quarta-feira, 12 de junho de 2024

Libertações no século XIX - Lincoln + Alexandre II + Napoleão III


Os Estados Unidos da América atravessavam um período interessante depois da Doutrina Monroe, uma política externa que havia sido proclamada pelo presidente dos Estados Unidos, James Monroe, em 1823. A essência da doutrina era que os Estados Unidos se oporiam a qualquer tentativa de colonização ou intervenção europeia nas Américas. A Doutrina Monroe afirmava que qualquer interferência europeia seria considerada uma ameaça à segurança e aos interesses dos Estados Unidos. Esta doutrina teve um impacto significativo nas relações internacionais dos Estados Unidos ao longo do século XIX e anos seguintes.

É interessante notar as semelhanças nos movimentos de emancipação que ocorreram em diferentes partes do mundo durante o século XIX. Tanto Abraham Lincoln nos Estados Unidos como Alexandre II na Rússia implementaram reformas significativas para libertar grupos oprimidos em suas respectivas sociedades. Essas ações refletiram os avanços na luta pelos Direitos Humanos e pela igualdade em todo o mundo. E até como ambos pagaram a sua audácia com a vida.



No Lincoln Memorial em Washington, Ptomac Park

Abraham Lincoln e Alexandre II enfrentaram forte oposição e acabaram assassinados por indivíduos que se opunham às suas políticas de emancipação. Suas mortes destacam os desafios e os perigos enfrentados por líderes que buscam promover mudanças sociais significativas.

Durante a Guerra Civil Americana, houve uma inclinação da Grã-Bretanha e da França para a Confederação devido a várias razões. Ambos os países tinham interesses económicos na produção de algodão do sul dos Estados Unidos e estavam enfrentando dificuldades devido à falta de algodão durante o conflito. Além disso, havia uma simpatia por parte de alguns políticos europeus em relação à Confederação devido a questões como a autodeterminação e a soberania estadual. No entanto, a habilidade diplomática de Lincoln, o avanço do exército da União e a emancipação dos escravos mudaram a perspectiva europeia, levando-os a permanecer neutros na guerra civil americana.



A coroação de Alexandre II, por Mihály Zichy

Lord Palmerston foi reeleito primeiro-ministro do Reino Unido em 1859. Ele era conhecido por sua política externa habilidosa e por liderar o país durante um período de mudanças significativas tanto internas quanto externas. Durante o seu segundo mandato como primeiro-ministro, ele teve que lidar com questões como a Guerra Civil Americana e as relações com outros países europeus, incluindo a situação política em relação à Confederação durante a guerra civil nos Estados Unidos.

Houve tensões entre William Ewart Gladstone e Lord Palmerston sobre a questão da intervenção armada em favor dos confederados durante a Guerra Civil Americana. Gladstone, que era um político proeminente na época, defendia uma política de não intervenção nos assuntos internos dos Estados Unidos e expressava preocupações sobre as implicações de uma intervenção armada. Por outro lado, Palmerston, que tinha uma postura mais intervencionista em certas questões internacionais, pode ter considerado essa proposta, mas as tensões entre os dois sobre o assunto refletiam divisões dentro do governo britânico sobre como lidar com a situação nos Estados Unidos.

Durante a Guerra Civil Americana, Napoleão III da França aproveitou o caos político nos Estados Unidos para intervir no México. Em 1861, ele enviou tropas para o México e, em 1862, formou uma coligazão com a Grã-Bretanha e a Espanha para exigir o pagamento de dívidas não pagas pelo governo mexicano. No entanto, após negociações, a Grã-Bretanha e a Espanha retiraram suas tropas, deixando o exército francês sozinho. Napoleão III aproveitou a oportunidade para tentar estabelecer um regime amigável no México e instaurou o Segundo Império Mexicano, com Maximiliano de Habsburgo como imperador. No entanto, a intervenção francesa no México encontrou forte resistência, e o regime de Maximiliano acabou por ser derrubado em 1867.

