Há em muitas pessoas um otimismo sustentado, que consiste na crença do primado da razão e do poder da ciência para resolver os problemas humanos, incluindo aqueles criados pela própria tecnociência. Esta é a óptica dos especialistas, que acreditam que a tecnologia, apesar dos seus "efeitos colaterais", existe para melhorar a vida humana. E apresentam reiteradamente o exemplo: de hoje as pessoas viverem mais anos, graças aos avanços da ciência e da técnica. É claro que um corvo falante, perguntaria: “viver mais anos é morrer menos anos?” Ou seja, serão anos a menos para a morte?
Viver sempre foi um risco. Mas como estávamos convencidos que as epidemias de peste, ou outras moléstias contagiosas, tinham desaparecido, também queríamos crer que as narrativas psicológicas que as acompanhavam eram idiossincrasias do passado. Era um quadro que reflectia uma ignorância dos perigos da vida em cada tempo histórico. Por isso, não estávamos preparados para saber avaliar com segurança quanto do medo da pandemia vírica se traduziria numa pandemia paranóica.
Sob a óptica leiga, tínhamos de ter fé no racionalismo científico, como fonte de segurança e sobrevivência. Ainda assim, não custava nada a um crente dizer: “seja o que Deus quiser”; ou a um não crente dizer (permitam-me a expressão original): “que se foda”. Trata-se de uma estratégia cínica, a que Sartre chamou “má-fé”. É uma espécie de distanciamento das fontes de ansiedade através de recursos psicológicos que incluem a ironia, o sarcasmo e o deboche. Pode-se ter uma postura irónica sem necessariamente implicar pessimismo, porque é pragmatismo. Há os pessimistas 'incorrigíveis', que apesar de estarem à espera pela 'derrocada' inevitável, adotam comportamentos hedonistas (considerados de risco), no estilo de 'empurrar o problema com a barriga'. Não deixa de ser, no entanto, uma forma de encaminhamento para o futuro com a cara sorridente.
Viver sempre foi um risco. Mas como estávamos convencidos que as epidemias de peste, ou outras moléstias contagiosas, tinham desaparecido, também queríamos crer que as narrativas psicológicas que as acompanhavam eram idiossincrasias do passado. Era um quadro que reflectia uma ignorância dos perigos da vida em cada tempo histórico. Por isso, não estávamos preparados para saber avaliar com segurança quanto do medo da pandemia vírica se traduziria numa pandemia paranóica.
Sob a óptica leiga, tínhamos de ter fé no racionalismo científico, como fonte de segurança e sobrevivência. Ainda assim, não custava nada a um crente dizer: “seja o que Deus quiser”; ou a um não crente dizer (permitam-me a expressão original): “que se foda”. Trata-se de uma estratégia cínica, a que Sartre chamou “má-fé”. É uma espécie de distanciamento das fontes de ansiedade através de recursos psicológicos que incluem a ironia, o sarcasmo e o deboche. Pode-se ter uma postura irónica sem necessariamente implicar pessimismo, porque é pragmatismo. Há os pessimistas 'incorrigíveis', que apesar de estarem à espera pela 'derrocada' inevitável, adotam comportamentos hedonistas (considerados de risco), no estilo de 'empurrar o problema com a barriga'. Não deixa de ser, no entanto, uma forma de encaminhamento para o futuro com a cara sorridente.
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