quarta-feira, 17 de junho de 2020

Morcego Eptesicus fuscus


Onde se localiza e como funciona a bússola do morcego Eptesicus fuscus, ainda não se sabe 


Os morcegos, tal como os pombos e as aves migratórias em geral, utilizam imagens memorizadas, tanto do solo quanto da posição das estrelas no firmamento, e combinam esses dados com os obtidos através de uma bússola interna capaz de detetar a orientação do campo magnético da Terra. Também são capazes de voltar às suas cavernas quando transportados para outros locais. O facto de voarem no escuro dificulta o estudo das suas rotas de voo. O seu sistema de ecolocalização, ótimo para detectar obstáculos no escuro, é de pouca utilidade em voos de longa distância, e a sua acuidade visual é pequena. 

Parte do mistério foi resolvido por uma experiência simples, mas tecnologicamente sofisticada. Para mapear a rota do seu voo, os morcegos foram capturados e equipados com um minúsculo radiotransmissor. Utilizando pequenos aviões, foi possível captar os sinais de rádio emitidos pelos morcegos durante o voo e, através de um método de triangulação, determinar a posição de cada animal a cada instante. A partir desses dados, foi possível reconstituir a rota exacta do voo.

Os cientistas capturaram quinze morcegos da espécie Eptesicus fuscus e os transportaram para uma estação experimental vinte quilómetros ao norte do local de captura. Cinco morcegos equipados com rádios foram soltos no início da noite sem terem passado por nenhuma preparação. Os outros dez morcegos foram colocados num campo magnético um pouco antes do pôr do sol até ao início da noite: cinco foram submetidos a um campo magnético orientado a noventa graus (sentido horário) do campo magnético da Terra, enquanto os outros cinco a um campo magnético orientado a noventa graus no sentido anti-horário. Depois, todos os morcegos foram soltos e a sua rota de voo foi determinada através dos sinais de rádio.

Os morcegos que não haviam sido submetidos ao campo magnético artificial, imediatamente se dirigiam ao sul, rumando “para casa” numa rota directa. Os morcegos submetidos aos campos magnéticos iniciaram os seus voos ou em direcção ao leste (se o campo magnético tivesse sido movido no sentido horário) ou ao oeste (se o campo magnético tivesse sido movido no sentido anti-horário). Esses dois grupos de morcegos mantiveram a rota pelo menos durante cinco quilómetros. Após essa distância, alguns “perceberam o erro” e rumaram para o sul, mas a maioria continuou voando na direcção “errada”.

Esta experiência demonstrou que os morcegos possuem alguma maneira de captar o campo magnético da Terra e utilizar essa informação para determinar em que direcção devem voar. Isso sugere que os nossos parentes morcegos possuem uma verdadeira bússola no cérebro. Onde ela se localiza e como funciona ainda é um mistério.

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