terça-feira, 24 de setembro de 2019

Narsarsuaq – Grønland




Grønland significa Terra Verde, mas vista do avião, antes de aterrarmos em Narsarsuaq, só nos mostra uma grande brancura e azul. A maior calote de gelo do mundo, fora da Antártida, mas que agora está a derreter aceleradamente. As costas da Gronelândia erguem-se abruptas formando fiordes que se introduzem pelo interior de um elevado planalto coberto de gelo. Este gelo ocupa a maior parte da ilha e é drenado por enormes glaciares que correm para o mar. São centenas de quilómetros percorridos pelo avião, por cima desta extensa brancura apenas pontuada pelo negro das rochas dos picos das montanhas dispersas como se fossem ilhas. É já em direção ao aeroporto, no sul da ilha e na costa oeste, que se começa a avistar o castanho do cascalho misturado com zonas de verde desmaiado de musgo e líquenes.




Erik, o Vermelho, viking norueguês, (c. 950 – c.1003 desta era), e que primeiro se havia fixado na Islândia, foi expulso da ilha em direção a oeste. Assim, como um exilado em Narsarsuaq, acabou por fundar aí uma colónia. Diz a lenda que para atrair alguns dos seus melhores companheiros, e se juntarem a ele, mandou dizer que se tratava de uma Grønland (Terra Verde). E assim durante cerca de 500 anos, entre 984 e meados do século XV, foram os fiordes da costa sudoeste que serviram de suporte à mais remota colónia da civilização europeia, na qual nórdicos a 2400 Km da Noruega construíram uma catedral e muitas igrejas, escreveram em latim e em nórdico antigo, forjaram instrumentos de ferro, criaram animais, seguiram as últimas modas de vestuário europeu, até que um dia acabaram por desaparecer como por magia, sem deixar rasto a não ser um monte de ruinas que, no século XVI, portugueses, ingleses e holandeses em viagens de reconhecimento voltaram a trazer para a História uma Terra que existia apenas na cabeça dos nórdicos, preenchida por lendas e mitos do povo Viking. 


“Nos últimos 500 milhões de anos, a Terra passou por cinco extinções em massa, nas quais a diversidade da vida no planeta se reduziu drástica e subitamente. Hoje, a comunidade científica monitoriza a SEXTA EXTINÇÃO, prevista como o evento mais devastador desde o impacto do asteroide há 65 milhões de anos, que levou ao desaparecimento dos dinossáurios. Mas agora somos nós que estamos a arruinar o planeta, e a grande velocidade. Nos últimos dois séculos alterámos a composição da atmosfera devido às emissões de CO2 geradas pela nossa atividade; aumentámos a acidez dos oceanos e a temperatura média do planeta; transformámos mais de 50% da superfície da Terra, incluindo grande parte das florestas tropicais; expulsámos espécies dos seus habitats naturais; e provocámos danos irreparáveis no ecossistema global. Consequência direta destes atos, mais de um quarto de todos os mamíferos da Terra está hoje em vias de extinção. O mesmo acontece com 40% dos anfíbios, um terço dos corais e dos tubarões, um quinto dos répteis e um sexto das aves.”

Estudos recentes do Conselho Britânico de Pesquisas do Meio Ambiente [Britairís Natural Environment Research Council] confirmam essa possibilidade. Embora já tenha havido cinco extinções em massa na história de nosso planeta, todas parecem ter sido causadas por eventos extraterrestres, como um cometa que se chocou contra ele. Um dos novos estudos conclui que o "mundo natural está passando pela sexta extinção". Mas desta vez a causa não vem de fora. Segundo Jeremy Thomas, um dos autores desse estudo, "esta extinção está a ser causada por um organismo animal: o homem". 

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