sábado, 22 de junho de 2024

Os anos 80 do trio - Margaret Thatcher, Ronald Reagan e Indira Gandhi




O assassinato de Indira Gandhi, primeira-ministra da Índia, ocorreu às 9h30 de 31 de outubro de 1984 em sua residência em Safdarjung Road, Nova Déli. Gandhi foi morta por dois de seus seguranças, integrantes da seita sique, durante o rescaldo da Operação Estrela Azul, o ataque realizado pelo Exército indiano contra o Templo Dourado, deixando o templo fortemente danificado e resultando na morte de centenas de militantes siques. Gandhi foi assassinada por Satwant Singh e Beant Singh. Beant, que trabalhava há dez anos como segurança da primeira-ministra, foi morto no mesmo dia por outros seguranças, enquanto Satwant foi condenado à pena de morte, sendo executado em janeiro de 1989. Após o assassinato de Gandhi, siques foram perseguidos e mortos pela população revoltada, principalmente pelos hindus, e o filho de Gandhi, Rajiv Gandhi, assumiu a chefia do governo.

Durante os anos 1980, a ocidente, a democracia consolidava-se em Portugal. E em Espanha dava-se o último golpe também de uma transição pacífica de uma ditadura para uma democracia. A democtacia na Europa ocidental consolilava-se com o abortamento de um golpe fascista em Espanha, em 1981. Na Europa havia uma clara divisão entre a Europa Ocidental, onde as democracias estavam se consolidando e expandindo, e a Europa Oriental, que ainda era dominada por regimes ditatoriais comunistas. Enquanto a Espanha realizava uma transição democrática bem-sucedida após a morte de Franco, os países do bloco oriental, sob o controlo da União Soviética, permaneciam sob regimes autoritários e totalitários. Esta disparidade entre leste e oeste foi um aspecto central da Guerra Fria.

Thacher ainda teve de enfrentar não apenas o IRA, mas também os sindicatos, com uma tenacidade de ferro. Margaret Thatcher, Primeira-ministra do reino Unido, enfrentou vários desafios internos incluindo confrontos com o IRA (Exército Republicano Irlandês) e sindicatos trabalhistas. Sua abordagem firme e determinada nessas questões rendeu-lhe uma reputação de liderança forte e intransigente, o que foi admirado por alguns e criticado por outros. Se Indira era o seu avatar como rainha guerrreira, Reagan era o seu parceiro geopolítico.

É interessante pensar em Indira Gandhi como uma "rainha guerreira" e Ronald Reagan como um parceiro geopolítico de destaque durante o seu mandato como presidente. Ambos lideraram os seus países num período turbulento da história mundial e desempenharam papéis significativos em questões geopolíticas, embora as suas abordagens e prioridades pudessem ser diferentes em muitos aspectos.

Certamente, Margaret Thatcher, Indira Gandhi e Ronald Reagan formavam um trío interessante no cenário geopolítico da época. Cada um deles liderou uma nação poderosa e desempenhou papéis distintos, mas frequentemente interligados, em questões geopolíticas globais. Suas interações e relações diplomáticas moldaram significativamente o curso dos acontecimentos durante a Guerra Fria e que continuou muito para lá deles.

A Europa a leste era uma vergonga de ditadores como o caso chocante de Enver Hoxha na Tirana albanesa. Enver Hoxha foi uma figura dominante na Albânia por décadas, liderando o país de forma autoritária e isolacionista. Seu governo impôs um regime comunista brutal, caracterizado pela repressão política, o culto da personalidade e o isolamento do país do resto do mundo. Durante o seu governo, a Albânia tornou-se uma das nações mais fechadas e isoladas do mundo. A morte de Hoxha em 1985 eventualmente abriu caminho para mudanças significativas no país. Margaret Thatcher preocupou-se com uma série de eventos ao redor do mundo, desde a presença soviética no Afeganistão até o apoio a movimentos comunistas em países como Nicarágua e Angola. No entanto, é verdade que a Albânia não era uma prioridade significativa em sua agenda geopolítica.

Enver Hoxha, bem como tantos outros como Stalin e Mao, exemplo paradigmático do perigo que representam homens paranóicos quando conseguem ocupar os lugares de topo do poder. Enver Hoxha, assim como Stalin, Mao e outros líderes autoritários, ilustram bem como indivíduos paranoicos podem exercer um grande poder e impor regimes opressivos sobre populações muito vastas. Sua paranoia muitas vezes os levava a agir de forma brutal contra qualquer oposição percebida, resultando em repressão em massa, perseguições políticas e violações dos direitos humanos. Esses exemplos servem como lembrete dos perigos de concentrar poder nas mãos de líderes autoritários e dos danos que podem causar às sociedades sob seu controlo.

