O princípio da incerteza é um dos aspectos mais conhecidos da física do século XX e é comummente apresentado como um exemplo claro de como a mecânica quântica se diferencia das premissas elementares das teorias físicas clássicas. Isso porque na mecânica clássica quando conhecemos as condições iniciais conseguimos com precisão determinar o movimento e a posição dos corpos de forma simultânea. Ainda que o princípio da incerteza tenha a sua validade restrita ao nível subatómico, ao inserir valores como indeterminação e probabilidade no campo da experiência, tal princípio constitui uma transformação epistemológica fundamental para a ciência.
O Princípio da Incerteza de Heisenberg é um dos pilares da mecânica quântica. É em função dele que muito dos fenómenos peculiares e exclusivos da mecânica quântica acontecem. Um dos aspectos que reside no coração do princípio da incerteza é a questão probabilística da mecânica quântica, cuja incidência incomodava profundamente Einstein e desafiava o determinismo.
Em 1926, Schrödinger publica a famosa equação que estabelece as bases da mecânica quântica. E Heisenberg teve de esperar um pouco para que os seus pares pudessem respirar. Após as duas formulações terem sido estabelecidas, a física das partículas teve uma rápida evolução, com o envolvimento de cientistas como Paul Dirac e Pascual Jordan. Em 1927, Heisenberg estava debruçado sobre o que se havia estabelecido na mecânica quântica. Foi neste período que o físico notou que partículas na escala atómica mantêm segredos inacessíveis.
Para se observar uma partícula (como um electrão), o acto de medição irá perturbar o estado do electrão. Para que se possa detectar a partícula, é necessário incidir sobre ela alguma forma de radiação (como fotões, por exemplo). Ao atingirem o electrão, os fotões transferem o seu momento linear, de modo a actuarem como uma “bala” impactando o electrão. O sistema foi então alterado do seu estado inicial somente pela acção da medição. Há, porém, uma forma aparente de se minimizar o efeito da perturbação: basta utilizar fotões de comprimentos de onda maiores que possuem energia menor e, portanto, alteram menos o estado do electrão. Todavia, ao se utilizar comprimentos de onda maiores, a precisão da medição da posição do electrão será diminuída. Este é o chamado “efeito do observador”. Todavia, o princípio da incerteza não se limita a tal efeito.
É natural que se tente aperfeiçoar uma experiência de modo a que não haja alteração significativa no estado inicial do electrão e que a medição da posição deste não seja comprometida. Mas, não vale a pena tentar, porque não se consegue. Parece haver um limite fundamental no quão fundo podemos entender a estrutura do universo. O princípio da incerteza é mais fundamental do que se possa pensar.
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