve proceder à descongelação, diluição e administração da vacina da Pfizer/BioNTech, prevê que a vacina só pode ser administrada “até seis horas após o momento da diluição”, devendo depois ser para “descartar”. As 11 pessoas externas ao INEM receberam igualmente a segunda dose da vacina, administrada na sexta-feira passada.
Quando um jornalista na TV, perguntou ao Coordenador da Task Force das Vacinas, se pessoas que tinham recebido a primeira dose indevidamente, teriam direito a receber a segunda dose, Francisco Ramos teve o cuidado de chamar a atenção que seria agora infame termos uma atitude de vingança ou castigo para com essas pessoas. Claro que foi cometido um erro, mas depois de o erro cometido não faria sentido uma atitude tão pouco cristã.
Os mitos são férteis em peripécias humanas, que nos ensinam como devemos viver sem Queda. Como diria Aristóteles, há um equilíbrio a atingir. Ideais e interesses podem-nos levar para lugares em que não deveríamos estar. É claro que encontrar a mistura certa não é fácil. Autenticidade, Sinceridade e Integridade: é bom de dizer, mas difícil de fazer Ser.
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