sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Alguns exemplos de escrita da Antiguidade



O Disco de Faísto (Phaistos)
O Disco de Faísto (Phaistos) encontra-se no Museu Arqueológico de Heraclião, em Creta. É um disco em argila gravada, datado de 1700 a.C., encontrado nas ruínas do palácio minoico de Phaistos, na costa sul de Creta. Tem cerca de 15 centímetros de diâmetro e 1 centímetro de espessura. O disco de argila está decorado de ambos os lados com um total de 241 ideogramas (correspondendo 45 símbolos ou carateres individuais), dispostos numa espiral contínua no sentido dos ponteiros do relógio em ambas as faces. Continua a ser o exemplo de uma escrita que se revelou indecifrável. Signos ideográficos para representar pessoas, animais, plantas e objetos do quotidiano. Gareth Owens e John Coleman conseguiram há pouco tempo descobrir parte do seu significado. Um lado é dedicado a uma mulher grávida. O outro a uma mulher a dar à luz. A oração lê-se em espiral de fora para dentro. É, portanto, uma oração à Deusa-Mãe dos minoicos, diz Gareth Owens. 


Acima está uma tabela analítica com alguns carateres do disco de Faísto, em que o número associado corresponde à frequência com que aparece. Parecem hieróglifos cretenses ou egípcios. 


A Pedra de Roseta
A Pedra de Roseta foi encontrada no Egito, 56 Km a leste de Alexandria, em agosto de 1799, por soldados do exército de Napoleão. O bloco de pedra apresentava glifos cunhados em três partes distintas. Cada parte revelava um tipo de escrita que em nada se assemelha às demais: hieroglífica, demótica egípcia e grega clássica. A escrita do antigo Egito é uma escrita pictográfica – ideogramas individuais que representam uma ideia. Basicamente uma escrita por enigmas figurados ou por imagens, tendo na sua raiz uma função fonética.

Levantava-se a hipótese de que os três textos fossem o mesmo, embora apenas o em grego pudesse ser entendido. O médico britânico Thomas Young obteve um substancial progresso em 20 anos de estudo. Mas o mérito final da completa realização da tradução, em 1822, pertence ao estudioso francês Jean-François Champollion, que desta forma iniciou a ciência do estudo de assuntos referentes ao Egito. 


O texto regista um decreto do corpo sacerdotal do Egito, reunido em Mênfis, instituído em 196 a.C., sob o reinado de Ptolomeu V Epifânio (205 a 180 a.C.), escrito em dois idiomas: egípcio tardio e grego. O texto em antigo egípcio foi escrito em duas versões: hieróglifos e demótico, esta última uma variante cursiva da escrita hieroglífica. A pedra tem 114 cm de altura, 72 cm de largura, cerca de 28 cm de espessura e pesa 760 kg.



Ao aplicar a técnica de Young a outras inscrições do período ptolemaico, Champollion pôde confirmar a leitura de Young dos nomes gregos nas cártulas. Aplicando o mesmo método a uma inscrição não-ptolemaica de Abu Simbel, que se sabia ter sido construída por Ramsés II, conseguiu-se identificar o nome deste faraó, o primeiro nome puramente egípcio a ser decifrado. Champollion estudara copta e apercebeu-se de que esta, a língua litúrgica da igreja copta, descendia da língua codificada nas inscrições hieroglíficas. Eram logogramas, sinais que representam uma palavra ou um conceito únicos, bem como de fonogramas. Algumas suposições, como o indicador do género, e o logograma de Ré, o deus-Sol, vieram a provar-se corretos. A escrita hieroglífica não tinha vogais, por isso não sabemos como era pronunciada a língua.

A escrita dos Maias


Quando o conquistador espanhol Cortés pilhou aldeias na costa do golfo do Iucatão em 1519, encontrou livros nas casas dos habitantes maias. Os livros maias foram escritos em folhas de papel de casca de árvore branqueada e dobrada como um biombo japonês, encadernadas entre capas de madeira. Sobreviveram apenas quatro. Em 1562, o provincial franciscano do Iucatão, o bispo Diego de Landa, destruiu todos os livros maias que conseguiu apanhar, por serem contra o cristianismo. No entanto a história tem destas ironias, foi ele que decifrou a chave do sistema de escrita maia.

Em baixo – Glifos em pedra. Existem inúmeras inscrições gravadas na pedra e pintadas em recipientes de cerâmica, e nas paredes das cavernas. Em 1973, após aturados estudos, mostrou-se como as inscrições nos monumentos de locais importantes como Palenque, podiam ser usadas para “ler” os monumentos onde eram colocadas e os rituais levados a cabo pelos governantes.


Popol Vuh é um livro sagrado maia que narra o nascimento do mundo. O códice foi escrito em língua indígena por nativos cristianizados. É possível observar diversas influências do cristianismo neste livro, que permaneceu oculto até 1701, quando foi traduzido por um sacerdote espanhol. Segundo o Popol Vuh, no começo tudo era escuro e silêncio, só existiam o céu e o mar. Até que Tepeu e Gucumatz criaram as árvores, os animais e os homens. Os deuses queriam alguém para louvá-los, então primeiro criaram os homens de barros. Mas eles não se multiplicavam nem podiam andar, então os deuses desmancharam os homens. Depois os deuses fizeram os homens de madeira, porém eles também não se multiplicavam e não louvavam seus progenitores e foram desfeitos. Os animais então levaram milho aos deuses, e do milho foi feito o homem. O livro narra a epopeia dos deuses gémeos Hunahpú e Ixbalanqué. Estes deuses venceram os senhores do Xibalbá, o submundo maia, em seu próprio jogo. Assim se tornaram o sol e a lua.

A herança perdida das tradições indígenas


Um totem ou tóteme é qualquer objeto, animal ou planta que seja cultuado como um símbolo ancestral de uma comunidade. A religião derivada do culto do totem é denominada totemismo. É em relação ao totem que as coisas são classificadas em sagradas ou profanas dentro da comunidade. A etimologia da palavra é derivada de dodaim, que significa aldeia ou residência de um grupo familiar. Numa outra latitude americana deriva do ojibwa, ou uma língua relacionada, e significa o mesmo “grupo de afinidade”. 

Uma das principais funções dos tótemes era registar as lendas, linhagens e acontecimentos notáveis familiares ou de clã. Erguiam-se postes da vergonha como lembretes simbólicos de dívidas em falta, discussões, assassínios e outros acontecimentos indignos que não podiam ser discutidos publicamente.

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