quinta-feira, 19 de setembro de 2019

A linguagem dos animais


O facto de a espécie humana ter começado a domesticar animais há mais de dez mil anos, e por conseguinte, isso implicar em princípio algum grau de comunicação humana-animal, é discutível se conseguimos falar com os animais. Para efeito de comunicação animal dentro da mesma espécie podemos dizer que eles falam entre si numa linguagem própria. Se pudéssemos passear à vontade por dentro da Amazónia, ficaríamos espantados com o barulho dos animais. A comunicação tem lugar a todos os níveis, em todas as formas. Se pudéssemos descodificar completamente esta sinfonia de sinais, a nossa compreensão do mundo animal de certeza que seria muito diferente daquela que o vulgar ser humano, que não se dedica ao estudo animal nos seus habitas naturais, é capaz de compreender. A maioria dos padrões de comunicação animal já vem pronta de nascença, está registada geneticamente. É, por isso, ainda mais fascinante e estranhamente bela, pela magnitude da sua complexidade.


Hoje sabemos que muitos animais, como por exemplo os elefantes, comunicam por meio de sons que o nosso ouvido não capta. São sons de baixa frequência, mais rápidos e menos retardados por obstáculos, permitindo aos elefantes ouvirem-se a muitos quilómetros de distância. Pensa-se que as proeminências almofadadas que formam as patas dos elefantes sejam recetores sensíveis, capazes de detetar vibrações de sons subliminares. É esta capacidade de ser mais sensível aos sons de baixa frequência que explica porque é que cães e gatos, e outros mais, detetam antes de nós os tremores de terra e tsunamis. Mas no outro extremo do espetro sonoro, nos ultrassons (os sons de frequência mais alta) temos golfinhos, aves e insetos, o que está muitas vezes associado com formas de ecolocalização, como é o caso dos morcegos.

Nos oceanos os cetáceos produzem uma larga gama de sons. A água salgada transmite os infrassons melhor do que a água doce. O grito da baleia azul viaja milhares de quilómetros pelo mar alto. Os golfinhos têm assobios especiais que funcionam como nomes. A baleia corcunda canta canções longas e complexas nos seus locais de reprodução.


Mas não é só de sons que se faz a comunicação entre os animais. Odores e cores são também meios frequentes de comunicação. A formigas, por exemplo, deixam rastos de feromonas que conduzem as companheiras às fontes de alimentação. As feromonas de alarme provocam comportamentos de ataque. Nos cães a urina serve para marcar território. Doninhas e texugos raramente são atacados, tal é o fedor que emitem para se defenderem dos predadores. A cobra-do-leite, por exemplo, mimetiza as cores da cobra venenosa coral, com forma de melhor se defender. E então a dança das abelhas para comunicar onde se situam as melhores flores para fazer o mel é impressionante.  A velocidade da dança e o número de ciclos por minuto indicam a distância a que a fonte de néctar se encontra da colmeia. 



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