terça-feira, 9 de julho de 2024

O encontro de Nixon com Mao em Pequim


Henry Kissinger, como Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, desempenhou um papel crucial na abertura das relações entre os Estados Unidos e a República Popular da China. Ele voou para Pequim em julho de 1971, numa missão secreta, para se reunir com líderes chineses, incluindo Mao Zedong e Zhou Enlai, preparando o caminho para a histórica visita do presidente Richard Nixon à China em 1972.

Essa visita foi um momento significativo na política externa dos Estados Unidos e nas relações internacionais em geral, resultando na normalização das relações entre os Estados Unidos e a China após décadas de hostilidade. O encontro entre Nixon e Mao em 1972 marcou o início de uma nova era nas relações sino-americanas e teve implicações de longo alcance na política global.




Eram tempos de desanuviamento. Sim, os anos em torno da visita histórica de Richard Nixon à China em 1972 foram amplamente vistos como um período de desanuviamento nas relações internacionais. Este período foi caracterizado pela diminuição das tensões e pela abertura de canais de comunicação entre nações que historicamente tinham estado em desacordo. Além da abertura das relações entre os Estados Unidos e a China, houve também esforços de desanuviamento em outras partes do mundo, como as negociações de controlo de armas entre os Estados Unidos e a União Soviética durante a Guerra Fria. Esses esforços de desanuviamento ajudaram a reduzir as tensões e a mitigar os riscos de conflito direto entre grandes potências, contribuindo para um período de relativa estabilidade e cooperação internacional. 

Richard Nixon e Leonid Brezhnev, durante seus mandatos como líderes dos Estados Unidos e da União Soviética, respectivamente, estiveram envolvidos em negociações de controlo de armas. Entretanto abateu-se sobre Nixon o escândalo Watergate, um evento político significativo que abalou os Estados Unidos durante a presidência de Richard Nixon. O escândalo teve origem em uma tentativa de espionagem e sabotagem política pelo Comité para Reeleger o Presidente (CRP), uma organização de apoio à campanha de Nixon, contra o Partido Democrata. Esse incidente levou à prisão de cinco pessoas em 1972, que estavam tentando invadir a sede do Partido Democrata no complexo Watergate, em Washington, D.C. Tornara-se evidente que altos funcionários da administração Nixon estavam envolvidos no encobrimento do incidente e no suborno de testemunhas. Isso resultou numa investigação do Congresso e em audiências televisionadas que revelaram as extensas atividades ilegais e antiéticas da Administração.

Em agosto de 1974, Nixon renunciou à presidência para evitar o impeachment, tornando-se o primeiro presidente dos Estados Unidos a renunciar ao cargo. O escândalo Watergate teve um impacto duradouro na política dos Estados Unidos, aumentando a desconfiança do público em relação ao governo e fortalecendo os controlos e o escrutínio sobre o poder executivo.

Por outro lado, a União Soviética, em dezembro de 1979, desencadeia a Operação Storm-333, uma operação militar durante a invasão soviética do Afeganistão. O objetivo era capturar o palácio presidencial em Cabul e derrubar o regime afegão liderado por Hafizullah Amin. A operação foi bem-sucedida, resultando na morte de Amin e na instalação de um governo pró-soviético no Afeganistão. Os comandos soviéticos iam vestidos com fardas afegãs. Os comandos soviéticos no Afeganistão muitas vezes se vestiam com uniformes locais afegãos para se misturarem mais facilmente com a população e evitar serem identificados como estrangeiros. Isso fazia parte das táticas de guerra assimétrica.

