Nunca houve um império ou civilização que se aguentasse para sempre. A sofisticação tem em si o germe da sua própria destruição. A frase reflete uma visão cíclica da história, sugerindo que o desenvolvimento de uma civilização ou império contém inevitavelmente os elementos que levarão à sua queda. Essa perspectiva é apoiada por muitos exemplos históricos: Império Romano: Atingiu um alto nível de sofisticação, mas enfrentou problemas internos como corrupção, decadência moral e pressões externas de invasores, que contribuíram para a sua queda. Império Mongol: Rapidamente se expandiu sob Gengis Khan, mas depois de atingir o seu auge, enfrentou divisões internas e dificuldades em manter controlo sobre vastos territórios. Império Otomano: Embora tenha durado séculos, a sua eventual decadência foi marcada por ineficiências administrativas, conflitos internos e perda de território.
Esta ideia é uma reflexão sobre a natureza transitória do poder e da civilização, sublinhando a importância de constante vigilância, adaptação e renovação para a sobrevivência a longo prazo. A sofisticação pode levar a uma complexidade que é difícil de gerir, criando desigualdades e tensões sociais que acabam por tornar a sociedade vulnerável a mudanças rápidas e desestabilizadoras. Além disso, a complacência que pode surgir do sucesso prolongado também pode contribuir para a queda, ao enfraquecer a capacidade de adaptação e resistência a novos desafios.
Um dos exemplos mais recentes está na catástrofe climática que é imputada ao progresso dos homens, em que o automóvel é usado como exemplo paradigmático. A catástrofe climática atual é um exemplo contemporâneo de como o progresso e a sofisticação podem gerar consequências desastrosas. A industrialização, o avanço tecnológico e o crescimento económico acelerado trouxeram inúmeros benefícios, como melhores padrões de vida, avanços na medicina e conectividade global. No entanto, esses mesmos avanços resultaram em sérios impactos ambientais.
Emissões de Gases de Efeito Estufa: A queima de combustíveis fósseis para transporte, indústria e geração de energia é uma das principais causas do aquecimento global. O aumento da temperatura média global leva a eventos climáticos extremos, derretimento dos glaciares e elevação do nível do mar. Desmatamento: A expansão agrícola, a urbanização e a exploração da madeireira estão destruindo florestas, que são importantes sumidouros de carbono. A perda de florestas também afeta a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas. Poluição: Produtos químicos industriais, resíduos plásticos e poluentes atmosféricos estão contaminando o ar, a água e o solo, causando danos à saúde humana e à vida selvagem. O desenvolvimento humano está levando à extinção de espécies a uma taxa alarmante, o que compromete os ecossistemas e a capacidade do planeta de se autorregular.
Esses exemplos mostram que o progresso, embora benéfico, não é isento de consequências negativas. A capacidade de uma civilização de reconhecer e mitigar esses impactos é crucial para a sua sustentabilidade a longo prazo. A crise climática é, portanto, uma chamada para uma nova fase de sofisticação — uma que seja sustentável e que valorize a harmonia entre desenvolvimento e preservação ambiental. No entanto, nos países mais desenvolvidos também há aquelas pessoas que têm a ideia de que não há nada a fazer, porque faça-se o que se fizer, as civilizações têm data marcada para o seu fim. Estas posições estão mais conotadas com a extrema-direita. Porquê?
Esta tendência pode ser atribuída a uma combinação de fatores económicos, sociais, culturais e políticos. A crescente desigualdade e insegurança económica têm levado muitos a se sentirem deixados para trás pela globalização e pelas mudanças tecnológicas. Esses sentimentos podem ser canalizados em apoio a políticas e partidos que prometem proteger empregos e garantir maior segurança económica. Aumento da imigração e as mudanças demográficas geram ansiedade sobre identidade cultural e nacional, porque essas percepções são veiculadas pelo sentimento e não pela razão. Partidos de extrema-direita frequentemente capitalizam esses medos, promovendo políticas de imigração mais restritivas e retórica nacionalista.
