Há nas cinco quinas uma aliança entre religião, política e guerreiro: forma de cruz; forma de amêndoa; forma de escudo. É curioso que no morabitino de D. Sancho I os escudetes têm apenas 4 besantes. Ao passo que no tornês de D. Diniz veem-se cinco, e na outra face a cruz templária.
No Museu Arqueológico de Barcelos, num espaço ao ar livre, encontra-se um túmulo "O Túmulo de Faria" que se notabiliza pela grande complexidade simbólica inscrita num dos lados da arca tumular em granito. A estrela de seis pontas tem no seu centro um pentafólio esculpido , o que é significativo. As folhas de carvalho também estão presentes. Não tem recebido a devida atenção por parte dos especialistas, mas tudo indica que seja do século XI.
D. João III desconfiava de Ourique, das lendas e dos Templários. Também não sentia a força ideológica do Culto do Espírito Santo desde D. Dinis. O corte das elites dirigentes com as tradições, ritos, símbolos, enfim, com a mundivisão do Portugal Mítico que vinha acontecendo paulatinamente desde D. Manuel I com o caso dos judeus, culminou na Inquisição e no golpe de 1580. Em suma, os mitos foram recalcados para o inconsciente coletivo.
Diogo Pires, um judeu de origem portuguesa , exilado em Dubrovnik devido a édito manuelino, escreveu em 1547, numa alusão à concessão pelo papa da Inquisição para Portugal: “Mas ocorre neste ponto pasmar ante a enorme crueldade de alma daquele pontífice que, a um rei enfurecido (D. João III) contra um povo pacífico e inocente, prometeu aquilo que Clemente de Aquitânia (Clemente V), segundo julgo, quando governava em Avinhão com relutância concedeu a Filipe, o Belo, depois de ele lho reclamar, com insistência e há largo tempo, contra os templários. E eram tais as forças dos templários nesses tempos que os próprios reis as consideravam fora do comum.”
Eduardo Lourenço, por sua vez, referindo-se ao estigma da Inquisição que caiu sobre nós diz: “Criou em nós essa indiferença a toda a verdade criativa de inventores geniais. Uma forma de hipocrisia social, altamente conservadora no pior sentido da palavra, que criou uma névoa sobre a realidade e amputou o génio a muitos idealistas livres-pensadores, artistas de facto, inventores, humanistas, enfim, todos aqueles que acreditam que ‘o sonho comanda a vida’.
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