quarta-feira, 1 de julho de 2020

Dorothea Lange e Migrant Mother


Dorothea Lange [1895-1965] foi uma fotógrafa/fotojornalista norte-americana, conhecida pela influência que as suas fotografias do tempo da Grande Depressão tiveram na posterior vertente humanista do fotojornalismo.

Aos sete anos contrai a poliomilelite, o que lhe afectou a perna direita com claudicação permanente. Aos doze, o pai abandona a família. Em 1918, deixa Nova Iorque com uma amiga para viajar pelo mundo, mas foi forçada a terminar a viagem em São Francisco, devido a um assalto. Aí se estabelece, trabalhando como finalista de fotografia numa loja de artigos fotográficos, onde se familiarizou com outros fotógrafos. Aí conhece um investidor que a ajudou a montar um estúdio de retratos. Em 1920, casa-se com o pintor Maynard Dixon, com quem teve dois filhos.

Em 1933, no auge da Depressão, cerca de catorze milhões de pessoas estavam desempregadas nos Estados Unidos. Milhares de famílias chegam à Califórnia na década de 1930, na esperança de encontrar trabalho. Essas famílias migrantes eram rotineiramente chamadas de "Okies", independentemente de onde viessem. Okie é um termo, criado em 1907, para denotar um residente ou nativo de Oklahoma, muitas delas viajando em carros como aquele que se vê aqui na fotografia da própria Lange.


Lange vai fotografando essas pessoas da janela do seu estúdio. Mais tarde, deixa o estúdio para poder fotografá-los nas ruas da Califórnia. Lange sentiu que finalmente encontrara o caminho que queria seguir na fotografia. Naquela altura a palavra fotojornalismo ainda não havia sido inventada, pelo que era uma fotógrafa de documentários.

Migrant Mother é a fotografia icónica que Lange tirou em 1936 a Florence Owens Thompson (nascida Florence Leona Christie [ 1903-1983]. Em dezembro de 1935, Lange divorcia-se de Dixon e casa com o economista Paul Scuster Taylor, professor de economia da Universidade da Califórnia em Berkeley. Durante os cinco anos seguintes viajaram juntos pela costa da Califórnia e também pelo Centro-Oeste, documentando a pobreza rural e a exploração de comerciantes e trabalhadores migrantes. Enquanto Taylor colhe dados económicos, entrevistando muitas pessoas, Lange fotografa as pessoas e distribui-as gratuitamente pelos jornais de todo o país. As imagens são pungentes. Lange torna-se rapidamente famosa de um dia para o outro. E a Migrant Mother é um desses trabalhos de Lange que se torna um ícone. De volta a casa, Lange contacta um editor de um jornal de São Francisco, descrevendo-lhe as condições em que essas pessoas viviam. Cede-lhe duas das suas fotografias, e o editor, falando diretamente com as autoridades federais, publica um artigo com aquelas imagens. E o governo, finalmente toma consciência da gravidade da situação, e trata de socorrer toda aquela gente da fome. 



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