Permita-me a franqueza da minha opinião. A diversidade é uma característica fundamental da natureza, incluindo a diversidade de identidades. Rotular as identidades que divergem da norma social como "falsidade oportunista" é uma simplificação que não reconhece a complexidade das experiências individuais e a influência de fatores sociais e culturais na construção da identidade. Respeitar e aceitar a diversidade de identidades é fundamental para promover a igualdade e o bem-estar de todos os indivíduos. É importante reconhecer que cada pessoa tem a sua própria jornada e experiência. É possível que algumas pessoas explorem ou experimentem diferentes identidades por uma variedade de razões. No entanto, é crucial evitar generalizações com base em casos individuais e entender que a identidade é o pilar fundamental de uma pessoa. O respeito pela autenticidade e integridade das experiências individuais é essencial ao discutir estas questões.
Mas não quero cultivar generosamente o princípio do politicamente correto. O objetivo é promover um diálogo inclusivo e respeitoso, reconhecendo a diversidade de opiniões e experiências. Isso pode envolver uma abordagem sensível a uma panóplia imensa de questões. Para garantir que todos se sintam valorizados e respeitados durante as conversas é essencial que a voz dos outros seja ouvida. Penso que está a haver nas academias americanas um certo enviesamento de análise para satisfazer agendas ideológicas de supremacia de uma certa esquerda woke.
Hoje em dia há quem pense, muitos mais homens que mulheres, mas também algumas mulheres sobretudo com forte crença católica apostólica romana, que a terceira vaga do feminismo está a ir longe demais porque, para além de ter abandonado as trincheiras de resistência das vagas anteriores, tornaram-se mais radicais numa verdadeira frente de ataque ao patriarcado.
É verdade, o feminismo contemporâneo adotou abordagens diferentes das suas predecessoras. Enquanto as vagas anteriores do feminismo se concentravam principalmente na conquista de direitos políticos e legais para as mulheres, e na luta contra a discriminação de género, esta última abriu o leque para incluir o mais amplo espectro de interseções - género, raça, classe, sexualidade, e outras formas de opressão. A diversidade de identidades está presente em muitas culturas ao longo da história da humanidade. A compreensão e aceitação da diversidade de identidades são aspectos importantes da inclusão e do respeito pelos direitos humanos.É por isso que os biólogos mais empedernidos, sobretudo de outra geração, quando se apresentam a defendr a sua dama, as autoras da perspectiva sociológica dão azo à indignação da sua subjetividade, que como sabemos entram em conflito contraditório com o standard biológico que apela à objetividade. É que a questão da identidade de género envolve tanto aspectos sociais como biológicos. E enquanto a biologia se deve limitar apenas a fornecer insights sobre aspectos físicos e hormonais, a identidade de género, para uma socióloga ou psicóloga, é uma experiência profundamente pessoal e subjetiva. A sociologia/psicologia não ignora a biologia, mas defende que a influência do ambiente social, cultural e histórico na construção da identidade de género é o que conta para o que nos interessa debater neste caso. Como autor do presente ensaio diria que ambas as perspectivas são importantes para uma compreensão abrangente da identidade de género.
Uma característica importante da terceira vaga do feminismo é a ênfase na diversidade de experiências e perspectivas do que significa ser mulher. As mulheres são uma parte da sociedade que mais conhecem e reconhecem as várias práticas e formas de opressão. Assim, o item desigualdade é colocado na interseção de diferentes identidades sociais, excluindo as arcaicas noções binárias de género, que são atribuídas ao perpétuo patriarcado. Em vez de se limitar a trincheiras específicas de resistência, a terceira vaga do feminismo adota uma abordagem mais abrangente e multifacetada, buscando desafiar e transformar as estruturas patriarcais que estão espalhadas pelas diversas áreas da sociedade.
A interseccionalidade, um conceito novo, é uma parte fundamental da terceira vaga feminista, especialmente relevante para as mulheres negras. Elas enfrentam formas únicas de discriminação de género e raça, muitas vezes referidas como sexismo e racismo simultâneos. Assim, a luta das mulheres negras envolve tanto desafiar as estruturas patriarcais como enfrentar o racismo sistémico, um outro conceito mais recente ainda sujeito a muita controvérsia no que respeita aos critérios de classificação e abrangência. O feminismo interseccional reconhece a importância de abordar essas formas interconectadas de opressão e promover a solidariedade entre as mulheres de diferentes origens e identidades. Isso implica em reconhecer que as experiências e desafios das mulheres negras são distintos e exigem uma análise mais atenta das dinâmicas de poder em jogo. Portanto, a luta das mulheres negras contra o patriarcado não pode deixar de envolver uma abordagem que considere tanto a questão de género como a questão racial.
Sou de opinião que se deve buscar o equilíbrio, promovendo a inclusão e o entendimento mútuo entre diferentes identidades. Isso ajuda a desenvolver sociedades mais agregadoras e inclusivas. Neste mundo das redes sociais implementadas pelas plataformas digitais exponenciou o fenómeno das auto-identidades tribalizadas. As redes sociais e as plataformas digitais têm desempenhado um papel significativo na formação e na amplificação de identidades tribalizadas. Essas plataformas muitas vezes facilitam a formação de comunidades em linha com base em interesses compartilhados, identidades culturais ou visões de mundo específicas.
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