quarta-feira, 15 de julho de 2020

Um certo estado nas Academias de marxistas activistas


Num estudo de 2006 sobre as universidades dos Estados Unidos, 18% do corpo docente de ciências sociais e humanas identificava-se como marxista; 21% concordavam serem apelidadas de activistas, e 24% de radicais. Estes intelectuais absorveram a sua noção de cultura como força hegemónica, cujo controlo é pelo menos tão importante como o controlo das classes trabalhadoras. Inspirados sempre nos mesmos pensadores de referência como Michel Foucault, Gilles Deleuze e Gramsci, só para citar três, criaram cursos com nomes como “estudos queer”, “estudos de mulheres”, “estudos dos negros” e outros, cujo objetivo tinha como missão desconstruir. Desconstruir tudo o que na tradição patriarcal da biologia tinha o cunho da  certeza, como a existência de dois sexos fixos, em vez de géneros; género humano em vez de espécie humana. E depois de tudo arrasado, construir de novo com conceitos como: “o género não é real, mas sim uma construção social”. Tanto o masculino como o feminino são pressupostos culturais.

Peggy McIntosh é uma dessas académicas, hoje com 86 anos de idade. Em 1988, publicou White Privilege: Unpacking the Invisible Knapsack. Neste trabalho McIntosh enumera cinquenta coisas que afirma ver como os efeitos diários do privilégio branco. McIntosh não é contra o poder, mas que o poder seja redistribuído de maneira diferente.



Peggy McIntosh é uma feminista americana, activista anti-racismo, estudiosa, palestrante e cientista sénior de pesquisa do Wellesley Centers for Women. Ela é a fundadora do Projeto Nacional SEED sobre Currículo Inclusivo, em que acautela a equidade e a diversidade educativa. Com Emily Style co-dirigiram o SEED pelos seus primeiros vinte e cinco anos. Ela escreveu sobre revisão curricular, sentimentos de fraude, hierarquias na educação e na sociedade e desenvolvimento profissional de professores.

McIntosh foi destaque em " Mirrors of Privilege: Making Whiteness Visible", um documentário produzido pela World Trust, revelando "o que geralmente é exigido das pessoas para passar pelos estágios de negação, defesa, culpa, medo e vergonha de assumir um sólido compromisso com o fim da injustiça racial ".

Esta análise, e a sua versão mais curta: Privilégio Branco, Desembalar a Mochila Invisível" (1989), foi pioneira na colocação da dimensão do privilégio nas discussões de poder, género, raça, classe e sexualidade nos Estados Unidos. Ambos os artigos se baseiam em exemplos pessoais de vantagens não obtidas que McIntosh diz que experimentou em sua vida, especialmente de 1970 a 1988. McIntosh incentiva os indivíduos a reflectir e reconhecer as suas próprias vantagens e desvantagens não aprendidas como partes de sistemas imensos e sobrepostos de poder. Seu livro recente, Sobre privilégio, fraude e ensino como aprendizagem: ensaios selecionados 1981-2019, é uma coleção dos seus ensaios publicados ao longo da sua carreira.

É claro que de vez em quando, alguns académicos das chamas ciências mais duras – físicos e biólogos, ou filósofos como Peter Boghossian – gostam de pregar as suas partidas aos académicos sociais do outro lado da rua, com embustes enviados às suas revistas mais queridas. Artigos com um palavreado a gosto dos sociais, mas tudo falso, só para provocar. Então, em 2017, Peter Boghossian e James Lindsay enviaram para publicação numa revista da área dos sociais um artigo que propunha o seguinte: “O pénis em relação à masculinidade é uma construção incoerente. Argumentamos que o pénis conceptual é mais bem compreendido não como um órgão anatómico, mas como uma altamente fluida construção socialde desempenho de género”. E o artigo foi aceite e publicado num boletim académico chamado Cogent Social Sciences. 




Quando os autores admitiram o seu embuste, o boletim em questão retirou a publicação. Mas os mesmos autores repetiram a gracinha no ano seguinte noutras publicações académicas, e o resultado foi o mesmo. Caíram como patinhos. Claro que os académicos que se sentiram gozados fizeram tudo para que Peter Boghossiam fosse expulso da universidade.

Ora, pelos vistos, não havia nada que não pudesse ser dito, estudado e afirmado, desde que se encaixasse nas teorias ou presunções pré-existentes dos campos relevantes e se utilizasse a sua linguagem idiossincrática como: "vivermos numa sociedade patriarcal; cultura de violação; cultura homofóbica, transfóbica e racista; desde que acusassem a sua própria sociedade branca e propagassem a sua admiração por qualquer outra". O que estes autores embusteiros quiseram chamar a atenção foi para o facto de instituições financiadas com dinheiros públicos tivessem permitido durante décadas estudos de todas as qualidades e feitios duvidosos. E pior do que isso, os seus frutos terem-se espalhado para fora das academias provocando os efeitos mais perversos ao nível das pessoas comuns, que a leste das diatribes de académicos muito orgulhosos do seu activismo, por causas fracturantes, iam sendo orientadas nos consultórios de psicólogos americanos. Por exemplo, dizendo coisas do género aos rapazes: “que percebessem que o seu género era performativo e não natural. E assim poderiam ter um papel mais participativo nas actividades de justiça social, reduzindo as suas atitudes sexistas, maxistas e patriarcais.


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