quinta-feira, 18 de julho de 2024

Os eunucos


Nos antigos impérios, em que o Império Otomano é paradimático para este tema, os eunucos ocupavam posições de confiança e poder. Mas os eunucos existiam tanto no Império Romano, sobretudo no Bizantino, como nas sucessivas dinastias imperiais chinesas. Como não podiam ter filhos naturais, as questões de herança ou traição dinástica não se colocavam. Além disso, a sua condição física muitas vezes os tornava mais confiáveis em certos papéis, como guardiões de haréns e lugares de confiança próximos de governantes.

O que arrepia em começo de conversa é o método físico utilizado para o efeito. Existiam vários métodos para a castração e formação de eunucos, mas geralmente envolviam a remoção dos testículos ou de ambos os testículos e o pénis. Isso poderia ser feito por cirurgia, mas muitas vezes, para além da castração química, as técnicas eram mais rudimentares. Se do ponto de vista político o objetivo residia na inexistência de descendência, é claro que nos ecossistemas dos haréns trazia conveniências acrescidas. No entanto, a sobrevivência depois dos procedimentos como não estava garantida devido aos efeitos secundários da agressão, tais operações eram acompanhadas de uma ritualidade muito especial. 



O Harém Ağası, eunucos negros do Harém Imperial Otomano

Os otomanos davam-se ao luxo de ter um para cada função: responsável pelas roupas do sultão; serviço de bebidas; serviço de carregamento de armas; ajudante para montar o seu cavalo; um era responsável por fazer o seu turbante; outro fazia de barbeiro. No palácio havia também um grande número de mordomos que levavam comida, água e madeira por todo o palácio e acendiam as lareiras e braseiros. Os porteiros (Kapıcı) contavam com várias centenas e eram responsáveis por abrir as portas em todo o palácio. O porteiro-chefe era responsável por escoltar convidados importantes até ao sultão.

O harém estava sob a administração dos eunucos, dos quais havia duas categorias: eunucos negros; eunucos brancos. Uma figura importante na corte otomana era o Eunuco Negro Chefe (Kızlar Ağası ou Harem Ağası). No controlo do harém havia uma rede perfeita de espiões. O eunuco chefe envolvia-se em quase todas as intrigas palacianas e poderia assim ganhar poder sobre o sultão ou um de seus vizires, ministros ou outros oficiais da corte.


Cariye - concubina imperial

Cariye era uma mulher escravizada. Os direitos da mulher escravizada eram regulados dentro da lei islâmica. E o Kizlar Agha, Kızlarağası, também conhecido como o "Eunuco Negro Chefe" - era responsável pela guarda do harém imperial. Na lei islâmica, pela escravização de uma mulher, era o único caso em que o concubinato era legalmente permitido. Uma mulher tomada como concubina cariye tinha que obedecer ao seu dono masculino como se fosse um marido. No entanto, os filhos, homens ou mulheres, de uma concubina cariye eram legalmente livres. 

O harém imperial otomano, que era o harém do sultão otomano – composto pelas esposas, servos (tanto escravas quanto eunucos), parentes do sexo feminino e concubinas do sultão – ocupava uma grande ala do palácio que ficava isolada (seraglio). O harém era uma instituição. Desempenhou uma importante função social dentro da corte otomana, e exerceu considerável autoridade política nos assuntos otomanos, especialmente durante o longo período conhecido como o Sultanato das Mulheres entre 1533 e 1656. Historiadores afirmam que o sultão era frequentemente pressionado por membros do harém de diferentes origens étnicas ou religiosas quando estavam em causa certas geografias nas guerras otomanas de conquista. 

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