O Museu Bargello, em Florença, abriga importantes obras-primas de escultura, onde não podia faltar Miguel Ângelo, que tem a sua própria sala no museu. Em particular, o museu contém algumas das primeiras obras do mestre: o Dioniso grego, ou Baco romano (1497) e o Tondo Pitti (1504). O Dioniso é a primeira escultura esculpida por Miguel Ângelo quando ele tinha 22 anos de idade. É um dos raros temas profanos do artista, uma figura de bêbado vacilante, quase em equilíbrio num pé só, modelada de acordo com as esculturas clássicas. É uma escultura em mármore encomendada pelo Cardeal Raffaele Riario. Mais tarde, a obra foi rejeitada pelo cardeal e comprada por Jacopo Galli, que a colocou no pátio de sua casa.
O Museu exibe a coleção mais importante do mundo de escultura toscana renascentista, com obras fundamentais de Donatello, Della Robbia, Verrocchio e Miguel Ângelo, juntamente com um grupo significativo de marfins franceses medievais, majólicas italianas e armas. Está instalado no Palazzo del Capitano del Popolo (ou Palácio Bargello) medieval, construído a partir de 1255 e ampliado no século XIV, antiga residência do Capitão do Povo, depois do Podestà e, por último, do Capitão da Justiça (chamado Bargello), ou seja, o chefe da polícia (século XVI), quando o palácio foi transformado numa prisão. O edifício foi completamente restaurado para abrigar o Museu Nacional Bargello, inaugurado em 1865.
O museu anterior era dedicado às artes aplicadas medievais: bronzes, majólicas, estátuas, moedas, selos e medalhas. O ano de Donatello (1887-88) foi a ocasião para abrir o Salão de Escultura Renascentista (hoje chamado de "de Donatello") e, entre o final do século XIX e o início do século XX, a coleção foi ampliada ainda mais graças a doações e legados privados (Carrand, Ressmann, Franchetti), com novos marfins, esmaltes, armas e armaduras. Hoje, no andar térreo do museu, o Salão da Escultura do século XVI exibe importantes obras de Miguel Ângelo, Benvenuto Cellini, Jacopo Sansovino e Giambologna.
Miguel Ângelo, com a obra do Dioniso, inspirou-se nas Grandes Dionísias da Liga de Delos. O período das Grandes Dionísias da Liga de Delos foi realmente notável na história da Grécia antiga. As Grandes Dionísias eram festivais dedicados a Dioniso, o deus do vinho e do teatro, que incluíam competições dramáticas em Atenas. Esses eventos não apenas celebravam a cultura e a religião, mas também promoviam o desenvolvimento do teatro grego, com dramaturgos como Sófocles, Eurípides e Ésquilo apresentando as suas obras. Esses festivais foram um marco na evolução do teatro ocidental e ajudaram a consolidar a importância de Atenas na Grécia antiga.
As Festas Dionisíacas eram celebrações de caráter cívico-religioso, ou seja, conciliavam aspetos da política e da identidade de Atenas, servindo como fator de agregação da sociedade ateniense. Dentro de algumas dessas festas eram realizados concursos teatrais que, envolvendo competitividade e sociabilização, serviam para suavizar conflitos internos dentro da pólis. Em Atenas, eram celebradas cinco festas em honra a Dioniso: as Leneias, as Antestérias, as Dionísias Urbanas, as Oscofórias e as Dionísias Rurais. As Leneias, que ocorriam no mês Gamélion (atual janeiro-fevereiro), consistiam em uma antiga festividade dos gregos da Jónia. Nessa festividade ocorriam um sacrifício, uma procissão e um concurso teatral.
As Antestérias, que ocorriam no mês Anthesterión (atual fevereiro-março), demarcavam o início da primavera e o seu nome provavelmente está relacionado ao florescimento (anthos). As Grandes Dionísias ou Dionísias Urbanas, que ocorriam no mês Elaphebolión (atual março-abril), eram a festa de maior prestígio no contexto das festas dionisíacas. As Oscofórias, o festival da colheita das uvas, ocorriam no mês Pyanopsion (na segunda quinzena de outubro), quando havia uma corrida de rapazes carregando ramos de parreira. As Dionísias Rurais, que aconteciam no mês Posídeon (atual dezembro-janeiro), eram realizadas provavelmente em 140 demos da Ática. Acredita-se que essa festa teve início como um cortejo fálico em direção a um culto que antecederia um sacrifício.
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