segunda-feira, 15 de julho de 2024

Irão: xá Pahlavi + Navab Safavi + Mossadegh

 

 xá Reza Pahlavi teve de lutar com um partido comunista em ascensão, o Tudeh. Durante o reinado do xá Reza Pahlavi, o partido Tudeh, um partido comunista, cresceu em influência e popularidade. O Tudeh ganhou força especialmente após a Segunda Guerra Mundial, quando os comunistas iranianos se envolveram em atividades políticas e sindicais. O partido defendia a justiça social, a reforma agrária e a nacionalização das indústrias, ganhando apoio entre os trabalhadores, camponeses e intelectuais descontentes com o governo do xá. No entanto, Pahlavi e seus aliados, incluindo os Estados Unidos, reprimiram brutalmente o Tudeh e outros movimentos de esquerda, temendo a expansão do comunismo no país. O Tudeh foi proibido em 1949, e enfrentou perseguição constante ao longo do reinado do xá Pahlavi.

O xá também tinha de lidar com o Ayatollah Kashani que apoiava o movimento terrorista Fadayan-e Islam. Reza Pahlavi enfrentava a oposição de figuras religiosas, onde se incluía o Ayatollah Abol-Ghasem Kashani, que era uma figura proeminente no mundo religioso e político do Irão na época. Kashani era conhecido por seu nacionalismo islâmico e suas críticas ao governo do xá, especialmente em questões como a secularização e a ocidentalização do país. Ele tinha uma base de apoio significativa entre os setores mais tradicionais da sociedade iraniana, incluindo muitos membros da classe religiosa e conservadora.



Navvab Safavi

O movimento Fadayan-e Islam, liderado por Navvab Safavi, era uma organização radical islâmica que se opunha ao regime do xá Pahlavi e buscava a criação de um estado islâmico no Irão. Realizou uma série de ataques violentos contra figuras do governo, funcionários públicos e outras pessoas consideradas inimigas do islão. Isto constituía um desafio para o governo do xá Pahlavi tendo contribuído para o clima de instabilidade política e social no país. Ali Razmara, que o xá havia nomeado para negociar com os britânicos a questão do petróleo, foi assassinado. Ele era visto como favorável aos interesses ocidentais e foi criticado por grupos nacionalistas e religiosos, incluindo o movimento Fadayan-e Islam, que se opunham à influência estrangeira no Irão. O assassinato de Razmara demonstrou a violência e a instabilidade política que caracterizaram o período pré-revolucionário no Irão. E o Majlis votou a favor da nacionalização do petróleo. 

Após o assassinato de Ali Razmara, o parlamento iraniano, conhecido como Majlis, votou a favor da nacionalização do petróleo em 1951. O primeiro-ministro Mohammad Mossadegh, que havia sido nomeado após a morte de Razmara, mobilizou os esforços para nacionalizar a indústria petrolífera do Irão, uma medida que contou com amplo apoio popular e parlamentar. A nacionalização do petróleo era uma questão importante para muitos iranianos que viam a exploração petrolífera por empresas estrangeiras como uma forma de exploração e domínio estrangeiro sobre os recursos naturais do país. A decisão de nacionalizar o petróleo marcou um momento importante na história do Irão moderno, e teve repercussões significativas tanto internamente como internacionalmente.

Mossadegh, para consolidar o poder, dado não ter o apoio da oposião no parlamento, suspendeu-o, governando por decreto. Essa abordagem autocrática, que o alienou de muitos setores da sociedade iraniana, fez com que tivesse perdido o apoio de algumas facções que inicialmente o apoiaram.




Mossadegh, apesar disso, e de não ter o apoio do xá, era muito querido das massas populares. A sua posição firme em relação à nacionalização do petróleo, e a luta contra a influência britânica, granjeou-lhe um forte apoio dos iranianos que viam nele um líder nacionalista e defensor dos interesses do país. Mossadegh era visto como um político honesto e incorruptível, que lutava pelos direitos e interesses do povo iraniano. Sua popularidade era especialmente forte entre os setores mais pobres e desfavorecidos da sociedade, que viam nele um campeão da justiça social e da independência nacional. No entanto, o conflito com o xá Reza Pahlavi acabaram por levar à sua queda em 1953.

Os comunistas tentaram tomar o poder quando o 
Ayatollah Kashani afrontou Mossadegh. O governo de Mossadegh estava ameaçado por uma série de tensões políticas e confrontos entre diferentes facções: comunistas, nacionalistas e grupos religiosos. O Ayatollah Kashani, que era uma figura proeminente no cenário político e religioso do Irão, opôs-se a Mossadegh em várias questões como a sua secularização e abertura à influência comunista. O partido Tudeh, partido comunista iraniano, estava ativo e buscava aumentar a influência durante esse período de agitação política. Os comunistas viram a crise política como uma oportunidade para avançar os seus próprios objetivos, tentando capitalizar o desconforto popular. 

O conflito entre Mossadegh e Kashani, bem como outros grupos políticos e religiosos, culminou no golpe de estado de 1953, apoiado pela CIA e pelo MI6 britânico. Os ingleses e os americanos detetaram que estava em marcha um golpe orquestrado por parte dos soviéticos. Tanto os britânicos como os americanos estavam preocupados com a crescente influência comunista no Irão, e temiam que o governo de Mossadegh se tornasse uma ameaça aos interesses ocidentais na região. Além disso, havia preocupações de que a União Soviética pudesse tentar explorar a instabilidade política no Irão para aumentar a sua influência. Como resultado, os serviços de inteligência dos Estados Unidos, particularmente a CIA, e os britânicos, através do MI6, decidiram intervir no Irão para derrubar Mossadegh e restaurar o poder do xá Reza Pahlavi. 

Zahedi, um oficial iraniano ambicioso que havia sido afastado do governo por Mossadegh, foi identificado como um aliado potencial pelos serviços de inteligência ocidentais, dado o seu desejo em regressar ao poder. A CIA e o MI6 forneceram apoio financeiro e logístico a Zahedi e outros conspiradores, incluindo fundos para pagar partidários e organizar manifestações anti-Mossadegh. Zahedi desempenhou um papel importante no golpe de estado de 1953. Após o sucesso da operação, ele foi nomeado primeiro-ministro do novo governo iraniano. E o poder do xá Reza Pahlavi foi restaurado. O golpe de estado teve consequências de longo alcance para o Irão e para a região. Alterou a dinâmica política e social do país e moldou as relações entre o Irão e o Ocidente.

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