Durante a invasão soviética do Afeganistão, uma das operações tinha como objetivo liquidar Hafizullah Amin, que era o secretário-geral do Partido Democrático do Povo do Afeganistão e líder do país na época. A União Soviética estava preocupada com a instabilidade política no Afeganistão e buscava influenciar os eventos políticos no país. Os soviéticos andavam alarmados com a atitude de Amin para além da euforia senil de Brezhnev. Os líderes soviéticos estavam preocupados com a atitude de Hafizullah Amin e suas políticas, especialmente além da euforia senil de Brezhnev. Amin tomou uma série de medidas que os soviéticos consideravam problemáticas, incluindo uma abordagem independente em relação à União Soviética e a aproximação com outros países, o que causou tensões entre os dois governos. A preocupação com as políticas de Amin, combinada com a deterioração da saúde de Brezhnev, contribuiu para as tensões entre a União Soviética e o regime afegão.

Yuri Andropov, que mais tarde se tornou o líder da União Soviética, estava entre os membros do Politburo soviético preocupados com a situação no Afeganistão e a atitude de Hafizullah Amin. Andropov era conhecido por sua postura firme em questões de política externa e segurança nacional, e ele compartilhava preocupações sobre as políticas de Amin e seu impacto nas relações soviético-afegãs. Na verdade, Viktor Louis era o nome do agente soviético que era o chefe de cozinha pessoal de Hafizullah Amin. Ele foi recrutado pelo KGB, a agência de inteligência da União Soviética, e enviado ao Afeganistão para trabalhar como chefe de cozinha no palácio presidencial de Amin. Sua missão era colher informações sobre Amin e relatar de volta a Moscovo sobre as atividades políticas do líder afegão.

Houve uma primeira tentativa de envenenamento por parte dos agentes soviéticos, liderados por Viktor Louis, que acabou por falhar. Apesar de seus esforços, Amin não foi envenenado com sucesso, e a tentativa de assassinato não alcançou o seu objetivo. Isso acabou contribuindo para a escalada das tensões entre a União Soviética e o regime de Amin no Afeganistão. A operação para eliminar Hafizullah Amin e sua família durante a invasão soviética do Afeganistão envolveu um grande número de tropas soviéticas, incluindo 700 paraquedistas. O objetivo era garantir o sucesso da operação e neutralizar qualquer resistência que pudesse ser encontrada durante a missão. O uso de um grande contingente de tropas destacou a seriedade com que os soviéticos encaravam essa operação e sua determinação em alcançar seu objetivo.

E foi assim que os soviéticos instalaram em Cabul Karmal como presidente do Afeganistão. Após a morte de Hafizullah Amin e a instalação de Babrak Karmal como presidente do Afeganistão pelos soviéticos, o país entrou num período de governo pró-soviético. Karmal era considerado mais leal aos interesses soviéticos e foi colocado no poder para estabilizar a situação política e garantir a influência da União Soviética na região. No entanto, o governo de Karmal enfrentou uma forte oposição interna e uma insurgência armada, que acabou contribuindo para o prolongamento do conflito no Afeganistão.

Por conseguinte, o primeiro acordo de desanuviamento entre os Estados Unidos e a União Soviética só viria a verificar-se no tempo de Gorbachev com o START (Tratado de Redução de Armas Estratégicas). Este tratado foi assinado entre os Estados Unidos e a União Soviética em 31 de julho de 1991, durante a presidência de George H. W. Bush e a liderança de Mikhail Gorbachev. O tratado START foi um marco importante nas negociações de controlo de armas entre os dois países durante o final da Guerra Fria e visava reduzir o número de armas nucleares estratégicas. Estabeleceu limites para o número de mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs), mísseis balísticos lançados por submarinos (SLBMs) e bombardeiros estratégicos que cada país poderia possuir.

Embora tenham sido feitos progressos significativos em algumas áreas, como a assinatura do tratado START em 1991, as tensões persistiram e, eventualmente, culminaram na dissolução da União Soviética, em 1991, e no fim da Guerra Fria. O período pós-Guerra Fria viu uma série de desafios nas relações entre os Estados Unidos e a Rússia, e a fragilidade do desanuviamento tornou-se ainda mais aparente. Apesar dos esforços de desanuviamento e das negociações de controlo de armas dedestruição maciça, as relações entre os dois países continuaram a ser marcadas por suspeita e competição, especialmente em questões de segurança nacional e influência geopolítica.

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