Não se sabe se o filho Shedu de Enver Hoxha se suicidou ou foi assassinado. Mas Hoxha torturou a mulher e matou o filho Skender. Os detalhes sobre as circunstâncias da morte do filho de Enver Hoxha, Shedu, são envoltos em mistério e controvérsia, com algumas alegações de suicídio e outras de assassinato. Quanto ao filho Skender, sua morte foi confirmada como um assassinato por ordem de Hoxha, no meio de uma purga política em 1941. Esses eventos trágicos destacam a brutalidade do regime de Hoxha e as consequências devastadoras da sua ditadura.

No topo do decadente regime soviético estava Andropov a braços com os protestos na Polónia. Yuri Andropov foi o líder da União Soviética durante um período crucial, especialmente durante a primeira metade da década 1980, quando o comunismo estava enfrentando desafios significativos tanto internos quanto externos. Ele assumiu o cargo de Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética em 1982, sucedendo Leonid Brejnev. E
m julho de 1982 Andropov assumiu a presidência ainda com Brezhnev vivo e demente, mas ele também já estava muito doente com insuficiência renal. Brezhnev faleceu em 10 de novembro de 1982. A caminho do velório de Estado, o fundo do caixão cedeu e o corpo de Brezhnev foi parar ao chão. Sim, houve relatos de que o fundo do caixão que transportava o corpo de Leonid Brezhnev cedeu durante o trajeto para o velório de Estado. Esse incidente foi considerado embaraçoso e simbolicamente significativo, refletindo não apenas a deterioração física do líder soviético, mas também a deterioração do sistema político e do regime que ele representava. Esse evento também contribuiu para a percepção pública da fragilidade e da decadência do governo soviético naquela época.

 Durante o seu mandato, Andropov já enfrentava uma crise económica gravíssima, que se fazia acompanhar de uma catadupa de dissidências nos países do bloco comunista, incluindo os protestos na Polónia liderados pelo movimento Solidariedade. Eram os estertores do declínio do comunismo na Europa Oriental. Andropov enfrentava dentro de portas a concorrência de outro geronte chamado Chernenko na cortida da sucessão a Brezhnev. Konstantin Chernenko era um outro líder soviético proeminente na época. E efetivamente Chernenko acabou sucedendo Andropov após a sua morte em 1984. Mas este também governou por pouco tempo, dado que a morte bateu-lhe à porta em 1985. Essa competição interna, que refletia tensões na dinâmica política de decadência do Partido Comunista Soviético, facilitou a emergência de alguém que aos olhos dos ocidentais era uma completa carta fora do baralho: Mikhail Gorbachev.

Gorbachev foi um líder reformista que implementou uma série de reformas políticas e económicas, incluindo a política de Glasnost (transparência) e Perestroika (reestruturação), que visavam modernizar e revitalizar a União Soviética. Sua ascensão ao poder e suas políticas foram de facto muito comentadas e tiveram um impacto profundo não apenas na União Soviética, mas também no cenário político mundial, eventualmente contribuindo para o colapso do comunismo na Europa Oriental e o fim da Guerra Fria. É possível que Mikhail Gorbachev tenha sido ingénuo ao tentar implementar reformas políticas dentro de um sistema de partido único. Suas políticas de Glasnost e Perestroika buscavam abrir o sistema soviético para maior transparência e participação popular, mas ainda mantendo o monopólio do poder pelo Partido Comunista. No entanto, isso criou um dilema, pois as reformas políticas incentivavam a crítica ao sistema e à liderança do partido, minando a autoridade e a legitimidade do próprio partido. Isso eventualmente contribuiu para o desmantelamento do regime comunista e para o colapso da União Soviética.

A desintegração do Império Soviético era inevitável devido a uma série de fatores internos e externos. Internamente, as políticas de reforma de Gorbachev abriram espaço para o surgimento de movimentos nacionalistas e separatistas em várias repúblicas soviéticas, que buscavam mais autonomia e, em alguns casos, independência completa. Além disso, a economia soviética estava enfrentando dificuldades crescentes, com escassez de bens e serviços e uma estrutura económica ineficiente. E é aqui que entra o trio que vinha a falar de início. Estados Unidos e outras potências ocidentais durante a Guerra Fria contribuiram para enfraquecer o sistema comunista soviético. Eventos como a queda do Muro de Berlim em 1989, e as revoltas nos países do chamado bloco da cortina de ferro e Pacto de Varsóvia mostraram que a ideologia comunista jtambém tinha falecido e o sistema soviético estava podre. Todas essas forças combinadas levaram à desintegração da União Soviética em 1991, marcando o fim de um dos regimes políticos mais poderosos e duradouros do século XX.

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