quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Que ética? Que vontade?



Não tenho a menor dúvida quanto ao grande incómodo que Greta Thunberg provoca nas elites empresariais quando lhes aponta o dedo em tom de ameaça, dizendo que serão responsabilizados, e não ficarão impunes pelo desastre ambiental que está em curso, e que levará à extinção da maior parte das espécies vivas, incluindo a humana, se não se tomarem medidas drásticas que invertam este sentido de descontrolo climático/ecológico que foi provocado pela ação humana pelo menos nos últimos duzentos anos. Os jovens de hoje não vão ficar quietos ao verem o seu futuro continuar a ser capturado pela geração bem instalada na vida à custa da espoliação do planeta.

É verdade, decisores políticos e uma boa parte da comunidade científica, estiveram a negar durante mais de dez anos as evidências científicas que agora ninguém contesta, exceto alguns mentecaptos que me recuso aqui nomear. O ecossistema global está em crise e a humanidade está perante uma crise da sua própria sobrevivência a curto prazo. A causa está na industrialização que começou no ocidente com a 1ª Revolução Industrial com data fixada em 1760.

É a comunidade científica que o diz: a sociedade industrial foi quem trouxe as chuvas ácidas; o aquecimento global; a desertificação. E afirma que agora estamos todos sujeitos a três imperativos éticos para a sobrevivência do planeta Terra: todo o ser vivo que a habita a Terra tem o direito à vida sob pena de todos os ecossistemas serem destruídos; o dever de garantirmos um futuro digno às próximas gerações; o dever de não consumirmos todos os recursos existentes na Terra, porque de outro modo iriam faltar às futuras gerações por serem imprescindíveis à sua sobrevivência.
Pelo que se conseguiu até agora, que foi nada, gera um grande pessimismo quanto à mudança de muitos hábitos que se enraizaram nas sociedades mais ricas em conforto e abundância de consumo inútil. Já para não falar no direito que as sociedades que até agora não tiveram esse tipo de vida, sentem ter também aspiração a uma vida farta e de luxo.

Existe a crença de que a ciência e a técnica juntas têm um poder infinito para dar a volta ao problema, que acontecerá quando menos se espera. E também predomina o sentimento egoísta de que é o interesse próprio que deve dominar os propósitos das sociedades em prol do bem-estar e do progresso. Sob essa perspetiva ainda impera a perceção de que o crescimento económico contínuo é bom e indispensável.

Assim, quem opte por lutar por um futuro coletivo melhor, é visto pelos instalados no poder um inútil, para não dizer subversivo. Ao passo que é premiado e incentivado todo aquele indivíduo que faz pela vida, produzindo por iniciativa privada e cuidando da sua prosperidade individual.

Em suma, como se pode então modificar este estado de coisas, se a solução passa pela mudança radical de hábitos que até agora ninguém esteve disposto a fazer de livre vontade.

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