segunda-feira, 1 de junho de 2020

Agora quem manda é a China



Outra nota como espécie de bilhete-postal, numa altura em que é de novo a China a mandar no mundo. Na parte ilustrada do postal que se segue, vê-se um pormenor de um jogo de bola, numa altura em que a China ainda não se tinha fechado ao mundo. À semelhança do que se está a começar a ver agora com os EUA, um fechamento ao mundo incompreensível. A China do século XV com a dinastia Ming, depois de Zheng He ter regressado à China da sua última viagem que fez a Moçambique, suspendeu as expedições.


À semelhança do que se vê neste postal - pintura de Quian Xuan que viveu na parte final da dinastia dos Song, e representando o imperador Song Taizu [960-976] a jogar à bola, há outras pinturas já da dinastia Ming [1368-1644], que mostram chineses a jogar golfe, ou uma espécie de golfe (um pau parecido com um taco de golfe, uma bola e um buraco no chão). É razoável conjecturar que foi daqui que os ingleses se inspiraram para inventar o golfe nas suas terras da Escócia com bons relvados. E muitos outros exemplos se podiam dar com certas invenções imputadas aos europeus, que afinal já haviam sido inventadas na China. E é natural que passemos a ver mais vezes também os chineses a reclamar peças que se encontram em exibição em museus da Europa, por acharem que faz parte do seu espólio histórico, pilhado pelos europeus no tempo em que tiveram a mania de ter colónias em cada canto do mundo. 

Portanto, há muitos aspectos que a História, no seu constante refazer, virá a mudar a narrativa no que respeita à autoria chinesa de mais invenções que, subsequentemente, foram adotadas noutras zonas do Ocidente. Coincidência, ou não, Vasco da Gama chega à costa oriental de África, pouco depois de Zheng He ter acabado de deixar em Moçambique, pela última vez, belas porcelanas fabricadas na China do tempo da próspera dinastia dos Ming. A China, inexplicavelmente para nós, correu a cortina ao Ocidente e aos mares da Índia, enquanto se voltava de novo lentamente para dentro. Pelos vistos, os Ming, com as suas expedições marítimas, tinham mais por objetivo difundir o seu prestígio, do que colonizar ou pilhar. É importante referir que as primeiras embarcações em que os portugueses chegaram ao Oriente não tinham nada a ver, pelo menos em envergadura, com os barcos de Zheng He. Os chineses não tinham interesse em explorar locais desconhecidos, mas antes em dar a conhecer, aos outros povos visitados, a grandeza e a superioridade do império chinês.

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