Não tenho a menor
dúvida quanto ao grande incómodo que Greta Thunberg provoca nas elites
empresariais quando lhes aponta o dedo em tom de ameaça, dizendo que serão
responsabilizados, e não ficarão impunes pelo desastre ambiental que está em
curso, e que levará à extinção da maior parte das espécies vivas, incluindo a
humana, se não se tomarem medidas drásticas que invertam este sentido de
descontrolo climático/ecológico que foi provocado pela ação humana pelo menos
nos últimos duzentos anos. Os jovens de hoje não vão ficar quietos ao verem o
seu futuro continuar a ser capturado pela geração bem instalada na vida à custa
da espoliação do planeta.
É verdade,
decisores políticos e uma boa parte da comunidade científica, estiveram a negar
durante mais de dez anos as evidências científicas que agora ninguém contesta,
exceto alguns mentecaptos que me recuso aqui nomear. O ecossistema global está em
crise e a humanidade está perante uma crise da sua própria sobrevivência a
curto prazo. A causa está na industrialização que começou no ocidente com a 1ª
Revolução Industrial com data fixada em 1760.
É a comunidade
científica que o diz: a sociedade industrial foi quem trouxe as chuvas ácidas;
o aquecimento global; a desertificação. E afirma que agora estamos todos sujeitos
a três imperativos éticos para a sobrevivência do planeta Terra: todo o ser
vivo que a habita a Terra tem o direito à vida sob pena de todos os
ecossistemas serem destruídos; o dever de garantirmos um futuro digno às
próximas gerações; o dever de não consumirmos todos os recursos existentes na
Terra, porque de outro modo iriam faltar às futuras gerações por serem imprescindíveis
à sua sobrevivência.
Pelo que se
conseguiu até agora, que foi nada, gera um grande pessimismo quanto à mudança de
muitos hábitos que se enraizaram nas sociedades mais ricas em conforto e
abundância de consumo inútil. Já para não falar no direito que as sociedades
que até agora não tiveram esse tipo de vida, sentem ter também aspiração a uma
vida farta e de luxo.
Existe a crença de
que a ciência e a técnica juntas têm um poder infinito para dar a volta ao
problema, que acontecerá quando menos se espera. E também predomina o
sentimento egoísta de que é o interesse próprio que deve dominar os propósitos
das sociedades em prol do bem-estar e do progresso. Sob essa perspetiva ainda
impera a perceção de que o crescimento económico contínuo é bom e
indispensável.
Assim, quem opte
por lutar por um futuro coletivo melhor, é visto pelos instalados no poder um
inútil, para não dizer subversivo. Ao passo que é premiado e incentivado todo
aquele indivíduo que faz pela vida, produzindo por iniciativa privada e
cuidando da sua prosperidade individual.
Em suma, como se
pode então modificar este estado de coisas, se a solução passa pela mudança
radical de hábitos que até agora ninguém esteve disposto a fazer de livre
vontade.
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