A polarização crescente na política faz com que as pessoas se movam para os extremos do espectro político. A insatisfação com o centro político, que muitas vezes é visto como ineficaz ou complacente, leva ao apoio a opções mais radicais. Há uma crescente desconfiança em relação às instituições tradicionais. A percepção de corrupção e de que essas instituições não representam os interesses das pessoas comuns pode levar ao apoio a partidos que se posicionam como antissistema. Há aspetos culturais que sempre colidiram com um determinado bom senso derivado das instituições religiosas e que te a ver com a sexualidade e outros tabus. Daí que os direitos LGBTQ+ e igualdade de género, continue a fazer muita confusão na cabeça das pessoas.
As redes sociais amplificam mensagens polarizadoras e podem facilitar a disseminação de desinformação. Isso pode criar câmaras de ressonância que reforçam visões extremistas. Preocupações com o terrorismo e a segurança nacional também têm desempenhado um papel. Ataques terroristas e crises de segurança podem aumentar o apoio a políticas e partidos que prometem ser duros com o crime e o terrorismo. Em muitos lugares, há um sentimento de que a democracia representativa não está funcionando corretamente, o que pode levar ao apoio a líderes populistas que prometem reformas e soluções simplistas e diretas.
Esses fatores combinados criam um ambiente no qual partidos de extrema-direita ganham apoio apelando ao medo. A insegurança desperta nas pessoas o desejo de proteção e estabilidade. Contudo, é importante notar que essa tendência não é uniforme e pode variar significativamente entre diferentes países e contextos. Por exemplo, um homossexual vai para as marchas LGBT+ mais por razões individuais ou grupais, e muitas vezes essas motivações se entrelaçam. A afirmação identitária e a participação em marchas pode ser uma forma de afirmar e celebrar a sua própria identidade e orientação sexual em um ambiente acolhedor e afirmativo. Há também uma certa sensação de empoderamento com a participação em marchas. A participação pode ser uma forma de protestar contra experiências pessoais de discriminação, preconceito ou violência que o indivíduo tenha enfrentado.
A reunificação da Alemanha, após a queda do Muro de Berlim em 1989, não eliminou automaticamente as disparidades entre o Leste e o Oeste do país. A Alemanha Oriental, sob o regime comunista, ficou estagnada economicamente em relação à parte ocidental mais próspera, e essas disparidades socioeconómicas persistem até hoje. Muitos especialistas apontam para o desemprego, a marginalização e o sentimento de perda de identidade cultural no Leste como fatores que alimentam o crescimento de movimentos extremistas. Esses sentimentos podem ser explorados por grupos neonazistas, que oferecem narrativas simplistas para explicar as dificuldades e os fracassos percebidos, além de canalizar o descontentamento contra imigrantes e minorias.
Outro ponto a considerar é o ressentimento de algumas populações do Leste em relação à globalização, que veem como uma ameaça às suas tradições e modos de vida. O neonazismo oferece uma falsa sensação de pertencimento e proteção contra o "estrangeiro" cultural e económico. No entanto, o crescimento de tais ideologias também é uma questão europeia mais ampla, pois o aumento de movimentos populistas e nacionalistas tem sido observado em muitos outros países. A Alemanha, com sua história única, encara isso com especial preocupação, dado o peso simbólico do nazismo em seu passado recente. O ressurgimento dessas ideologias deve ser tratado não apenas como uma ameaça política, mas também como um sintoma de uma crise mais profunda.
Outro ponto a considerar é o ressentimento de algumas populações do Leste em relação à globalização, que veem como uma ameaça às suas tradições e modos de vida. O neonazismo oferece uma falsa sensação de pertencimento e proteção contra o "estrangeiro" cultural e económico. No entanto, o crescimento de tais ideologias também é uma questão europeia mais ampla, pois o aumento de movimentos populistas e nacionalistas tem sido observado em muitos outros países. A Alemanha, com sua história única, encara isso com especial preocupação, dado o peso simbólico do nazismo em seu passado recente. O ressurgimento dessas ideologias deve ser tratado não apenas como uma ameaça política, mas também como um sintoma de uma crise mais profunda.
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