terça-feira, 20 de julho de 2021

O Carnaval de Notting Hill





É um dos carnavais mais conhecidos do mundo. Sobretudo porque se celebra em agosto no popular bairro londrino de Notting Hill.

Subam Notting Hill e observem os veículos de segurança privados, pagos por residentes privados, a patrulhar lentamente as ruas para cima e para baixo em frente de todas aquelas residências de £20M, talvez nervosos com os residentes das habitações sociais que ainda resistem do outro lado de Portobello Road.

Quem não souber a localização exata do carnaval de Notting Hill, ao ver as fotografias pode ficar baralhado. Há mais de 50 anos que a tradição se repete. Em agosto há Carnaval em Londres. Há um toque de samba, claro. Isto porque há 35 anos a escola de samba de Londres se associou à iniciativa que nada tem a ver com a Quaresma.

A expressão “a vida são dois dias e o Carnaval são três” é que não se aplica a Notting Hill já que a folia dura mesmo apenas dois dias. É uma tradição com origem nas chamadas ilhas das Antilhas e Bahamas, ou Caraíbas, trazida para as Ilhas Britânicas dessas comunidades migrantes do tempo colonial. Acabou por se transformar num dos maiores festivais de rua do mundo, atraindo todos os anos cerca de um milhão de pessoas.

À semelhança do que acontece no Brasil, também os foliões demoram vários meses a preparar as “mas” (uma abreviação de ‘masquerade’ — mascarado em tradução livre), todas feitas à mão, cheias de cor, plumas e brilhantes, como se vê num exemplar do cartaz a anunciar o evento para este anos, que se realiza de 29 a 30 de agosto.

Há quem diga que o Carnaval Universal terá origem no Egito Antigo. Depois foi importado pelos Gregos Antigos. E posteriormente pelos Romanos do Império. Como todos os festivais pagãos que se realizavam nos territórios onde o Cristianismo depois se propagou, a Igreja Católica teve o cuidado de os absorver e integrar nos rituais festivos da Cristandade por toda a Europa, mas principalmente da orla mediterrânica. O festival de Carnaval (Carne Vale) foi levado para o Caribe, em princípio pelos traficantes de escravos. Mas os escravos africanos eram excluídos dos bailes de máscaras frequentados pelas elites. Na emancipação dos escravos africanos, os libertos do Caribe transformaram o festival europeu numa celebração do fim da escravatura. Uma nova forma cultural derivada da sua própria herança africana miscigenada com as novas culturas artísticas crioulas desenvolvidas no Caribe. É o Carnaval Caribe, que é exportado para grandes cidades em todo o mundo.

No início da década de 1960, havia um grande número de imigrantes de Trindade e Tobago em Londres que, por serem discriminados, decidiram manifestar-se, embora de forma ordeira e pacífica. E isso aconteceu nas ruas do bairro de Notting Hill. Rhaune Laslett e Claudia Jones são as precursoras da reconhecida “Mãe do Carnaval de Notting Hill”. Inicialmente os festejos faziam-se dentro de casa. Foi daí que surgiu o Carnaval de Notting Hill. E, com o tempo, cresceu e ganhou mais imigrantes de outras ilhas caribenhas.


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