O facto de a espécie
humana ter começado a domesticar animais há mais de dez mil anos, e por
conseguinte, isso implicar em princípio algum grau de comunicação humana-animal,
é discutível se conseguimos falar com os animais. Para efeito de comunicação
animal dentro da mesma espécie podemos dizer que eles falam entre si numa
linguagem própria. Se pudéssemos passear à vontade por dentro da Amazónia, ficaríamos
espantados com o barulho dos animais. A comunicação tem lugar a todos os
níveis, em todas as formas. Se pudéssemos descodificar completamente esta
sinfonia de sinais, a nossa compreensão do mundo animal de certeza que seria
muito diferente daquela que o vulgar ser humano, que não se dedica ao estudo
animal nos seus habitas naturais, é capaz de compreender. A maioria dos padrões
de comunicação animal já vem pronta de nascença, está registada geneticamente.
É, por isso, ainda mais fascinante e estranhamente bela, pela magnitude da sua
complexidade.
Hoje sabemos que
muitos animais, como por exemplo os elefantes, comunicam por meio de sons que o
nosso ouvido não capta. São sons de baixa frequência, mais rápidos e menos
retardados por obstáculos, permitindo aos elefantes ouvirem-se a muitos
quilómetros de distância. Pensa-se que as proeminências almofadadas que formam as
patas dos elefantes sejam recetores sensíveis, capazes de detetar vibrações de sons
subliminares. É esta capacidade de ser mais sensível aos sons de baixa
frequência que explica porque é que cães e gatos, e outros mais, detetam antes
de nós os tremores de terra e tsunamis. Mas no outro extremo do espetro sonoro,
nos ultrassons (os sons de frequência mais alta) temos golfinhos, aves e
insetos, o que está muitas vezes associado com formas de ecolocalização, como é
o caso dos morcegos.
Nos oceanos os
cetáceos produzem uma larga gama de sons. A água salgada transmite os infrassons
melhor do que a água doce. O grito da baleia azul viaja milhares de quilómetros
pelo mar alto. Os golfinhos têm assobios especiais que funcionam como nomes. A
baleia corcunda canta canções longas e complexas nos seus locais de reprodução.
Mas não é só de
sons que se faz a comunicação entre os animais. Odores e cores são também meios
frequentes de comunicação. A formigas, por exemplo, deixam rastos de feromonas que
conduzem as companheiras às fontes de alimentação. As feromonas de alarme
provocam comportamentos de ataque. Nos cães a urina serve para marcar território.
Doninhas e texugos raramente são atacados, tal é o fedor que emitem para se defenderem
dos predadores. A cobra-do-leite, por exemplo, mimetiza as cores da cobra
venenosa coral, com forma de melhor se defender. E então a dança das abelhas
para comunicar onde se situam as melhores flores para fazer o mel é impressionante. A velocidade da dança e o número de ciclos
por minuto indicam a distância a que a fonte de néctar se encontra da colmeia.
Sem comentários:
Enviar um comentário