Maximiliano de Habsburgo era irmão mais novo do imperador austríaco Francisco José I. Napoleão III, buscando expandir a influência francesa na América Latina, ofereceu o trono mexicano a Maximiliano em 1864, como parte de seus esforços para estabelecer o Segundo Império Mexicano. Maximiliano aceitou a oferta e tornou-se o imperador do México, governando até 1867, quando foi capturado e executado pelas forças republicanas mexicanas, que lutavam contra a intervenção francesa no país. Maximiliano casou-se com Carlota, filha mais velha de Leopoldo II, rei dos belgas, casamento para fortalecer os laços entre a Áustria e a Bélgica. O casamento ocorreu em 1857, e Carlota desempenhou um papel significativo como imperatriz consorte do México durante o curto reinado de Maximiliano como imperador do México.



Batalha de Solferino, por Adolphe Yvon
Musée du Second Empire - Château de Compiègne

Na época da Batalha de Solferino - ocorrida em 24 de junho de 1859 - foi um combate decisivo da Segunda Guerra da Independência de Itália, entre o exército austríacao, comandao por Francisco José I, e e o exército francês comandado por  Victor Manuel II no tempo de Napoleão III, que foi o primeiro presidente francês eleito por voto direto. Entretanto, foi impedido de concorrer a um segundo mandato pela constituição e parlamento, organizando um golpe em 1851 para assumir o trono como imperador no final do ano seguinte. Golpe de Estado que estabeleceu o Segundo Império Francês. A França e o Piemonte-Sardenha lutaram contra o Império Austríaco. A batalha terminou em vitória franco-piemontesa, mas Napoleão III foi influenciado pelo enorme derramamento de sangue e pela pressão internacional após a batalha, o que levou à sua decisão de buscar uma trégua e, eventualmente, ao Tratado de Villafranca, que encerrou a guerra. Esta batalha não levou diretamente à perda da Itália, mas foi um passo importante no caminho para a unificação italiana, que foi concluída mais tarde.

Quando Guilherme II assumiu o trono alemão em 1888, ele herdou uma monarquia que enfrentava desafios e mudanças significativas. A era do imperador Guilherme I e do chanceler Bismarck havia sido marcada pela unificação da Alemanha e pelo estabelecimento de um Estado forte. No entanto, após a demissão de Bismarck em 1890, Guilherme II buscou um curso político mais pessoal e assertivo, o que levou a tensões internas e externas. A monarquia estava enfrentando pressões sociais, políticas e económicas crescentes, que acabaram em tumultos e grande instabilidade durante o seu reinado.

A carreira de Bismarck foi fortemente influenciada por sua habilidade política e sua personalidade forte. Ele foi capaz de manipular alianças e diplomacia para alcançar os seus objetivos de unificar a Alemanha e fortalecer o poder prussiano. Sua liderança durante os anos de formação da Alemanha moderna foi crucial, e a sua demissão em 1890 marcou o fim de uma era e o início de novos desafios para o Império Alemão. Apesar das diferenças iniciais e dos conflitos de poder, Bismarck e Guilherme II eventualmente estabeleceram uma relação de trabalho. Guilherme reconheceu o valor da experiência e da habilidade política de Bismarck e permitiu que ele continuasse a influenciar a política alemã mesmo após sua demissão formal. No entanto, as suas relações eram complexas e, eventualmente, Bismarck se retirou da vida pública pouco antes de morrer em 1898, encerrando assim uma era importante na história alemã.

Era o tempo de Alfred Krupp, industrial alemão que desempenhou um papel significativo no desenvolvimento económico e industrial da Alemanha durante o século XIX. A empresa de sua família, a Krupp, tornou-se uma das maiores e mais influentes produtoras de aço do mundo, fornecendo equipamentos essenciais para a indústria, infraestrutura e indústria militar. A produção de aço de alta qualidade pela Krupp foi crucial para o sucesso da Alemanha durante o período da unificação e anos seguintes, contribuindo para a ascensão do país como uma potência global. Alfred Krupp era frequentemente chamado de "rei do aço" devido à sua posição dominante na indústria siderúrgica da Alemanha e do mundo. Sua empresa, a Krupp, era líder na produção de aço e desenvolveu tecnologias inovadoras que impulsionaram o progresso industrial e militar da Alemanha. O apelido reflete a sua influência e importância no cenário económico e político da época.

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