««Os filhos de Nemed que haviam partido por mar sob o comando de Ibath, filho de Bethach, rumaram ao norte. Navegaram ao acaso durante muito tempo, até que desembarcaram num país que se diz ser a Beócia. Aí foram muito bem recebidos pelos naturais, e segundo consta, foi aí que eles se iniciaram nas artes, nas técnicas, na magia e no druidismo. Começaram a ser chamados Tribos de Dana porque, por um lado os mais versados no druidismo eram três, e todos eles filhos de uma mulher-chefe chamada Dana. Um dia, uma grande frota vinda da Síria veio atacar os habitantes da Beócia. E as coisas correram para o torto. Tiveram de partir em barcos à vela. Até que chegaram às Ilhas do Norte do Mundo. Um dia, uma certa Eri, estando a contemplar o mar, a certa altura viu surgir na linha do horizonte uma embarcação prateada com um homem lá dentro. O homem desceu do barco, pôs os pés em terra, e apercebendo-se de Eri disse: "Mulher, será esta a melhor altura para me unir a ti?” Ela ficou estupefacta com o que acabara de ouvir. E quis saber quem ele era. Então ele respondeu: “Aquele que veio encontrar-se contigo é Elatha, filho de Indech, que é um dos chefes dos Fomore. Eri engravidou. Oito dias depois do parto o rapaz parecia que tinha quinze, e aos sete anos parecia que tinha catorze. Assim era Bress, filho de Elatha dos Fomore e de Eri das Tribos de Dana. Com o tempo as gentes das Tribos de Dana multiplicaram-se tanto que tiveram novamente de partir e voltar à Irlanda. Aparelharam cerca de trezentos barcos e partiram. Da vila de Falias levaram a Pedra de Fail. Quando chegaram colocaram a Pedra na colina de Tara.»»
A Pedra de Scone (Na Lia Fàil em gaélico escocês) – também conhecida como a Pedra do Destino, e em Inglaterra referida como a Pedra da Coroação – é um bloco de arenito vermelho, com um anel de ferro em cada extremidade para ajudar ao transporte, que o rei de Inglaterra Eduardo I fez transportar para a sua própria coroação em 1296 na Abadia de Westminster, e que foi usada pela última vez em 1952 na coroação de Isabel II. Na foto seguinte vê-se uma reprodução de 1855: a cadeira na Abadia de Westminstar, onde a Pedra de Scone havia sido colocada. Mas esta pedra não deixa de ser objeto de controvérsia entre escoceses e ingleses, pois existe alguma dúvida sobre a pedra capturada por Edward I. Alguns teóricos afirmam que as descrições lendárias da pedra não correspondem à pedra atual.
No Tratado de Northampton, 1328, entre o Reino da Escócia e o Reino de Inglaterra, a Inglaterra concordou em devolver a Pedra de Scone capturada à Escócia; no entanto, tal não foi cumprido, multidões tumultuadas impediram que fosse removida da Abadia de Westminster. Assim, a Pedra de Scone permaneceu na Inglaterra por mais seis séculos, mesmo depois de Jaime VI da Escócia ter assumido o trono inglês como Jaime I de Inglaterra. Durante o século seguinte, os reis e rainhas Stuart da Escócia mais uma vez se sentaram na Pedra de Scone na coroação, mas na coroação como reis e rainhas da Inglaterra.
No dia de Natal de 1950, um grupo de quatro estudantes escoceses removeu a pedra da Abadia de Westminster para a levarem para a Escócia. Durante o processo de remoção, a pedra partiu em dois pedaços. Depois de enterrarem a maior parte da Pedra num campo de Kent ficaram ali acampados por alguns dias até conseguirem a viagem para a Escócia. O governo britânico ordenou que se recuperasse a pedra, mas em vão. Uma grande busca não surtiu efeito. Os guardiões deixaram a pedra no altar da Abadia de Arbroath em 11 de abril de 1951, sob custódia da Igreja da Escócia. Quando a polícia de Londres finalmente foi informada do seu paradeiro, a pedra foi devolvida a Westminster. Tinham passado quatro meses. Posteriormente, circularam rumores de que haviam sido feitas cópias da pedra, e que a pedra devolvida não era a pedra original.
Em 1996, como resposta simbólica à crescente insatisfação entre os escoceses em relação ao acordo constitucional vigente, o governo britânico decidiu que a pedra deveria ser mantida na Escócia, regressando a Inglaterra apenas para as cerimónias da coroação. Em 3 de julho de 1996, foi anunciado na Câmara dos Comuns que a pedra seria devolvida à Escócia e, em 15 de novembro de 1996, após uma cerimónia de entrega na fronteira entre representantes do Ministério do Interior e do Ministério da Escócia, a Pedra de Scone foi transportada para o Castelo de Edimburgo. A pedra chegou ao castelo em 30 de novembro de 1996, dia de Santo André, onde ocorreu a cerimónia oficial de entrega. Atualmente, permanece ao lado das joias da coroa da Escócia.
Não se pode deixar de estabelecer uma relação entre esta maravilhosa Pedra de Fail e o misterioso “Assento perigoso” da Távola Redonda, assento reservado àquele que levasse a bom termo a aventura da conquista do Graal, portanto ao “Rei do Graal”.
««As Tribos de Dana partiram então das Ilhas do Norte do Mundo e navegaram para a Irlanda. Naquele tempo o rei da Irlanda era Eochaid, filho de Erc, da raça dos Fir Bolg. Mas o descanso não durou muito. Do mar vieram outras tribos e fizeram-lhes guerra. As batalhas decorreram na Planície de Lira, que passou a chamar-se Mag-Tured. O combate começou então violento e implacável. A certa altura os homens das Tribos de Dana começaram a repelir os Homens-Trovão, enquanto na planície se iam acumulando os cadáveres. Os Fir Bolg decidiram não abandonar a Irlanda e combater as Tribos de Dana até ao último homem em condições de pegar em armas. E foi nesta batalha derradeira que Nuada, o rei supremo das Tribos de Dana, ficou sem um braço. O médico Diancecht, com a ajuda do artesão Credné, fez um braço de prata para Nuada, dotado de todos os movimentos da mão em cada dedo e em cada articulação. A partir de agora Nuada passava a ser conhecido o Nuada do Braço de Prata. Diancecht pediu aos homens da Tribo de Dana que se reunissem em conselho para decidir da viabilidade de Nuada como rei. E Nuada deu razão a Diancecht, pois sem o braço natural não podia continuar a ser o rei. Então após acesa discussão, acabaram por escolher Bress, filho de Elatha, pois ele tinha sangue real, sendo filho de um príncipe dos Fomore. E assim Bress tonou-se rei da Irlanda durante sete anos, após a batalha de Mag-Tured ,em que as Tribos de Dana combateram e venceram os Fir Bolg. Sreng, filho de Sengann, reuniu-se com os Fir Bolg que tinham escapado ao massacre de Mag-Tured, e partiu para Connaught, de que tomou posse.»»
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