quarta-feira, 19 de junho de 2024

Rodolfo II



Ao subir ao trono, Rodolfo II [1552-1612] manteve a política de tolerância ao protestantismo de seu pai e deu auxílio à Contrarreforma. Embora fosse um homem culto, parecia incapaz de governar por ataques de melancolia e, mais tarde, ocasionalmente, de insanidade. Por isso, outros membros da família começaram a intervir nos assuntos do império. Foi imperador do Sacro Império Romano-Germânico de 1576 até sua abdicação em 1611. 

Após uma revolta na Hungria (1604-1606) liderada por Stephen Bocskay e seus aliados otomanos, grande parte do poder foi transferido para o irmão de Rodolfo, Matias. A revolta foi provocada pela tentativa de Rodolfo de impor o catolicismo romano na Hungria. Em 1608, Matias forçou Rodolfo a lhe ceder a Hungria, a Áustria e a Morávia. Procurando ganhar apoio dos estados da Boémia, Rodolfo emitiu um documento real chamado Majestät em 1609, que garantia a liberdade religiosa aos nobres e às cidades. Este esforço foi em vão e Rodolfo foi forçado a ceder a Boémia para Matias em 1611. O reinado turbulento de Rodolfo foi um prelúdio para a Guerra dos Trinta Anos.

A relação entre Rodolfo II, Sacro Imperador Romano-Germânico, e Abbas I, o Grande, do Império Safávida, foi marcada por contactos diplomáticos e trocas comerciais. Em 1609, Rodolfo II enviou um representante chamado Busbecq a Abbas I. Busbecq era um diplomata flamengo e embaixador do Sacro Imperador Romano-Germânico na corte otomana. Sua missão era estabelecer contactos e negociações com Abbas I em busca de alianças e acordos comerciais. Este encontro diplomático é conhecido por suas valiosas descrições das regiões e culturas do Médio Oriente. As conquistas de Abbas referem-se às realizações e expansões do Império Abbasida durante o reinado dos califas da dinastia Abbasida. Sob o governo de califas como Al-Mansur, Al-Mamun e Harun al-Rashid, o império alcançou o seu auge, expandindo-se para o leste, conquistando territórios significativos na Ásia Central, Pérsia e partes do subcontinente indiano. Essas conquistas não apenas aumentaram a influência do império, mas também promoveram o comércio, a cultura e o intercâmbio de conhecimento entre diferentes civilizações. Na verdade, A retomada de Tabriz ocorreu durante o reinado de Abbas I. Em 1605, Abbas I lançou uma campanha militar contra os otomanos, reconquistando Tabriz, uma cidade importante na região do Azerbaijão, que havia sido perdida anteriormente para os otomanos. Esta foi uma das muitas campanhas militares de Abbas I para consolidar e expandir o Império Safávida durante seu longo reinado.

Rodolfo II foi um dos mais excêntricos monarcas europeus de todos os tempos. Colecionava anões e possuía um regimento de gigantes em seu exército. Era rodeado por astrólogos e fascinado por jogos, códigos e música. Rodolfo fazia parte dos nobres de seu período orientados pelas ciências ocultas. Patrono da alquimia, financiou a impressão de literatura dos alquimistas. Além disso, seu gosto pelo excêntrico o fez um dos principais protetores e mecenas de Giuseppe Arcimboldo pintor considerado por certos críticos um dos precursores ou inspiradores do surrealismo, umas das principais vanguardas europeias do século XX. Uma das principais obras do artista é justamente o retrato de Rodolfo II como o deus romano Vertumnus pintado provavelmente entre 1590 e 1591 feito com vários tipos de frutas, legumes, cereais e outros vegetais.




Rodolfo II era um patrono das artes e das ciências, e sua corte em Praga era um centro de atividade intelectual durante o Renascimento, onde alquimistas como Edward Kelley e John Dee encontraram patrocínio e apoio. Foi o Papa Clemente VIII quem chamou o imperador Rodolfo II de "Príncipe das Trevas" devido ao seu interesse pela alquimia e por práticas consideradas esotéricas na época. Este apelido era uma referência à sua associação com alquimistas e astrólogos, que eram vistos com desconfiança pela Igreja Católica naquele período. Rodolfo II fez de Praga a capital de seu império e passou a maior parte de seu reinado lá. Sua corte em Praga foi um centro intelectual e cultural importante durante o Renascimento, onde ele recebeu artistas, cientistas, alquimistas e pensadores de toda a Europa. Praga sob seu governo era conhecida por sua atmosfera cosmopolita e tolerância religiosa.

Rodolfo II teve um encontro secreto em Viena com Fernando de Estíria, que mais tarde se tornou Fernando II, Sacro Imperador Romano. Este encontro ocorreu em 1608 e foi parte das negociações para resolver disputas entre a família Habsburgo. Foi um encontro significativo, pois os dois líderes discutiram questões políticas e estratégias para fortalecer o império.

Matias da Boémia, que mais tarde se tornou imperador, foi uma figura importante durante a época da Defenestração de Praga. A defenestração de Praga ocorreu em 23 de maio de 1618, quando nobres boémios protestantes jogaram pela janela do Castelo de Praga dois conselheiros católicos e seu secretário. Isso desencadeou a Revolta da Boémia e foi um dos eventos precipitantes da Guerra dos Trinta Anos. Matias foi um dos líderes envolvidos nos eventos que se seguiram, e sua ascensão ao trono imperial foi influenciada pelos tumultos e disputas que se seguiram à defenestração.

Frederico V, Eleitor Palatino do Reno, era um príncipe protestante. Em 1619, ele foi eleito rei da Boémia, em grande parte como resultado da Revolta da Boémia e da deposição do rei católico Fernando II. Frederico V governou por um curto período antes de ser derrotado na Batalha da Montanha Branca em 1620. Sua derrota teve consequências significativas para a causa protestante durante a Guerra dos Trinta Anos. Frederico V, Eleitor Palatino do Reno, era casado com Isabel Stuart, filha de Jaime I da Inglaterra (ou Jaime VI da Escócia). O casamento deles foi uma aliança política importante, pois uniu a casa real inglesa com o ramo protestante da família Palatina. No entanto, após a derrota de Frederico V na Batalha da Montanha Branca em 1620, ele e sua esposa foram exilados da Boémia e perderam seus títulos e terras. 

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