A divisão entre democracias e autocracias continua uma questão central na política internacional, especialmente no contexto atual de crescente polarização e mudanças geopolíticas. Embora a classificação tradicional de esquerda e direita tenha a sua relevância, a distinção entre democracia e autocracia transcende essa divisão ideológica. Enquanto a democracia tem a ver com um sistema em que o governo é sustentado e legitimado pela participação popular em eleições livres, complementada pela divisão de poderes - legislativo, executivo, judiciário, e liberdades civis; A autocracia é um regime baseado na concentração de um poder autoritário e num tipo de democracia fragilizado pelo populismo de tipo iliberal.
As democracias, especialmente as liberais, são baseadas na ideia de que o poder político é exercido pelo povo, diretamente ou por meio de representantes eleitos. Os principais princípios das democracias incluem direitos civis e liberdades individuais - liberdade de expressão, liberdade de imprensa, liberdade religiosa e de associação. Eleições livres e justas, em que os governantes são escolhidos por meio de eleições regulares e transparentes, respeitado o Estado de direito. As leis são aplicadas igualmente a todos os cidadãos, e há um sistema judiciário independente. Os poderes - executivo, legislativo e judiciário - são separados, evitando abusos de poder. No entanto, mesmo em democracias consolidadas, há desafios. A polarização política, a crise de confiança nas instituições e o crescimento de movimentos populistas podem ameaçar a estabilidade dessas democracias.
Atualmente, surpreendente ou não, as democracias não são a maioria no mundo. Embora tenha havido uma expansão significativa dos sistemas democráticos nas últimas décadas, em termos numérico de países não se consideram em maioria como classificadas de democracias. Mas esse número tem crescido desde o final da Guerra Fria, especialmente com a transição para a democracia de vários países da Europa Central e Oriental, bem como de África. Contudo, quando se olha para a qualidade democrática e o grau de liberdade em que esses regimes funcionam, a situação é mais complexa.
As autocracias são sistemas de governo onde o poder está concentrado nas mãos de uma única pessoa ou de um pequeno grupo de indivíduos, sem a supervisão popular e com limitação das liberdades civis. Nas autocracias, de um modo geral, os governantes não são eleitos democraticamente ou têm controlo sobre o processo eleitoral, e as oposições políticas e a imprensa livre frequentemente são reprimidas. O poder está concentrado numa figura ou partido político. As eleições, quando realizadas, não são livres ou justas, e a oposição é frequentemente suprimida. Daí ser frequente nesses regimes haver repressão da sociedade civil. Há censura, vigilância, e perseguição a grupos dissidentes. A supressão dos direitos humanos passa pela restrição da liberdade de expressão, e do direito ao protesto ao ponto de as manifestações na rua serem severamente reprimidas. Exemplos de autocracias: Rússia (sob a liderança de Vladimir Putin); China (sob o governo do Partido Comunista Chinês, liderado por Xi Jinping); Irão (sob o regime teocrático); Arábia Saudita (monarquia absoluta); Coreia do Norte (sob o regime de Kim Jong-un); Turquia sob o poder de Erdogan.
Hoje ainda podemos elencar várias ideologias políticas, mas com a ressalva de que muitas delas perderam a sua pureza original, umas tendo-se fragmentado, outras se misturaram a outras correntes. Além disso, algumas ideologias clássicas evoluíram para versões mais adaptadas às realidades contemporâneas, como é o caso do liberalismo. O liberalismo origina-se do Iluminismo e defende a liberdade individual, a democracia representativa e o mercado livre. Estado mínimo, livre mercado, proteção da propriedade privada. O neoliberalismo é uma versão mais pragmática, defendendo desregulação e privatizações, mas aceitando algum papel do Estado. O liberalismo progressista valoriza as liberdades civis e direitos individuais, aceitando uma maior regulação económica.
O conservadorismo tradicional preza a religião e valores morais fortes, defende a família tradicional e a soberania nacional. Ao passo que o neoconservadorismo apoia os mercados livres, mas com ênfase na força militar e nos valores ocidentais. O conservadorismo nacionalista mistura patriotismo rejeitando a globalização. Os Patriotas pela Europa - grupo político populista de direita, agora na10ª Legislatura do Parlamento Europeu - é o terceiro maior grupo. Nos vários países da União Europeia é representado por partidos conservadores, populistas e, muitas vezes, anti-imigração. Defendem a primazia da cultura e dos valores nacionais, frequentemente rejeitando cosmopolitismo e globalismo. Apresentam a narrativa de que grandes fluxos migratórios ameaçam a coesão social e cultural dos países.
Paradoxalmente, aqueles partidos populistas de direita ou de esquerda, apesar de estarem representados no Parlamento Europeu da União Europeia, são contra a União Europeia e a outras instituições supra nacionais como a ONU, a NATO, e por aí fora. Imputam a essas organizações internacionais a causa da erosão da soberania nacional. Criticam o multiculturalismo – considerando que a mistura cultural enfraquece a identidade nacional, em vez de enriquecê-la. Preferem proteger a economia nacional contra a influência de empresas estrangeiras e acordos de livre comércio. Buscam preservar costumes, língua e símbolos nacionais. Na Europa, são exemplos o Partido Rassemblement National (França); Fratelli d’Italia (Itália); AfD (Alemanha). O discurso destes partidos incentiva o patriotismo nativista.
Nos EUA é o movimento “America First” de Donald Trump que está a pôr os Estados Unidos de pernas para o ar, ou virado do avesso, conforme os dias. Em todo o caso, os critérios classificativos políticos na Europa e na América do Norte não são plenamente coincidentes, pois refletem tradições históricas, culturais e institucionais distintas. Embora conceitos como esquerda e direita, liberalismo e conservadorismo existam em ambos os contextos, o significado desses termos pode variar bastante. Na Europa, "liberal", geralmente refere uma posição centrista ou de direita, associada ao livre mercado, ao Estado mínimo e, em alguns casos, a um conservadorismo social moderado - FDP alemão; Partido Liberal britânico. Ao passo que nos EUA é quase sinónimo de progressismo de esquerda, associado ao Partido Democrata, e a causas como direitos civis, ambientalismo e regulação económica.
Nos EUA é o movimento “America First” de Donald Trump que está a pôr os Estados Unidos de pernas para o ar, ou virado do avesso, conforme os dias. Em todo o caso, os critérios classificativos políticos na Europa e na América do Norte não são plenamente coincidentes, pois refletem tradições históricas, culturais e institucionais distintas. Embora conceitos como esquerda e direita, liberalismo e conservadorismo existam em ambos os contextos, o significado desses termos pode variar bastante. Na Europa, "liberal", geralmente refere uma posição centrista ou de direita, associada ao livre mercado, ao Estado mínimo e, em alguns casos, a um conservadorismo social moderado - FDP alemão; Partido Liberal britânico. Ao passo que nos EUA é quase sinónimo de progressismo de esquerda, associado ao Partido Democrata, e a causas como direitos civis, ambientalismo e regulação económica.
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