quinta-feira, 13 de junho de 2024

John Brown invade em 1859 a Virgínia e é enforcado



John Brown (9 de maio de 1800 – 2 de dezembro de 1859) foi um líder proeminente no movimento abolicionista dos Estados Unidos nas décadas anteriores à Guerra Civil. Ele ganhou proeminência nacional na década de 1850 por seu abolicionismo radical e sua participação no Bleeding Kansas. Em 1859, Brown foi capturado, julgado e executado pelo governo da Commonwealth da Virgínia por ter liderado e tentado incitar uma rebelião de escravos em Harpers Ferry.

Sim, John Brown foi um abolicionista dos Estados Unidos que liderou uma tentativa de invasão armada à cidade de Harpers Ferry, na Virgínia, em 1859. Ele foi capturado, julgado e enforcado por traição. Sua tentativa de iniciar uma revolta de escravos teve um impacto significativo no debate sobre a questão da escravidão nos Estados Unidos.


John Brown e a casa onde nasceu - Torrington, Connecticut
Foto de 1896. A casa desapareceu num incêndio em 1918

O cisma norte-americano por causa do abolicioniamo teve início no Kansas. Kansas-Nebraska Act de 1854 foi um ponto crucial que desencadeou tensões entre os estados do Norte e do Sul nos Estados Unidos. Esse ato permitiu que os novos territórios decidissem por si mesmos se permitiriam ou não a escravidão, em vez de seguir a linha do Compromisso de Missouri de 1820, que estabelecia uma divisão entre estados livres e esclavagistas. Isso levou a uma série de confrontos violentos no território do Kansas entre abolicionistas e defensores da escravidão, conhecidos como "Bleeding Kansas", que foi um prenúncio da guerra civil iminente.

Em 1860, o Partido Republicano dos Estados Unidos escolheu Abraham Lincoln como seu candidato à presidência. Ele acabou vencendo as eleições presidenciais daquele ano, tornando-se o 16º presidente dos Estados Unidos. Sua eleição foi vista como um ponto crucial que contribuiu para a escalada das tensões entre os estados do Norte e do Sul, culminando na Guerra Civil Americana. Lincoln era conhecido por suas posições anti-escravidão, o que exacerbou as divisões entre os estados esclavagistas e os estados livres.

O surgimento da Confederação dos Estados Confederados da América (também conhecidos como Estados Confederados) foi impulsionado principalmente pela questão da escravidão e pela crescente divisão política entre o Norte e o Sul dos Estados Unidos. Os estados do Sul estavam preocupados com o avanço do movimento abolicionista no Norte e temiam que o governo federal, liderado por Abraham Lincoln e pelo recém-formado Partido Republicano, ameaçasse os seus interesses na exploração do comércio do algodão.

Embora a escravidão tenha sido o principal ponto de contenda, outras questões, como os direitos dos estados e a soberania, também desempenharam papéis significativos na formação da Confederação e no desencadeamento da Guerra Civil Americana. A Guerra Civil durou de 1861 a 1865 e foi travada principalmente entre os estados do Norte, conhecidos como a União, e os estados do Sul, que compunham a Confederação. A guerra foi o resultado final de anos de tensões políticas, económicas e sociais entre o Norte e o Sul, com a questão da escravidão sendo o principal ponto de contenda. A União estava comprometida em preservar a União e acabar com a secessão, enquanto a Confederação estava determinada a defender a sua independência e manter a escravidão.

 A Guerra Civil Americana foi um dos conflitos mais devastadores na história dos Estados Unidos, resultando numa perda significativa de vidas e deixando um legado duradouro de divisão e cicatrizes na sociedade americana. A vitória da União acabou com a escravidão nos Estados Unidos e reforçou a autoridade do governo federal sobre os estados individuais. Depois que a Carolina do Sul se separou da União,  O comandante Lee foi abordado pelo presidente Abraham Lincoln para comandar o Exército da União. No entanto, Lee recusou a oferta porque não queria lutar contra o seu estado natal, a Virgínia. Eventualmente, ele decidiu renunciar ao exército dos Estados Unidos e se juntar aos confederados, onde se tornou o comandante do Exército da Virgínia do Norte. Enquanto isso, Ulysses S. Grant era um oficial do Exército da União que se destacou durante a guerra e, mais tarde se tornou um dos principais generais da União. Daí que Robert E. Lee tenha sido um dos principais generais confederados, pel facto de ser natural da Virgínia. Ele liderou o Exército da Virgínia do Norte durante grande parte do conflito.

