quinta-feira, 20 de junho de 2024

Maria Teresa de Áustria casa a filha Antonia com Luís Augusto delfim de França



Maria Antonieta
por Elisabeth Vigée-Le Brun

Maria Antonieta, em alemão Maria Antonia e em francês Marie Antoinette, nasceu em Viena em 1755, filha da imperatriz da Áustria – Maria Teresa e do imperador Francisco I do Sacro Império Romano-Germânico, que morreu em Innsbruck, em 1765. Porém, era Maria Teresa quem realmente exercia o poder real. Maria Teresa usou Antonia como um "peão" no jogo político para cimentar uma nova aliança com o arqui-inimigo secular da Áustria: a França. Após longas negociações, comandadas pelo francês Étienne, Duque de Choiseul e pelo austríaco príncipe de Starhemberg, acertou-se o compromisso da jovem com Luís Augusto, delfim de França. Assim, em abril de 1770, aos 14 anos de idade, foram encetados os protocolos de casamento com o então delfim de França (que subiria ao trono em maio de 1774 com o título de Luís XVI. Arquiduquesa da Áustria, esposa do rei Luís XVI e Rainha Consorte da França e Navarra de 1774 até à Revolução Francesa em 1792.

Em novembro de 1768, o abade de Vermond partiu para Viena, como tutor de Antonia. A arquiduquesa, embora bela e inteligente, também era descrita como preguiçosa e indisciplinada e não tinha o conhecimento necessário para desempenhar o papel de rainha. O abade submeteu Antonia a um programa educacional projetado especialmente para ela, onde substituiu o estudo de livros por longas palestras que versavam sobre história, religião e literatura francesa. O programa obteve bons resultados e o tutor ficou encantado com os progressos de Antonia.

Nos poucos meses que antecederam o casamento, Maria Teresa tentou recuperar a relação com a filha, dividindo seus aposentos com ela nas últimas noites antes da partida para a França. Em 19 de abril de 1770 foi celebrado o casamento por procuração. A partir desse momento Antonia foi oficialmente chamada de "Marie Antoinette, Dauphine de France". Em 21 de abril de 1770, seguida por um sumptuoso cortejo de cinquenta e sete carruagens, Maria Antonieta deixou Viena para nunca mais voltar. Embora devesse esquecer as suas origens austríacas e tornar-se uma francesa de corpo e alma, como se esperava de toda a rainha consorte de França, a jovem delfina preferiu seguir as instruções de sua mãe, que lhe ordenou no momento da despedida: "Continue sendo uma boa alemã". A imperatriz continuaria a intimidar sua filha nas cartas mensais expedidas para Versalhes, onde lembrava a fidelidade que a jovem devia à Casa d'Áustria.

Após duas semanas de viagem e sendo elogiada por onde passava, a delfina chegou a Shüttern, na margem do Reno oposta a Estrasburgo. Em um pavilhão de madeira construído especialmente para a ocasião numa pequena ilha no Reno, teve lugar a cerimónia durante a qual Maria Antonieta trocou seus trajes austríacos pelos franceses. A delfina despediu-se definitivamente de seu séquito para ser acolhida por um cortejo francês, chefiado por Anne, Condessa de Noailles, recentemente nomeada "Grã-mestre da Casa da Delfina". O cortejo retomou a marcha para Compiègne, onde a delfina era esperada pela corte francesa, incluindo o rei Luís XV, o delfim e o duque de Choiseul, que foi ao encontro da jovem e auxiliou o seu desembarque. Maria Antonieta disse-lhe: "Nunca esquecerei que vós fostes o defensor de minha felicidade!". O casal viu-se pela primeira vez e a delfina notou que seu marido era muito diferente do descrito durante as negociações de casamento: era desajeitado, inábil e já bastante obeso para a idade; os retratos enviados para a Áustria haviam favorecido grandemente a sua aparência.

As bodas foram celebradas a 16 de maio de 1770, numa cerimónia solene em Versalhes, e todo o povo foi convidado a festejar a alegria da família real. Após o jantar, iniciou-se a cerimónia do coucher a qual, pela etiqueta, deveria ser presenciada por toda a corte. O casal foi para a cama e o leito nupcial foi abençoado pelo arcebispo. Ao final da cerimónia os noivos foram deixados a sós, mas o casamento não foi consumado. Enfim, ela não sabia nas que se estava a meter. Por exemplo, ela não sabia que Madame du Barry tinha sido uma amante famosa de Luís XV da França, uma grande influente na corte francesa durante o reinado de Luís XV. Maria Antonieta enfrentou dificuldades para engravidar durante os primeiros anos de seu casamento com Luís XVI. Isso causou especulações e pressões sobre ela na corte francesa. Maria Teresa Carlota, a primeira filha deles, nasceu em 1778.

Maria Teresa da Áustria, em Viena, estava preocupada com o comportamento de sua filha na corte francesa, especialmente devido aos rumores sobre a sua extravagância e estilo de vida. Ela expressou preocupações sobre a influência negativa que isso poderia ter na reputação da família e nas relações diplomáticas. Entretanto a França estava enfrentando graves problemas financeiros que eventualmente levaram à bancarrota. As despesas excessivas da monarquia, combinadas com a má administração financeira e a pressão fiscal sobre a população, contribuíram significativamente para a crise económica do país. Isso acabou desempenhando um papel importante na Revolução Francesa.

Por outro lado, Maria Teresa da Áustria era uma imperatriz muito preocupada com as questões geopolíticas, incluindo a sua relação com Catarina II, a Grande, da Rússia. Embora as duas tenham mantido relações diplomáticas, houve momentos de tensão e rivalidade, especialmente em relação aos interesses territoriais e à influência na Europa Oriental. O regicídio de Pedro III da Rússia, que era marido de Catarina, deposto e posteriormente assassinado, certamente causou horror e preocupação a Maria Teresa da Áustria. Isso porque poderia criar instabilidade na região e afetar as relações diplomáticas entre os países europeus. 
Matia Teresa condescendeu com Catarina II e com Frederico II da Prússia na divisão da Polónia-Lituânia em 1772. Embora Maria Teresa tenha inicialmente relutado em se envolver nesse processo, ela acabou concordando com a partilha, pois isso lhe garantiria ganhos territoriais e fortaleceria sua posição na Europa Oriental. Essa partilha foi apenas o primeiro de uma série de eventos que levaram à eventual divisão total do país entre os três poderes, em 1795.

As taras sexuais de Catarina II são frequentemente tema de especulação e discussão, mas é importante notar que muitos relatos sobre sua vida privada podem ser exagerados ou baseados em rumores infundados. Catarina II foi uma governante influente, cujo reinado foi marcado por reformas significativas e pela expansão do império russo. Suas contribuições políticas e culturais costumam ser mais enfatizadas do que sua vida pessoal.

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