Na Virgínia, Grant comandou as forças da União na Campanha Overland em 1864. Esta campanha incluiu batalhas sangrentas como a Batalha de Wilderness, a Batalha de Spotsylvania Court House e a Batalha de Cold Harbor. Embora estas batalhas tenham sido incrivelmente custosas em termos de vidas, elas marcaram um esforço da União para pressionar o Exército Confederado da Virgínia do Norte com o objetivo de derrotar o general Robert E. Lee. Além disso, na Geórgia, Grant foi um forte defensor da campanha liderada por William Tecumseh Sherman. Sherman liderou a famosa Marcha para o Mar, onde suas tropas atravessaram a Geórgia, devastando a infraestrutura confederada e demonstrando o poderio militar da União. Esta campanha culminou com a captura de Atlanta em setembro de 1864.

Durante a Guerra Civil Americana, a Confederação controlava a Virgínia. A capital dos Estados Confederados da América, Richmond, estava localizada na Virgínia, o que a tornava uma posição estratégica vital para a Confederação. A Virgínia desempenhou um papel significativo na guerra, com importantes batalhas, como a Batalha de Bull Run e a Campanha da Virgínia, sendo travadas em seu território. Mais de 179 mil negros escaparam do Sul para se juntarem aos unionistas. Esses afro-americanos fugitivos eram conhecidos como "contrabandos" e desempenharam papéis importantes no apoio aos esforços da União. Alguns deles serviram como soldados nos exércitos da União, enquanto outros trabalharam como trabalhadores, cozinheiros, espiões e em outros papéis de apoio. Sua participação foi fundamental para o esforço de guerra da União e contribuiu significativamente para a causa da abolição da escravidão.

Mas, infelizmente, nem todos os generais da União receberam os afro-americanos fugitivos de braços abertos. Alguns generais tinham dúvidas sobre a capacidade ou disposição dos afro-americanos para lutar e servir efetivamente nos exércitos da União. Além disso, havia preocupações políticas e sociais sobre como a incorporação de afro-americanos nos exércitos da União afetaria as relações raciais e as perspectivas de pós-guerra. Enquanto outros os aceitaram mais prontamente. No entanto, à medida que a guerra progredia e a necessidade de soldados aumentava, a União começou a recrutar e organizar regimentos afro-americanos. Eventualmente, mais de 179 mil afro-americanos serviram nas forças armadas da União durante a guerra, desempenhando um papel significativo na vitória da União e na abolição da escravidão.

As tropas da União derrotaram os Confederados numa batalha sangrenta em Gettysburg. A Batalha de Gettysburg foi travada de 1 a 3 de julho de 1863, nos arredores da cidade de Gettysburg, na Pensilvânia. Foi uma das batalhas mais sangrentas e significativas da guerra, resultando em uma vitória decisiva para as tropas da União sobre os confederados. O comandante da União, General George Meade, liderou as tropas da União na defesa de posições estratégicas em Gettysburg contra o avanço das forças confederadas lideradas pelo General Robert E. Lee. Após três dias de intensos combates, incluindo confrontos notáveis como Pickett's Charge, as tropas da União conseguiram repelir os ataques confederados. A Batalha de Gettysburg foi um ponto de viragem na guerra, enfraquecendo gravemente o Exército da Virgínia do Norte de Lee e forçando os confederados a recuarem para o sul. Mais importante ainda, a derrota em Gettysburg minou a confiança dos confederados em uma vitória militar decisiva e reforçou a determinação da União em preservar a União e abolir a escravidão.

Abraham Lincoln recebeu Ulysses S. Grant na Casa Branca após Grant se ter destacado como um dos principais generais da União durante a Guerra Civil Americana. Grant comandou com sucesso várias campanhas militares que contribuíram significativamente para os esforços de guerra da União, incluindo vitórias importantes como a Batalha de Fort Donelson, a Batalha de Shiloh e a Campanha de Vicksburg. Devido aos seus sucessos militares e liderança, Grant ganhou destaque e o respeito de Lincoln. Em março de 1864, Lincoln promoveu Grant a tenente-general e o nomeou como comandante geral de todos os exércitos da União. A reunião entre Lincoln e Grant na Casa Branca representou um momento crucial na história da guerra, quando a liderança militar da União estava sendo consolidada para os próximos estágios do conflito.

Ainda assim ambos tinham casado no seio de importantes famílias de proprietários de escravos. Tanto Abraham Lincoln quanto Ulysses S. Grant se casaram em famílias que possuíam escravos. Lincoln era casado com Mary Todd Lincoln, que vinha de uma família proeminente do Kentucky, um estado esclavagista na época. Embora Mary Todd Lincoln tenha crescido em uma família com escravos, Abraham Lincoln sempre se opôs à instituição da escravidão. Quanto a Ulysses S. Grant, ele era casado com Julia Dent Grant, cuja família possuía escravos em sua fazenda no Missouri. Apesar disso, Grant se tornou um defensor da abolição da escravidão durante a guerra e promoveu políticas e leis que acabaram por abolir a escravidão nos Estados Unidos. Embora suas famílias tenham tido envolvimento com a escravidão, tanto Lincoln quanto Grant evoluíram em suas visões sobre a questão e desempenharam papéis significativos na luta pela abolição durante a Guerra Civil Americana. 

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